01/12/2019

Sobre a Arquitetura do Construir Nosso Natal Interno (a prática das artes e do ofício)

por Jonas Taucci

Para uma parte da humanidade o Natal representa a troca de presentes, a alimentação numa ceia farta, árvores e enfeites de natal. Para outras, as (unicamente) informações religiosas, espirituais ou esotéricas.

O fiel aspirante Rosacruz não se enquadra em nenhuma delas!

Esta data evoca o nascimento de Jesus, que cederia seus corpos Denso e Vital para que Cristo aqui estivesse, promulgando assim seu evangelho de amor. Celebramos também – todos os anos – a visita deste mais alto iniciado do Período Solar, o Arcanjo Cristo, auxiliando a humanidade em sua jornada evolutiva.

O Natal assinala o acontecimento anual mais vital para toda a humanidade (Ritual Rosacruz de Dezembro – clique aqui), saibamo-lo ou não. Nossa Sede Mundial nos informa para oficiarmos este Ritual, este ano de 2.019, no dia 20 de dezembro.

Daí a noite de Natal, constituir-se na noite mais santa do ano (Ritual Rosacruz de Natal – cliqueaqui), sendo importante sua leitura e meditação, à meia noite do dia 24 de dezembro, ou próximo a este horário.

Nos – aproximadamente – três anos em que esteve fisicamente conosco, Cristo nos deixou ensinamentos que constituem-se na (literalmente) última palavra em avanço espiritual à humanidade.

Astrologicamente (Elmam Bacher, Estudos de Astrologia – Volume V), a observância do Natal está impressa em nosso Tema Natal (horóscopo), em duas Casas Zodiacais:

*** 11ª Casa - Aquário – Urano – O amigo. Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando (João 15:14).

*** 12ª Casa – Piscis – Netuno – A redenção. Aumenta meu amor por ti, Senhor, para que eu possa servir-te melhor cada dia que passa. Faze que as minhas palavras e os ditames do meu coração sejam sempre agradáveis à Tua presença, ó Senhor, minha força e meu Redentor (Oração do Estudante Rosacruz).

Aqui, a sugestão para verificarmos como estão estas nossas Casas Zodiacais:

1) Quais signos estão em suas cúspides.

2) Quais planetas e aspectos estão nestas Casas.

E realizarmos uma seríssima reflexão destas informações, aliadas à tão sublime e pouco praticada mensagem do Anjo, quando do nascimento de Jesus:
O Natal representa as aspirações espirituais mais profundas aqui na Terra; o ponto focal  para a expressão do amor para com  nossos semelhantes.

Uma pergunta importante a cada um de nós:

- Não estaríamos apenas sendo um reservatório de informações dos ENSINAMENTOS DA SABEDORIA OCIDENTAL ?

Não há outra forma de celebrarmos - internamente - o Natal, pulando etapas, onde as principais constituem-se:

- Pessoas chorando, sem terem quem enxuguem suas lágrimas.

- Enfermos em hospitais, casas e ruas, onde ninguém as visitam ou prestam quaisquer tipos de auxílio.

- Maltrapilhos aguardando um agasalho.

- Famintos à espera de um alimento.

- Gemidos solitários de dores (físicas e emocionais), de desassistidos em busca de uma palavra amiga, um abraço e apoio fraterno.

Max Heindel (Iniciação Antiga e Moderna – capítulo II - O altar de bronze e o lavabo), nos fala: “... não é o Cristo externo que salva, mas o Cristo Interno”, e isto adquire-se apenas e tão somente praticando o que ELE nos exorta.

Com certeza existem no mundo pessoas:

*** Muito mais próximas do nascimento de seu Cristo Interno, desconhecendo informações espirituais, contudo praticam um “Natal Interno” diariamente.

*** Outras passam a vida toda (ou várias delas), debruçadas em livros, palestras, artigos etc. mas longe de vivenciarem o que estudam. Perderam a lucidez e tornaram-se embriagadas pelo conhecimento.

Não existe a menor possibilidade de desabrocharmos nossas “sete rosas internas”, apenas coletando informações. Assim, a saudação para as rosas florescerem na cruz de nossos semelhantes, jamais encontrará ressonância (palavra aquariana).

Celebramos, escrevemos e lemos sobre o Natal, proferimos e ouvimos palestras sobre o Natal, mas VIVEMOS O NATAL (todos os dias do ano) praticando o que Cristo nos ensinou?

