27/08/2022

DOMINIO MENTAL


A Mente é o instrumento mais importante do espírito e é o meio para controlar os veículos inferiores. É a mente que torna reconhecível o ser humano como uma entidade separada, adquirindo com esse sentimento de separatividade a consciência de si mesmo, e todos os benefícios proporcionados por esse estado.

Por meio da mente se trabalha também sobre o Corpo Vital, onde começa todo o desenvolvimento oculto, pela repetição do pensamento construtivo.

Todavia, a mente não é um instrumento dócil do espírito, pois ela ainda permanece unida à natureza passional frustrando os desígnios espirituais.

É de grande importância para o estudante conhecer a causa dessa união a qual constitui o grande problema da humanidade. Sabemos que os corpos Vital e Denso não possuem vontade própria, mas quando a Mente se agregou ao Corpo de Desejos, este havia construído o sistema nervoso cérebro-espinhal e o tinha sob seu domínio, constituindo uma espécie de alma animal, a qual se uniu a mente fazendo-se sua co-regente, proporcionando assim, uma ajuda extra ao Corpo de Desejos que obstaculiza a sábia expressão do Espírito. 
Para uma melhor compreensão do exposto convém estudarmos atentamente o Cap.XV do "Conceito Rosacruz do Cosmos", subtítulo O Coração é uma Anomalia.

Os desejos proporcionam incentivo para a ação; todavia esta ação é boa unicamente quando servem aos propósitos da Natureza Superior.

O homem aprende a diferenciar os maus desejos e os sábios, ditados pelo espírito, pela reação de seus pensamentos, palavras e ações. Esse processo pode ser acelerado com a observação, o discernimento e a análise retrospectiva que o estudante realiza diariamente. Por esses meios obtém a capacidade necessária para julgar corretamente a si mesmo, e a medida de seu adiantamento espiritual.

Nessa grande luta o homem não se encontra abandonado, ante o grande problema da escravidão mental, pois a Natureza Superior já tomou suas medidas: Está convertendo o coração em um músculo voluntário sob a regência do Espírito de Vida, o Princípio Espiritual de Sabedoria, para conseguir o domínio de sua natureza inferior por meio do sangue, privando desse elemento de vida as partes do cérebro dedicadas a propósitos egoístas pela natureza de desejos, expressão pervertida do espírito.

O ocultista científico procura obter esse resultado por seu esforço consciente, o que o conduz a um êxito mais rápido e promissor. Se lança à luta colaborando com o plano espiritual, abrindo seu coração às mensagens espirituais que recebe por meio da intuição, cada vez com maior força, procurando obter o domínio próprio, o qual o libertará de todos os poderes que encadeiam o mundo.
Há uma razão para que o estudante concentre seus esforços na mente: é que a natureza de desejos é muito difícil de ser mudada, uma vez que o Corpo de Desejos, está profundamente enraizado em nossa constituição por seu domínio sobre o sistema cérebro-espinhal e por esse grau de vontade própria que possui. Porém tratando-se da mente é diferente; este é um veículo relativamente recém adquirido e pode ser modificado com facilidade.

Apesar disso, o caminho é duro, porém, o aspirante tem boas armas com o conhecimento claramente exposto no livro "O CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS". Esse conhecimento aplicado praticamente em sua vida diária o guia com segurança. Ao dar o primeiro passo, o estudante desperta forças internas que emanam de sua Natureza Superior e o impelem para a frente, para cima, para sempre.

Há alguns pontos que o estudante deve recordar com frequência; atendendo às suas fraquezas, as quais podem variar de um indivíduo para outro. Sob um ponto de vista geral podemos citar estes:

1-Observação dos atos alheios, para aprender, por suas reações e desvirtuar seus maus efeitos, cuidando para não interferir na liberdade individual, sob nenhum pretexto e também não utilizando essa observação com o intuito de julgar os demais.

2-Empregar o discernimento, recordando a admoestação de Paulo: "Julgai todas as coisas, retende o que é bom." I Tessalonicenses, 5:21.

