28/04/2013

Observando A Nós Mesmos

por Gilberto Silos
Na carta nº 51, do livro “Cartas aos Estudantes”, Max Heindel esclarece que a palavra filosofia provém de dois vocábulos gregos: fila, que significa amor ou amigo, e Sofia, que quer dizer sabedoria. Assim, literalmente, filosofia quer dizer “amor à sabedoria”, embora para muitos, o termo possa ser interpretado como “desejo de conhecer”.

Há porém, uma grande diferença entre conhecimento e sabedoria. Sabedoria implica em amor, antes, durante e sempre, ao passo que o conhecimento pode ser empregado para os mais abomináveis propósitos.

O esoterista verdadeiro é suficientemente autocrítico para aceitar o título de filósofo. Ele conhece bem suas falhas de caráter e as fraquezas que o atormentam. A maioria das pessoas, contudo, não tem essa consciência objetiva de si mesmas. Via de regra alimentam ideias falsas e ilusórias a respeito de suas pretensas qualidades.

Robert Burns afirmou certa vez: “Oxalá tivéssemos o poder de nos enxergar como os outros nos enxergam”. Se nos observássemos como os olhos alheios, certamente perderíamos nosso próprio respeito e temeríamos encarar nossos semelhantes. Quão amargo seria dispor desse poder, ainda que por uma ligeira fração de tempo! Ficaríamos decepcionados conosco mesmos, mas talvez evitássemos criticar outras pessoas. Antes de verberarmos seus defeitos, quem sabe perceberíamos como nossa atitude é pouco fraterna, antifilosófica e desprovida de sabedoria.

O homem, por não enxergar a si próprio, age de forma extremamente maniqueísta em relação à vida, tudo rotulando, estabelecendo linhas divisórias muito rígidas entre aquilo que convencionou chamar de bem e de mal.

Lemos no Evangelho de São João, que certa noite os escribas e fariseus trouxeram à presença do Cristo uma mulher apanhada em adultério. Eles insistiram no seu apedrejamento porque assim mandava a lei de Moisés. Cristo, porém, inclinando-se, escrevia com o dedo na areia. Em dado momento endireitou-se e disse-lhes: “Aquele que dentre vós está sem pecado, seja o primeiro a atirar a pedra contra ela”. E, tornando-se a inclinar-se, escrevia na terra. Quando ouviram isto, saíram um a um, permanecendo apenas a mulher. E Cristo disse-lhe: “Ninguém te condenou?” Nem eu te condeno, “vai e não peques mais”.

Por que razão não condenaram a mulher adúltera? A resposta é simples: naquele momento ela lhes serviu de espelho. Isto é, quando lhe dirigiram o olhar, após as palavras do Cristo, viram-se a si mesmos, com todos os seus defeitos.

Robert Antony afirmou em uma de suas obras: “ser contra os outros é ser contra nós mesmos. A coisa mais corrupta que podemos fazer é julgar alguém. A pessoa de quem você se ressente ou critica é sempre você mesmo, porque todos nós somos um só”.

Na realidade tudo aquilo que abominamos nos outros encontra-se dentro de nós mesmos. Se recusamos admitir uma falha de caráter com muita veemência ela passa a viver na sombra da nossa consciência ou no inconsciente. Esse conceito foi desenvolvido por Carl Jung. Tudo o que o ser humano não quer e não gosta provém de sua própria sombra. Aqui no plano material tudo se manifesta em pares de opostos. E, como a polaridade tem de manifestar-se, todas as falhas que o homem recusa admitir como suas ele as projeta nos outros.

O ser humano projeta para fora aquilo que não quer ver em si mesmo. A lei da ressonância afirma que somente podemos entrar em contato com aquilo que vibramos.

Geralmente o ser humano demonstra uma tendência negativa de ocupar-se e preocupar-se com aquilo que rejeita. Ao fazê-lo aproxima-se tanto do princípio rejeitado que acaba por vivê-lo. Ao combater a violência, por exemplo, o homem pode tornar-se mais violento ainda. Eis porque o Cristo nos exortou: “não resistir ao mal, mas a vencer o mal com o bem”.

Ponderando sobre tudo isso, somos levados a admitir a importância do exercício de retrospecção como uma prática essencial ao nosso crescimento anímico. Somente através de uma visão objetiva de nós mesmos, que o exercício proporciona, poderemos transmutar nossas falhas de caráter em virtudes, em vez de apontarmos as supostas mazelas dos nossos semelhantes.
publicado no ECOS da Fraternidade Rosacruz-Sede Central do Brasil, março/abril, 1995 

22/04/2013

Leonardo Da Vinci, O Enciclopedista

por Delmar Domingos de Carvalho
 
Leonardo da Vinci, o enciclopedista,
Possuía, ou possui invulgares qualidades;
Este profundo espiritualista,
Que sofreu com inimizades.
 
Foi arquiteto, engenheiro, escultor;
Cartógrafo, físico, mecânico;
Geólogo, químico e botânico;
Pintor, músico e escritor!
 
Teve vários ofícios e artes
Em suas vidas anteriores;
Tiveram muitos espinhos e flores
Que sublimou em frutos inovadores.
 