Artigo baseado numa conferência pública realizada na biblioteca municipal da cidade de Santo André (São Paulo – Brasil), em dezembro de 1.988, onde várias religiões, filosofias e doutrinas expuseram seus respectivos ensinamentos a respeito do natal.

A Fraternidade Rosacruz, se fez presente.

28/11/2019

O Maior Benefício da Gratidão


"Quando termina a existência purgatorial, o espírito purificado ascende ao Primeiro Céu...

...  Aqui o panorama do passado se desenrola de novo para trás, mas então são as boas obras da vida a base dos sentimentos. Ao chegarmos às cenas em que ajudamos a outrem, viveremos de novo toda a alegria que isto nos proporcionou, como também sentiremos toda a gratidão emitida por aqueles a quem ajudamos.

Quando contemplamos de novo as cenas em que fomos ajudados por outros, voltamos a sentir toda a gratidão que emitimos ao nosso benfeitor. Deste modo vemos a importância de apreciar os favores com que outros nos cumularam, porque a gratidão produz crescimento anímico. Nossa felicidade no céu depende da felicidade que tenhamos proporcionado a outros, e do valor que demos àquilo que outros fizeram por nós.

Deve-se sempre recordar que o poder de dar não pertence exclusivamente ao homem rico. Dar dinheiro sem discernimento pode ser até um mal. É um bem dar dinheiro para um propósito que consideremos benéfico, porém um serviço prestado vale mil vezes mais. Como disse Whitman:

"Vede! Não me limito a simples preleções ou a esmolas dar;
Quando dou alguma coisa, a mim mesmo vou-me dar".

Max Heindel, Conceito Rosacruz do Cosmos, Cap. III, subt.: O Primeiro Céu

13/10/2019

A CARTA DA INICIAÇÃO

por Jonas Taucci
Deveria ter 14 ou 15 anos, quando minha avó – russa – pediu-me para postar uma carta no correio, endereçada a seu irmão que residia naquele país. Disse-me:

- Em cerca de 20 dias, chegará a seu destino; tempo necessário para que ele receba minhas felicitações pelo seu aniversário.

Estes tempos passaram. Hoje – via redes sociais, áudio e vídeo – mantenho contato meus parentes na Rússia em tempo real.

Mahatma Gandhi (1.869 – 1.948), disse certa vez, que se tudo o que já tenha sido escrito sobre espiritualidade fosse apagado e restasse “apenas” as Bem-aventuranças proferidas por Cristo, nada estaria perdido.

Tal é a profundidade destas nove (o número da humanidade) admoestações de Cristo (Evangelho de Mateus, capítulo 5), que são intituladas como “A CARTA DA INICIAÇÃO – DEGRAUS DO CAMINHO PARA O REINO DO CÉU , num artigo da revista Rays from the Rose Cross, Oceanside (setembro de 1.984). 

Afirma este texto, que  sua praticidade, em algum momento de nossa existência – presente ou futura – nos levará às esferas elevadas de espiritualidade.

Em consonância a este artigo de nossa Sede Mundial, há um trabalho realizado pelo irmão probacionista Roberto Gomes da Costa, da cidade do Rio de Janeiro, Brasil, que compilou cada “Bem aventurança” à luz dos dizeres de Max Heindel, fundador da Fraternidade Rosacruz, e também com as obras de Corinne Heline (livro Interpretações bíblicas da Nova Era) e John P. Scott (livro Interpretações esotéricas dos quatro evangelhos). Ambos foram membros da Fraternidade Rosacruz.

Vou tentar – resumidamente – descrever esta compilação, com algum breve comentário. Observemos que cada uma das Bem Aventuranças, relaciona-se com uma determinada Hierarquia Planetária. Associemos os dizeres de cada uma destas Bem aventuranças e seus respectivos planetas, com a  casa zodiacal por eles localizados em nosso tema natal (horóscopo).

Teremos assim, uma OBRA ALQUÍMICA para toda a humanidade, contudo obedecendo a individuação de cada um, pois os planetas estarão em casas diferentes para cada pessoa.


Importantíssimo ressaltar que apenas o conhecimento disto, terá o mesmo efeito de enviarmos uma carta - via correio - a um dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz, solicitando a iniciação: NULO.

A PRATICIDADE será (sem trocadilho) o “selo” para se alcançar o destinatário (nosso Cristo Interno).