3-Praticar diariamente a oração, a qual é um meio de coordenar ou concentrar corretamente os veículos sob a influência da Natureza Espiritual. Analisar sempre o motivo pelo qual ora, para que não seja egoísta.

4-Recordar que os pensamentos são coisas, que têm efeitos mesmo que não se transformem em palavras ou ações, desconfiando do que se pense sobre os demais, os quais não se pode expressar em voz alta. Sobre isto o estudante deve recordar que vê tudo através de seu próprio Corpo de Desejos, como disse Paulo: "Agora vemos por espelho, obscuramente". Portanto, existe uma tendência marcante em ver refletido nos demais os nossos próprios erros e vícios.

5–O exercício de retrospecção, que deixamos por último lugar por considera-lo o mais importante: a realização da análise retrospectiva, segundo o método Rosacruz é um exercício de incalculáveis benefícios para o estudante

Sabemos que um breve trabalho teórico como este texto é apenas um bosquejo do tema, mas temos certeza de que o exposto no nosso livro texto se levado

na prática, sincera e honestamente, atrairá até nós a ajuda necessária para alçarmos outros degraus.

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Em certo grau da Maçonaria se representa um drama místico, no qual cada Mestre Maçon deve ser, simbolicamente o protagonista. Ali compreende que a Vida Eterna, o Arquiteto da Natureza Humana, a Individualidade desapareceram de sua vista ou morreram pela afirmação indevida do "eu pessoal".

Seu próprio discernimento lhe indica agora que obteve certo amadurecimento mental, e reconhece que foi ele mesmo o causador dessa morte, o que lhe produz intensa pena; porém essa dor e remorso não podem durar muito tempo; se desapareceu precisa buscá-lo, e se morreu deve ressuscitá-lo. Para tal empreende uma longa viagem em busca da sepultura, lugar em que reina a obscuridade e a morte, onde jaz coberto pela terra de seus erros, prejuízos, instintos, vícios e falsas crendices.

Vai decidido a despertá-lo e devolver-lhe a vida em um renasci mento espiritual. Essa longa viagem, o estudante da Fraternidade também a faz e com as armas que possui, nunca poderá justificar um fracasso definitivo.

Traduzido de um "ECOS" da The Rosicruciam Fellowship de 1958 e apresentado como palestra na Fraternidade Rosacruz de São Paulo em julho de 1986.

22/08/2022

POR QUE VIVER EM COMPLETO ABANDONO?

Leia o Cap.XIX ou adquira o livro (veja abaixo)

Pergunta
: Em "MISTÉRIOS DAS GRANDES ÓPERAS" lemos que "um dos primeiros requisitos para que o Instrutor espiritual se aproxime do candidato, é que este tenha sido abandonado pelos seus familiares e amigos." É necessário permanecer solitário, sem um único amigo? Por que é necessário ao Ego não ter amigos, antes da vinda do Instrutor? A Fraternidade Universal não é o ideal da Nova Idade?

Resposta: Se uma pessoa está preparada para receber ensinamentos de um Instrutor, é porque já fez algum progresso no caminho espiritual, encontrando-se além da maioria de seus contemporâneos. Seu elevado conhecimento, seu intuitivo discernimento, e a consequente mudança em seu comportamento, sobre passam a compreensão mundana. Em virtude disso, muitos passam a hostilizá-la, não significando que ela se insurja contra eles ou deixe de amá-los. Significa tão somente que ela deve deixá-los temporariamente, até que atinjam um estágio semelhante de desenvolvimento. Não há razão para não deixar de irradiar amor e simpatia para todos, quer seja correspondida ou não. Um Ego mais avançado pode permanecer só, embora sempre irradiando ternura.

Em "MISTERIOS DAS GRANDES ÓPERAS" lemos que o Instrutor não aparecerá até que o aspirante abandone o mundo e seja abandonado por ele.