Defendeu a vida, como rosacruciano,
Seja a do ser humano ou a do animal;
Foi um exemplar vegetariano
E um criador original.
 
 “Seu rosto era o cárcere do Amor”
Assim disse, o seu deus interno,
Foi um sábio, um homem sofredor,
Que vemos em seu rosto exterior…
  
Tua Sagrada Ceia, obra majestosa,
Foi alvo de oportunismo,
De gene muito perniciosa:
Vassalos do feudalismo!
 
Desconhecerão o teu João Baptista?
Figura feminina, por ti pintada,
Tal como é a de João Evangelista!
Código da Vinci não vale nada…!
 
Está bem ficcionada!
Miríades foram vendidas!
 Ela foi tão publicitada!
Mas, no futuro serão esquecidas!
 
Colocados no fundo de uma prateleira!
E todo o mundo ficará pasmado
Das pessoas terem ficado numa peneira!
Não desejavam ver a Luz do Injustiçado!
 
Em tuas obras há luz aquariana:
Símbolos diversos, desde a concha à espiral,
Como está o elemento natural.
Obrigado! Leonardo pela tua luz neptuniana!
 
Foste canal da Luz e da libertação.
Por isso os senhores das trevas te difamam.
Perdoai-lhes, eles nada amam.
São de pedra, lodo, estão em putrefação…
 
poesia do livro: "Pintura com Palavras Vol. 2"

07/04/2013

Nutrição e Saúde - A Assimilação

Artigo traduzido revista Rays from the Rose Cross
"A assimilação é facilitada se a comida for aceita com gratidão"
Foto: Momentos durante a refeição em "Cozinha Vegetariana", realizada no dia 10 de março de 2013 na Fraternidade Rosacruz-Sede Central do Brasil. A receita do dia, um "estrogonofe vegetariano"foi o estrogonofe vegetariano
Assimilação é definida como: "a transformação ou incorporação do material nutritivo nas substâncias fluídicas ou sólidas do corpo" (*). É o produto final da digestão e é literalmente verdadeira a definição que diz que nós vivemos, não pelo que comemos, mas pelo que assimilamos.

Algumas pessoas têm dificuldade em assimilar certos alimentos e muitas vezes em assimilar quase todos. Para determinar a forma melhor de regular o processo assimilativo em seus corpos, é necessário considerar não só fatores físicos, como também espirituais.

Do ponto de vista físico, a lei da assimilação requer que toda partícula de aumento que se coma deva ser dominada. Assim, numa extensão maior, podemos dizer que a forma pela qual os alimentos são assimilados dependerá do grau de conhecimento que tenhamos das células, das quais eles são compostos.

Sabendo isto, poderá parecer, à primeira vista, que os minerais — a menor consciência das coisas criadas sobre a Terra — seriam os alimentos ideais para o consumo humano. Entretanto, este não é o caso. Os minerais não têm corpo vital separado como o homem não está constituído de forma a poder viver de um tipo de substância "somente densa". Nós dissemos: "Quando uma pura substância mineral, como o sal, é ingerida, ela passa através do corpo, deixando muito pouco atrás de si. Mas, o pouco que deixa, é de natureza prejudicial" (*) - porque tende a endurecer e cristalizar.

Plantas, que realmente possuem corpo vital separado, podem assimilar os compostos minerais encontrados na Terra. Comendo vegetais, o homem assimila - em segunda-mão, como forma de expressão — os minerais que ele necessita
para sua alimentação e sustento. Como a planta vive num estado de consciência
de "sono sem sonhos", muito pouca energia é necessária para a assimilação de alimentos que derivam dela. E como as células das plantas têm pouca individualidade própria, a vida que as anima não se evade de nossos corpos tão rapidamente como a dos alimentos derivados deformas mais desenvolvidas, como a dos animais. Uma dieta vegetariana, então, particularmente, quando o produto está interpenetrado com maior quantidade de éter, produz mais energia do que a dieta de carne. Some-se a isso a superioridade moral e espiritual que envolve a dieta vegetariana particularmente ideal para as pessoas com dificuldade de assimilação.

A energia solar, atraída para o corpo denso, através da contraparte etérica do baço, no corpo vital, é o fator principal e amalgamador da assimilação. Uma quantidade extra desse fluido vital é necessária durante o processo digestivo e assimilativo. Quanto mais abundante for a comida, maior será a quantidade de fluido vital a ser consumido pelo corpo. Com isto haverá o enfraquecimento das correntes do corpo vital que normalmente expelem germes e micróbios. Em conseqüência, comer em excesso, toma-nos particularmente suscetíveis a contrair enfermidades.

A total assimilação não começa antes do Ego ter sete anos de idade. Antes deste tempo, o corpo vital ainda não usa as forças que operam através dos polos positivos do éter. Tudo se realiza pelo corpo vital "macrocósmico" que, através de seus éteres, atua, até o sétimo ano, como matriz para o corpo vital da criança em desenvolvimento.