1) Bem aventurado os humildes de espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Hierarquia Planetária de Mercúrio. Os humildes são aqueles que levam uma vida despojada de todas formas de vaidades adquiridas na Terra; intelectual, financeira etc. e  auxiliam os semelhantes, sabedores que isto representa um caminho ao resplendor dos planos superiores.

2) Bem aventurados os que choram, porque serão consolados. Hierarquia de Vênus. As dificuldades encontradas pelo aspirante em sua jornada evolutiva. Serão abençoados pelo trabalho realizado.

3) Bem aventurados os mansos, porque herdarão a Terra. Hierarquia Planetária da Lua. Quem estuda os Ensinamentos Rosacruz, sabe que as condições da Terra irão – com o passar do tempo – receber mais LUZ CRÍSTISICA, sendo esta Terra a que nós herdaremos. A mansidão (harmonia) interna de cada um de nós, e o reconhecimento de que somos todos pertencentes à onda de vida dos Espíritos Virginais. 

4) Bem aventurados os que tem fome e sede de justiça, porque serão fartos. Hierarquia Planetária de Urano. A sublimação de paixão em compaixão, egoísmo em altruísmo, conhecimento em sabedoria. Servir a divina essência oculta em cada semelhante.

5) Bem aventurado os misericordiosos,  porque alcançarão misericórdia. Hierarquia Planetária de Júpiter. O esforço humano em imitar Cristo. É comum associamos a Lei de causa e efeito somente às expiações de nossos erros, mas esta lei opera também na retribuição do bem praticado, o que ocorre no Primeiro Céu após nossa morte. Sejamos benevolentes (misericordiosos) com nossos irmãos.

6) Bem aventurado os puros de coração, porque verão a Deus. Hierarquia Planetária de Marte.  À época dos referidos escritos dos srs. Heindel, Scott e sra. Heline, o planeta Plutão não havia sido descoberto, cabendo a Marte ser o (único) regente do signo de Escorpião. Aqui, a lição da regeneração interna; não poderemos desabrochar nosso Cristo Interno se não desenvolvermos os
atributos do amor, verdade e pureza, uma obra alquímica que devemos realizar em nosso íntimo.

7) Bem aventurado os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus. Hierarquia Planetária do Sol. A erradicação do orgulho material, intelectual, espiritual etc.  de nossas vidas, contribuirá para a paz (pacificação) interna.

8) Bem aventurado os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. Hierarquia Planetária de Saturno. Estarmos no mundo sem a ele pertencermos. Quando adotamos um regime vegetariano, sem álcool, cigarros
e drogas, conjugados por um sentimento e prática de auxiliar os necessitados, muitas vezes somos colocados “à margem da sociedade”.
O caminho torna-se assim, tão fino como o fio de uma navalha, contudo a coroa de espinhos irá se tornar um halo de luz após a iniciação.

9) Bem aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem  vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós. Regozijai-vos e
exultai, porque é grande vosso galardão nos Céus, pois assim perseguiram os profetas que viveram antes de vós.  Hierarquia Planetária de Netuno.
Quanto mais alto aspiramos e praticamos a espiritualidade, mais seremos alvos de duras críticas. Nosso (ainda em formação) Cristo Interno sofrerá sem dúvidas enormes “flagelos” e será “crucificado”. Se formos persistentes no trabalho alquímico interno , haverá a “ressurreição” (iniciação).

Como estão nossos “selos, envelopes, cartas, agências do correio e destinatário” ?

01/09/2019

Os Ensinamentos Rosacruzes e a Padaria

por Jonas Taucci
Frequento – diariamente – uma padaria localizada próxima de onde moro: ótima em tudo o que faz, geralmente sempre está com capacidade máxima de pessoas em seu (vasto) interior.

Dia desses, encontrei neste local, um casal de amigos que não via desde a muito tempo.  Lhes disse já estarmos no segundo semestre deste ano; o tempo passa célere.

O comentário de meu amigo a isto, foi:

- Quando entendermos que não é apenas um segundo semestre que estamos vivenciando, mas um primeiro semestre que já passou em nossas vidas, iremos – se tivermos uma maturidade espiritual para isso – valorizar o que realmente importa nesta presente existência na Terra, e descartar o que é supérfluo.  

Lembrei-me do livro Filosofia Rosacruz em P&R - volume I - de Max Heindel, pergunta # 15, onde pergunta-se:

- Quando um homem paga aqui suas dívidas, cuida de sua família e vive uma vida honrada, não estará em excelentes condições no outro mundo? 