Isto quer dizer, certamente, o mundo material. Assuntos meramente mundanos, incluindo os negócios materiais com que seus amigos estão grandemente ocupados, não lhe interessam. Desta forma, ele tem, naquele momento, pouca coisa em comum com tudo o que o rodeia. E, em seu contexto parece estar desamparado. Contudo, isto constitui um estado de coisas passageiro. Seus contemporâneos e toda raça humana também evoluirão.

A Fraternidade Universal é o ideal da Nova Idade. O sentimento fraternal será levado à prática de uma forma muito mais elevada do que observamos hoje em dia. Haverá uma ética, estética e espiritual irmandade, da qual todos serão participes e ninguém parecerá encontrar-se abandonado.

Leia aqui  em PDF o Cap. XIX de Os Mistérios das Grandes Óperas ou adquira o livro aqui


NOTA: Esse artigo faz parte da seção "PERGUNTAS DOS LEITORES DA RAYS"  da revista "Rays from the Rose Cross" . Várias dessas perguntas foram traduzidas pela Fraternidade Rosacruz - Sede Central do Brasil e publicados na revista "Serviço Rosacruz".  Se deseja divulgar, por favor mantenha os créditos.

15/08/2022

VER O BEM EM TODAS AS COISAS

Devemos ter a convicção de que, hora a hora e diariamente, estamos cultivando qualidades, poderes e capacidades, positivas ou negativas; estamos construindo o nosso caráter e o nosso futuro segundo a nossa atitude.

Esforcemos -nos para abandonar o medo e a ansiedade e procurar VER O BEM EM TODAS AS COISAS, estimulando e inspirando confiança à nossa volta, o que eliminará todas as vibrações negativas que possam existir ao nosso redor, pois elas deixarão de ter o "alimento" que nossos pensamentos incorretos e preocupações transmitem.

Esta atitude é conseguida de várias maneiras e gradativamente. Quando nos sentimos assaltados por um receio, tentemos imaginar a experiência como se ela ocorresse com outra pessoa. Afastemo-nos da situação e pensemos quais conselhos práticos poderíamos dar à pessoa em questão. Imaginemos que ela reaja ao problema com eficiência, com inteligência, sem se deixar abater. E, acima de tudo, imaginemos como a pessoa pode ter se beneficiado dessa experiência que, à primeira vista, parecia tratar-se de uma catástrofe.

Pensemos nas lições que essa experiência pode encerrar, quando enfrentada com coragem: descobrimos que ganhamos mais qualidades, força moral e capacidade de ajudar outras pessoas no futuro, em situações semelhantes. E sempre que pensarmos no problema, tentemos SUBSTITUI-LO IMEDIATAMENTE pela CONVICÇÃO FIRME E ABSOLUTA DE QUE, SUCEDA O QUE SUCEDER, SEREMOS SEMPRE AJUDADOS a solucioná-los com discernimento e construtivamente.

Quando nos sentirmos acabrunhados, infelizes, angustiados, tentemos focalizar a nossa atenção em um fato impessoal, fora de nós e assim libertaremos a preocupação, transferindo a nossa energia para um novo centro. Com força de vontade e persistência, voltaremos a restabelecer o equilíbrio, pois a tensão é causada por uma concentração indevida de energia física, emocional ou mental, em uma preocupação ou em um problema associados à personalidade.

Habituemo-nos a enviar pensamentos bons e construtivos àqueles que sofrem para que a luz e o auxílio espirituais os guiem e iluminem.

QUE AS ROSAS FLORESÇAM EM VOSSA CRUZ


Esse artigo faz parte de uma coleção de textos sobre cura da seção "Healing" da revista "Rays from the Rose Cross" .Muitos deles foram traduzidos pela Fraternidade Rosacruz - Sede Central do Brasil e publicados na revista "Serviço Rosacruz". São distribuídos gratuitamente a todos os que se inscrevem no Serviço de Cura seja Estudantes ou não. Portanto são públicos. Se deseja divulgar, por favor mantenha os créditos. Veja mais como este aqui

10/08/2022

IMAGINANDO SAÚDE

A Lei de Atração opera em todos os departamentos da vida e, portanto, mostra que em todos nós não há favoritos nem exceções, reunindo pessoas de caráter similar e também levando-as inevitavelmente a estados de saúde ou de enfermidade por força de condições de existências passadas geradas por pensamentos, palavras e ações.