Do ponto de vista espiritual, as forças que trabalham através do polo positivo do éter químico e estão presentes na assimilação, são forças ativas da natureza, compostas pelo que chamamos de mortos que entraram no céu, e lá estão aprendendo a construir os corpos que usamos na Terra. Eles são dirigidos por Elevados Professores, incluindo Arcanjos que particularmente se interessam por assimilação, crescimento e propagação. Essas forças trabalham num maravilhoso caminho seletivo, ilustrando bem e ao mesmo tempo, a direção da Divina Inteligência e a Lei Universal de serviço.

Os estudantes espirituais encontram maior dificuldade no processo assimilativo do que as outras pessoas, porquanto, tendo decidido viver uma vida espiritual, atraem mais éteres superiores — luminoso e refletor — e menos dos inferiores — químico e de vida. Portanto, os estudantes espirituais, em particular, devem ter o máximo cuidado ao selecionar alimentos que contenham o maior número possível de éter químico. A assimilação é facilitada se a comida for atraente, apreciada e aceita com gratidão.

Os três atributos de Deus e do homem (que é um deus em formação), são: Vontade, Sabedoria e Atividade. Estes atributos refletem-se no Tríplice Espírito, que é o homem. O segundo atributo, o Amor-Sabedoria ou Cristo, o princípio, é o atributo coesivo sobre o qual toda a nutrição e crescimento estão baseadas. Está ligado com o Espírito de Vida, o qual, por sua vez, reflete-se no corpo vital. O sangue, o veículo da alimentação, é a mais alta. expressão do corpo vital. As glândulas também são expressões do corpo vital. O Espírito de Vida, assenta-se primeiramente no corpo pituitário e secundariamente no coração, o regente do sangue, que nutre os músculos dentro do corpo físico.

Urano rege a assimilação assim como a intuição — a faculdade pela qual o Ego pode contatar com a Sabedoria Cósmica através do Espírito da Vida, diretamente ligada ao Amor-Sabedoria, princípio no homem. Vênus, a oitava inferior de Urano, também rege a assimilação durante os primeiros 14 anos de vida. Vênus rege a glândula timo, a ligação entre a criança e seus pais, até à puberdade. Antes da puberdade, a criança retira da glândula timo, uma essência espiritual que aí foi armazenada pelos pais. Com esta essência, a criança pode efetuar a alquimia do sangue, até o corpo de desejos tornar-se dinamicamente ativo, podendo fabricar seus próprios corpúsculos sanguíneos.

Na "Mensagem das Estrelas" (Cap. XXIX, As Glândulas de Secreção Interna),nós lemos: "É bem sabido que todas as coisas, nosso alimento inclusive, irradiam de si mesmas e continuamente, partículas diminutas que nos dão um índice da coisa de onde foram emanadas, principalmente sua qualidade. De modo que, quando levamos o alimento a nossa boca, um número dessas partículas invisíveis excitam o sentido do olfato, permi­tindo-nos tomar conhecimento se o alimento que vamos ingerir é apropriado ou não. O sentido do olfato nos adverte a abandonar os alimentos que tenham um odor nocivo, etc... Além dessas partículas, que nos atraem ou repelem em relação ao alimento, devido à sua ação sobre o olfato, há outras capazes de atravessar o osso esfenóide, atuando sobre o Corpo Pituitário. Principia aí a ação da alquimia uraniana, pela qual a secreção é formada e injetada no sangue. Esta assimilação através do éter químico, afeta o desenvolvimento normal e o bem-estar do corpo, através da vida".

Sabemos também que: "Há uma conexão física entre o corpo pituitário, o principal órgão da assimilação e portanto do crescimento e as adrenais, as quais eliminam o inútil e assimilam as proteínas. Ambas mantêm ligações com o baço, o timo e a tireóide. O corpo pituitário é regido por Urano, que é a oitava superior de Vênus, o regente do plexo solar, aonde o átomo — semente do corpo vital é colocado. Assim como Vênus guarda a entrada do fluido vital, proveniente do Sol, através do baço, Urano é o guardião da entrada do aumento físico. É a com­binação destas duas forças que produz o acúmulo do poder latente em nosso corpo vital, converter-se em energia dinâmica, pela marciana natureza de desejos".

Virgem está também ligado à assimilação. Este signo regula o aparelho intestinal e correlaciona-se com os Senhores da Sabedoria, que, originalmente, deram ao homem o germe do corpo vital.

Portanto, parece claro que a assimilação está ligada ao princípio do Amor-Sabedoria. À medida e na proporção que este segundo atributo de Deus for desenvolvendo dentro de nós, teremos uma melhor capacidade de assimilação e um grau correspondente de boa saúde.

Infere-se daí, que a chave para um perfeito e permanente ajuste do poder assimilativo fundamenta-se na revelação e no desdobramento do Amor de Cristo dentro de nós. O intelecto deve ser espiritualizado e a natureza inferior transmutada na Superior. Somente por este caminho, poderemos desenvolver na perfeição o poder da alma, necessário para a completa e satisfatória assimilação.

Original de Diane Drupe, traduzido  por Maria Carolina P. Carvalho e publicado na revista Serviço Rosacruz de março, 1978 
(*) Veja também: A Lei de Assimilação, Cap. XVII no Conceito Rosacruz do Cosmos.