O Sr. Heindel é objetivo na resposta: NÃO. E prossegue:

O objetivo de nossa estadia aqui na Terra, não deve ser entendido como apenas estes itens, ainda que sejam louváveis: há que se cultivar o altruísmo.

Se formos honestos com nossos semelhantes, feito doações generosas e termos até mesmo construído uma igreja, se não tivermos realizado estes atos com o coração, tornam-se inúteis. Somente quando damos por amor, é que a dádiva nos trará felicidades no outro mundo; não é o valor que damos, mas o espírito que acompanha o ato, é que importa, continua Max Heindel.

E enumera algumas atitudes a serem praticadas:

*** Manifestar verdadeira amizade.

*** Auxiliar as pessoas a terem fé em si mesmas.

*** Colaborar para que se reergam – com novo ânimo – após uma dura queda.

*** Doar-se à serviço da humanidade.

E conclui Max Heindel, dizendo que se a pessoas que formulou a pergunta (# 15 do livro citado), não tiver agido por amor, não estará bem após a morte; sofrerá uma terrível monotonia que o ensinará a preencher a sua vida com algo que tenha real valor; assim em vidas futuras, a sua consciência o estimulará a realizar coisas melhores do que ganhar dinheiro.

O casal de amigos e eu mudamos de assunto, e desta vez falamos sobre os patês maravilhosos que esta padaria confecciona.

Dias depois, lhes enviei uma receita extraída do livro “Cozinha Vegetariana”, que segue abaixo.

Este livro – com mais de 600 receitas (salgadas e doces), -  é de autoria de dedicados irmãos e irmãs da Fraternidade Rosacruz, Sede Central do Brasil e outros Centros, que em 1.981 o escreveram e publicaram (sem trocadilho...) deliciosamente.

Inúmeros de seus exemplares foram presenteados a vários restaurantes vegetarianos na cidade de São Paulo, perfazendo assim uma enorme divulgação dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental à época.


PATÊ FÁCIL DE ESPINAFRE (mais receitas vegetarianas aqui)

INGREDIENTES – 1 maço de espinafre, 2 colheres de manteiga, alho, cebola, 2 gemas, 2 colheres de azeite, cheiro verde e sal do Himalaia.

PREPARO – Depois dos espinafres bem lavados, cozinhe-os sem água em fogo brando. Escorra o líquido e corte-os extremamente miúdos. Doure as cebolas e o alho na manteiga. Junte-os aos espinafres, com o cheiro verde e deixe refogar mais uns minutos com as gemas. Tempere com sal a gosto e azeite.

Dei – ainda – a este casal de amigos, duas sugestões:

1) passar este patê no pão integral de forma, e enfeitar com palmito e tomates em rodelas.
2) convidar-me para a degustação.

Fui atendido em ambos itens, e no segundo levei a sobremesa; sua receita fica para outro texto...

23/07/2019

RECORDANDO...


Entre todos os tributos à Max Heindel dos quais tenho tomado conhecimento, uma das frases que me chamou a atenção foi a de Francis Lion quando disse:

“Modestamente ele se afastava daqueles que o procuravam apenas levados pela curiosidade, mas estava sempre atento àqueles que necessitavam de assistência, sendo nesses casos sempre bondoso, protetor e forte amparo, ensinando-nos assim, a servir através do próprio exemplo. ”

Não só o exemplo aqui transparece, mas também a coerência que firmemente Max Heindel mantinha com relação à máxima fundamental dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental como ele próprio afirma em sua carta aos estudantes de janeiro de 1917, quando ensina que “todo desenvolvimento oculto começa no corpo vital”.

Em nada de sua literatura e ensinamentos esboça-se a valorização do apelo à curiosidade, aos fenômenos, ou ao conhecimento pelo conhecimento, o que também me faz lembrar a frase mais repetida nas reuniões devocionais aos domingos, no Centro da Fraternidade Rosacruz em São Paulo, que deixo registrada na imagem acima.

Outros tributos a Max Heindel:

14/07/2019

A Saúde e o Desenvolvimento Espiritual

Pergunta: 
Sendo um corpo sadio necessário para o desenvolvimento espiritual, o que oferecem os Ensinamentos Rosacruzes a alguém que não esteja em perfeitas condições físicas no presente momento? Será a saúde perfeita o resultado do estudo desta filosofia? Se o ensinamento for praticado, proporcionará uma boa saúde à pessoa?