A mente é o ele entre o Espirito e seus corpos que permitem ao Ego transmitir suas ordens pelo pensamento e pela palavra afim de que se produza a ação. Ela é o elemento focalizador, o elo pelo qual as ideias, envoltas pela imaginação do Espirito projetam-se no plano material. Primeiramente são pensamentos-forma, porém, quando o desejo de realizá-las possibilitam ao homem, vivenciá-las no mundo físico, tornam-se o que designamos como realidades “concretas”.

Embora possamos desejar saúde, somos, ao mesmo tempo, indulgentes com os pensamentos de temor, suspeição, impaciência, ciúmes e ódio.

Tais pensamentos antagônicos manifestar-se-ão como condições desarmoniosas em nossos corpos e em nosso ambiente, assim como contra as pessoas fazendo com que nossas auras se transformem em magnetos atrativos de pensamentos inferiores.

Ao contrário, pela manutenção de pensamentos e desejos reveladores de bondade, simpatia, confiança, fé, esperança e coragem, fazemo-los tornarem-se em realidade “concreta”.

“Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa forma, se há alguma virtude e se há algum louvor nisso pensai” Filipenses 4:8.


QUE AS ROSAS FLORESÇAM EM VOSSA CRUZ


Esse artigo faz parte de uma coleção de textos sobre cura da seção "Healing" da revista "Rays from the Rose Cross" .Muitos deles foram traduzidos pela Fraternidade Rosacruz - Sede Central do Brasil e publicados na revista "Serviço Rosacruz". São distribuídos gratuitamente a todos os que se inscrevem no Serviço de Cura seja Estudantes ou não. Portanto são públicos. Se deseja divulgar, por favor mantenha os créditos. Veja mais como este aqui

06/08/2022

A Lei de Consequência e a Cura

 Sobre a imagem: veja nota final

Os Ensinamentos Rosacruzes às vezes parecem duros porque não são nada aduladores. O consolo fictício de nada serve: não há nada mais saudável do que a verdade. Uma das verdades fundamentais Rosacruzes é a "Lei de Consequência".

São Paulo a expressou perfeitamente em sua Epístola aos Gálatas, capítulo 6, versículo 7: "Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também colherá." A vida atual do indivíduo é precisamente o fruto dos anos já passados desta vida e das muitas vidas anteriores pelas quais cada um já passou para chegar a este estado físico, mental e espiritual. A vida atual é ao mesmo tempo fruto do passado e semente do futuro para cada um de nós.

Há certas consequências que se seguem aos fatos. Em conformidade com as leis da Natureza física e espiritual, mantém saúde; a desobediência traz enfermidade. Se semeamos ódio, colheremos amarguras; se semeamos bondade, colheremos simpatia e compreensão.

Dois males nunca retificam nada. Colhemos o que semeamos! A razão pela qual não há mais sinceridade, formosura e bondade no mundo e em nossas vidas, é que não temos semeado estas sementes. Lembre-se desta lei em todas as considerações de sua vida:

"COLHEREI JUSTAMENTE O QUE SEMEAR." Isto lhe admoestará contra a indiferença e o descuido. Não podemos desatender as leis de Deus e ficar ilesos.

Nem tudo o que semeamos de bem ou de mal dará seu fruto nesta vida terrena, porém, tarde ou cedo frutificará cada semente.

NOTAS:
Imagem: Capa de um livreto da FRATERNIDADE ROSACRUZ - Sede Central do Brasil da década de 90, cujo conteúdo é uma síntese de vários trechos da literatura de Max Heindel sobre o assunto título.

OBSA Lei de Consequência tem a finalidade de nos fazer conscientes da nossa responsabilidade espiritual e com isso evoluir. Para tanto trabalha conjuntamente com o PERDÃO DOS PECADOS, o que pode ser melhor entendido estudando-se a Evolução da Religião no Cap. XV do Conceito Rosacruz do Cosmos. 