Resposta: O consulente começa com um equívoco, isto é, que um corpo sadio é necessário ao verdadeiro desenvolvimento espiritual. Esqueceu, também, a diferença entre “sadio e “sensível”. Muitas pessoas com pouco desenvolvimento têm um corpo físico dos mais sadios e saudáveis, mas não são sensíveis às vibrações espirituais. Uma ilustração elucidará isso: O autor possuiu um despertador, um relógio barato, já há um certo número de anos. Muitas vezes foi colocado e comprimido numa grande mala manipulada por carregadores, porteiros, etc., de uma maneira excessivamente descuidada, assim mesmo, ao ser tirado da mala depois de todos os solavancos e do mau trato, funcionava ainda marcando as horas, isto é, se a pessoa não se importar com uma variação de alguns minutos para frente ou para trás. Tal relógio é resistente e sólido, mas não exato.

Por outro lado, um cronômetro usado a bordo dos navios é um relógio excessivamente delicado. Repousa sobre uma balança que o mantém numa posição horizontal e é compensado ao mínimo movimento do navio para que possa funcionar perfeitamente, pois, muitas vezes, milhares de vidas dependem da extrema precisão desse instrumento. Um capitão que se lança a navegar no oceano, sabe a que distância está na direção leste ou oeste de Greenwich, Inglaterra, através desse relógio preciso o cronômetro. Ao calcular a diferença entre o horário do meio dia no local onde se encontra e o tempo marcado pelo cronômetro, possui um critério concreto da sua localização, um critério ao qual ele confia a vida de todos os seus passageiros e os milhões de dólares que valem a propriedade que está sob seus cuidados. Uma comparação entre o cronômetro sensível e o despertador impreciso e disponível, ilustra a diferença entre “sensível” e “sólido”.

À medida que entendemos as filosofias mais elevadas e que vivemos a vida ensinada por elas, o nosso corpo torna-se extremamente sensível e deve receber mais cuidados que o corpo de um hindu ou de um negro nos desertos da África. Eles não têm um sistema nervoso delicadamente organizado como o da raça branca. Os que estão interessados nas linhas do desenvolvimento espiritual encontram-se particularmente tensos; portanto, à medida que progredimos, torna-se necessário cuidar cada vez mais deste instrumento. Aprendemos também as leis da sua natureza e como adaptar-nos a elas. Se aplicarmos o nosso conhecimento, é possível manter um instrumento sensível e conservá-lo em saúde relativa.

Há casos, no entanto, em que uma doença é necessária para causar certas mudanças no corpo, que são precursoras de um grau mais elevado no desenvolvimento espiritual e, sob tais condições, a doença torna-se uma bênção e não uma maldição. Podemos dizer que o estudo da mais alta filosofia tenderá sempre a melhorar a saúde de alguém, porque “conhecimento é poder”, e quanto mais soubermos, mais capazes seremos de enfrentar todas as condições, contanto que ponhamos o nosso conhecimento em prática e vivamos a vida, Não sejamos meros ouvintes da palavra, mas agentes também, pois nenhum ensinamento nos beneficiará se não estiver integrado nas nossas vidas diárias.


Max Heindel em "A Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas - vol. I, perg. 144

O AMOR E O MEDO

 

O capítulo 6 do Evangelho de Mateus encanta-nos pela atualidade de sua mensagem. Nunca o homem andou tão ansioso como agora. Nunca ansiedade sobressaltou tanto a alma como nesses primeiros tempos do Terceiro Milênio.

No âmago da questão encontramos o temor de que as necessidades básicas da humanidade não sejam atendidas.

Em última análise, todos os sentimentos humanos podem se resumir em dois pontos: amor e medo. Entre um e outro trava- se a luta pelo equilíbrio emocional e espiritual que tanto bem nos faz.

A grafita é a mesma substância, quimicamente, que o diamante, apesar da aparência diferente. Diz-se que são formas alotrópicas do carbono. Alegria, motivação, sensação de êxito, realização, apreciação da arte, coragem, são formas alotrópicas do amor.

O amor é construtivo, ele faz o corpo, prolonga a vida, traz inspiração, abre caminhos em mil direções, encoraja, supera qualquer obstáculo.

O medo destrói o corpo, bloqueia a inspiração, provoca o ressentimento, a prepotência, a timidez, o egoísmo e a insegurança.

O amor é uma força harmonizadora: “aquietai-vos e sabei que sou Deus”, canta o salmista. Para nos livrarmos definitivamente do medo, necessitamos de uma visão objetiva de nós mesmos, descobrindo e conhecendo nossa verdadeira identidade. Quem somos nós? Alguma vez já nos fizemos essa pergunta? Provavelmente poucos, pois muitos confiam enganosamente em sua identidade material. Talvez respondam: sou brasileiro, casado, comerciante, residente à rua tal, número tal. Trata-se apenas de uma autoimagem.

O homem é assim um ser tão limitado? Não, o ser humano é parte da auto expressão de Deus. Deus canta uma canção e essa canção é o homem. Cumpri-nos, então, transformar a imagem limitada que vemos da Verdade gloriosa que conhecemos. E, essa verdade gloriosa não conhece o medo. É isso verdadeiro significado do Capítulo 6 de Mateus.

“ ...se você não crer em algo maior que si próprio, então não está vivendo, mas apenas existindo. Ser bem-sucedido depende do grau de crescimento. E você cresce na medida em que se torna uma pessoa mais sábia, mais útil e mais segura. Nós vivemos para aprender e por esse processo aprendemos a viver”. Manly P.Hall.

Publicado em ECOS da Fraternidade Rosacruz - Sede Central do Brasil. setembro, 2006

03/07/2019

COM A “PALAVRA”, A SABEDORIA


por Jonas Taucci
(PREAMBULO - Se formos a uma praia, e colocarmos um punhado de água na palma de uma de nossas mãos em forma de concha, estaremos vendo nesta quantidade de água marítima – metaforicamente – a vida. Todo os oceanos e mares do mundo, representam a VIDA).

Max Heindel (Conceito Rosacruz do Cosmos – capítulo V -  A relação do homem com Deus - diagrama 06 - veja abaixo), nos fala que no mundo mais elevado do 7º Plano Cósmico, habita o Deus de nosso Sistema Solar e os Deuses de todos os outros sistemas solares do universo, estes grandes Seres também são de manifestação tríplice, semelhantemente ao Ser Supremo. Seus três aspectos são:

1) Vontade.
2) Sabedoria.
3) Atividade.

Evidente, estes três atributos estarem “adormecidos” em nosso interior, e num longínquo dia no futuro, serão despertados

Falemos sobre a Sabedoria.

Esta, não deve ser – de forma alguma – estar associada à conhecimento, aquisição de informações, por mais profundas que possam ser, de qualquer religião, seita, doutrina, filosofia etc.  Trata-se aqui de colocar à serviço da humanidade, o que – na literatura, palestras, textos etc. – aprendemos (muitas vezes apenas “decoramos”).

O Sr. Heindel, nos alerta do perigo que possa residir no (simples) conhecimento. A acomodação alicerçada no “Eu sei, logo (espiritualmente) evoluo”. A sabedoria não está associada em absolutamente nada exterior, constitui-se num dos três sagrados atributos descritos acima, conquistado apenas pelas nossas ATITUDES: o trabalho do dia a dia, e principalmente em nossos relacionamentos com os semelhantes.

A passagem do livro de Provérbios (08: 22 a 36), abaixo, nos dá uma dimensão extraordinária sobre o que realmente representa a SABEDORIA; trata-se exatamente de sua voz, sua “palavra”, ecoando em todo nosso ser, através de nossas inúmeras existências aqui na Terra.   

Leiamos, da forma como se nosso - particular - Cristo Interno (SABEDORIA), estivesse se dirigindo a cada um de nós.

" O Senhor me criou como o princípio de seu caminho, antes das suas obras mais antigas; fui formada desde a eternidade, desde o princípio, antes de existir a terra.

Nasci quando ainda não havia abismos, quando não existiam fontes de 
águas; antes de serem estabelecidos os montes e de existirem colinas, eu nasci.

Ele ainda não havia feito a terra, nem os campos, nem o pó com o qual formou o mundo.

Quando ele estabeleceu os céus, lá estava eu, quando traçou o horizonte sobre a superfície do abismo, quando colocou as nuvens em cima e construiu as fontes do abismo,quando determinou as fronteiras do mar para que as águas não violassem a sua ordem, quando marcou os limites dos alicerces da terra, eu estava ao seu lado, e era o seu arquiteto; dia a dia eu era o seu prazer e me alegrava continuamente com a sua presença.

Eu me alegrava com o mundo que ele criou, e a humanidade me dava alegria.

Ouçam-me agora, meus filhos: Como são felizes os que guardam os meus caminhos!

Ouçam a minha instrução, e serão sábios. Não a desprezem.

Como é feliz o homem que me ouve, vigiando diariamente à minha porta, esperando junto às portas da minha casa.

Pois todo aquele que me encontra, encontra a vida e recebe o favor do Senhor.

Mas aquele que de mim se afasta, a si mesmo se agride; todos os que me odeiam amam a morte".

Estamos apenas decorando os Ensinamentos Rosacruzes, ou praticando SABEDORIA?

02/06/2019

“POR QUE AMAMOS CACHORROS, COMEMOS PORCOS E VESTIMOS VACAS”

por Jonas Taucci
Recentemente fui convidado a realizar uma (gratuita) palestra, em certa associação de proteção aos animais, nesta cidade de São Paulo (Brasil).

Enalteci o trabalho realizado por esta associação, e as demais que cuidam e orientam neste sentido, ressaltando que - do ponto de vista rosacruz - os animais constituem-se numa onda de vida, possuindo os corpos denso, vital e de desejos.

Também disse sobre o avanço nas últimas décadas - através de ONGs e trabalho voluntário - do cuidado aos animais. Quase ao final da palestra, perguntei aos presentes (cerca de 120 pessoas), quem adotou em sua vida o regime alimentar isento de carnes.

Apenas cinco pessoas!

Inqueri não ser uma incoerência defender certos animais, alimentar-se de outros, e utilizar utensílios, adornos etc. de penas e couro. Ofereci a sugestão de leitura, do livro o qual nomeei este artigo (autoria de Melanie Joy, editora Cultrix, 198 páginas).

Melanie é ativista em defesa dos animais, e cunhou a palavra carnismo, que descreve a terrível (e também financeira) produção e consumo da carne.

Nesta obra, a autora, diferente de outros livros que defendem o vegetarianismo, nos relata porque – tragicamente - a humanidade utiliza a carne como alimento, e como podemos fazer opções mais conscientes. 

Mas a humanidade caminha(!) de incoerência pós outra, havendo outras mais graves.

A 1ª Epístola de João, 04:20 (o mais identificado dos doze discípulos de Cristo, com os Ensinamentos Rosacruzes), nos fala, da frase mais impactante de toda a história da humanidade, no meu modo de entender.  Lemos:

 
Estas palavras de João, foram inseridas no Ritual Rosacruz do Serviço do Templo, devendo ser vivenciadas por todos aqueles que desejam realizar um trabalho alquímico, que nos levará ao nascimento de nosso Cristo Interno.

Na condição de um alto iniciado, e ter sido o discípulo amado de Cristo, podemos dimensionar a estatura espiritual de sua sabedoria. Apenas o conhecimento dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, ainda que largamente, não nos fará avançar a esferas elevadas da espiritualidade; somente a sua persistente aplicação, diariamente, alcança este intento.

Como andam nossas incoerências?



(Poema de Ella Wheller Wilcox, americana, tendo vivido entre 1.850 a 1.919, citada na literatura rosacruz, e atualmente na defensoria dos animais por muitas associações e ONGs).

26/05/2019

A Única Salvação é o Conhecimento Aplicado


A preocupação dominante nas grandes metrópoles é encontrar meios de humaniza-las. Nos vastos centros urbanos emergem as mais contraditórias paisagens, os mais chocantes contrastes, os mais intricados e aparentemente insolúveis problemas. Por suposto, seus reflexos fazem-se sentir nas pessoas, traumatizando-as, neurotizando-as, gerando toda a sorte de enfermidades.

Deverá ser eternamente assim? Não haverá uma saída? Vejamos.

Se a vida nas palpitantes urbes apresenta uma série de inconvenientes, em contrapartida oferece uma gama valiosíssima de experiências, impossíveis de serem encontradas em outros lugares. A experiência traz consigo um conhecimento real, comprovado, não haurido livrescamente. A fonte maior dessas experiências é o relacionamento humano. Através do relacionamento promove-se um importante e rico intercâmbio de valores culturais, morais e espirituais. Só assim tomamos conhecimento e sentimos mais intimamente os problemas dos outros. O contato com os seres humanos faz-nos recordar sempre a humanidade existente dento de nós mesmos. Nós podemos prescindir disto, a menos que sejamos frios e duros blocos de concreto, como os que compõem a paisagem cinzenta das megalópoles.

Em o “Conceito Rosacruz do Cosmos” Max Heindel assinala que a “única salvação é o conhecimento aplicado”. Se a cidade grande enseja multivariadas experiências – e decorrente conhecimento – por que não aproveitamos as mesmas para humanizá-la, tornando-a um lugar aprazível, mais habitável? PODEMOS E DEVEMOS FAZÊ-LO.

O homem isolado é uma impossibilidade. Não podemos fugir à interdependência no relacionamento diário. Este enfatiza a necessidade e mar o próximo, mormente porque o próximo dos outros somos nós mesmo. A competição desenfreada, o temos de ser passado para trás, a pressa em fazer alguma coisa ou chegar a algum lugar, tão característicos dos grandes centros, promove uma angustia devoradora. Afinal o h homem é uma vítima da cidade, ou de si mesmo?

O ser humano descarrega sua insatisfação acusando uma cidade de ser desumana, quando, realmente, ele é que a torna assim pela sua vivencia egoísta. Nós a envolvemos com nossos sentimentos e pensamentos, e estes, em sentido coletivo, imprimem-lhe as características básicas, gerando inclusive seu destino. A cidade em que vivemos, é, de certo modo, uma soma do que somos. A menos que, pensemos e ajamos sempre visando o bem comum, continuaremos a fazer parte da “indesejável” paisagem do lugar em que vivemos.

Uma comunidade urbana é, em essência, algo maravilhoso. É o campo de evolução onde os seres humanos coexistem em torno de necessidades, de ideias e ideais. As experiências que ensejam devem, antes de mais nada, apurar a sensibilidade de seus habitantes em relação às suas belezas e aos anseios do próximo. A experiência deve conduzir o homem à maturidade. Mas, é mister identificar este termo no seu sentido mais profundo. “Alcançar a maturidade”, como definiu Weissman, não significa envelhecer. É passar da arrogância, cavadora de abismos, para a humanidade unificadora; da indiferença para o amor; da inveja para a gratidão; da insegurança para a tranquilidade. É aumentar em si os impulsos construtivos, livrando-se dos sentimentos destrutivos.

Assim a maturidade há de acompanhar a purificação de sentimentos, tornando-nos verdadeiramente cristãos na vida comunitária.

Amemos nossas cidades, amando e servindo seus habitantes.

Editorial da revista Serviço Rosacruz, maio de 1976

19/05/2019

A Gravitação Espiritual

por Gilberto Silos

Peter Russel, em sua obra O BURACO BRANCO NO TEMPO, faz uma interessante reflexão sobre a evolução da humanidade, estabelecendo um paralelo com a evolução de uma estrela. Afirma que nos dois casos há um padrão acelerado de desenvolvimento.

No caso de uma estrela, é a força da gravidade que mantém unida e coesa a matéria que a compõe. Já na raça humana, o que lhe garante a evolução espiritual é a busca de um estado interior mais pleno. Nossa mente gravita para a harmonia e paz interior.

A consciência da maioria dos seres humanos está mais voltada ao exterior, à conquista do mundo material, na busca obsessiva por tudo aquilo que ele pode lhes oferecer em termos de conforto e segurança. Isso lhes bloqueia a percepção do que realmente consiste nosso verdadeiro objetivo enquanto habitantes deste lindo planeta azul.

Mesmo sem perceber, gravitamos para o nosso próprio centro. Com o passar do tempo e ajuda das experiências que vivenciamos, torna-se claro que, no fundo, o que estamos procurando é paz interior e amor. É no recôndito do nosso ser que podemos encontrar a única segurança possível. E, quanto mais reconheçamos nosso real objetivo, com mais celeridade caminharemos em sua direção. Estamos nos tornando conscientes não apenas do mundo à nossa volta, mas também do mundo dentro de nós, da nossa realidade interna e da consciência que a ilumina.

Em alguns aspectos   podemos identificar pontos comuns entre gravidade e amor. A gravidade é a atração da massa para si mesma, uma força que atrai o Universo físico para sua unidade original. Por outro lado, o amor pode ser como uma atração da vida para si mesma, o desejo por uma união consciente com a nossa própria fonte, com a essência do que nós somos.

Para o visionário Buckminster Fuller, o amor é a gravidade da metafísica. É ele que nos inspira à reconexão com nosso estado original de ´´graça interior``, depois de peregrinarmos pelos escuros labirintos da vida. E, como o E.T. do maravilhoso filme de Spielberg, nós só queremos voltar ao nosso ponto de origem.

Somos filhos pródigos de nós mesmos.