Veja, também nessa estória de Prentiss Tucker (autor de "Na Terra dos Mortos que Vivem") uma forma romanceada de nos mostrar como atua a de  Lei de Consequência conjuntamente com a GRAÇA DIVINA. (VEJA AQUI)

QUE AS ROSAS FLORESÇAM EM VOSSA CRUZ


Esse artigo faz parte de uma coleção de textos sobre cura da seção "Healing" da revista "Rays from the Rose Cross" .Muitos deles foram traduzidos pela Fraternidade Rosacruz - Sede Central do Brasil e publicados na revista "Serviço Rosacruz". São distribuídos gratuitamente a todos os que se inscrevem no Serviço de Cura seja Estudantes ou não. Portanto são públicos. Se deseja divulgar, por favor mantenha os créditos. Veja mais como este aqui

POR QUE O FEZ DEUS?

por Prentiss Tucker(*)
"Mãe, por que Deus fez?" Mrs. Ruthers voltou sua cabeça e olhou a Robbie, seu filho de seis anos, sustentado por almofadas em sua pequena cadeira de rodas.

"Por que Ele fez o que, querido?"

"Por que Deus me fez assim, e não como os outros meninos?"

Os lábios da Sra. Ruthers tremeram ao voltar-se de novo ao tanque. Bobbie fez-lhe uma pergunta que havia transtornado sua própria mente muitas vezes e para a qual não havia encontrado resposta. Nasceu e era um bebê reto e forte e assim cresceu durante muitos meses, sendo o orgulho e alegria dela e do seu marido. Logo, por causas que o médico não pôde determinar apresentou-se lhe uma estranha afecção na medula espinhal, a qual se havia piorado até que agora, na idade de seis anos, Bobbie estava completamente paralisado de sua cintura para baixo.


Não muito tempo depois que esta paralisia o atacou, seu pai morreu repentinamente e sem deixar muita provisão para sua mãe e ele mesmo, de sorte que a Sra. Ruthers havia, desde então e com muito trabalho, ganho sua subsistência lavando roupa. Todo o santo dia Bobbie se sentava e a contemplava. Ela tratava de ser alegre, conversar e diverti-lo, ainda que seu coração sofria e seu corpo se sentia fatigado.

Sua pergunta era demais para ela. Ela não podia responder-lhe. Por que, mesmo, havia dado Deus tanto ao rico e tão pouco a ela? Porque havia Ele dado tanta saúde e força a outros meninos, enquanto seu próprio pequeno Bobbie, tão paciente, tão doce, estava condenado a uma morte em vida, sem esperança nem ajuda? Ela, por si, nunca afligiria a ninguém de tal maneira, nem ainda o seu pior inimigo, muito menos a um menino pequeno. Sem dúvida, as pessoas caridosas que a visitavam, lhe diziam que essa era a vontade de Deus e que Ele havia enviado esta aflição porque pensava que era bom para ela. Haviam muitas provas para ensinar-lhe a ser paciente. Por que seu pequeno Bobbie tinha que sofrer deste modo? Se a paciência era uma coisa tão boa para ele, que de todas as maneiras, era paciente por natureza, por que não era enviada uma lição parecida à outros que ela conhecia, e que tinham mais necessidade dela?

"Eu não sei, lindo", respondeu ela. "Talvez algum dia poderemos averiguá-lo, quando vamos ao Outro País ao qual Papai havia ido".

"O outro País". Ela sempre estava falando de "Outro País". Bobbie perguntava-se, se podia chegar a esse País em algum desses grandes automóveis que algumas vezes via passar quando sua cadeira era colocada perto da janela. Seu pai havia ido lá, segundo sabia, e não havia regressado. Também ele se perguntava por que seu pai quis ficar lá e não regressar. Porém, ele não falava disto, porque havia notado que isto fazia sua mãe chorar, mas dizia-se que, algum dia, se chegava a ser grande, sairia de sua cadeira de rodas e começaria a buscar esse Outro País, e ver se podia encontrar seu pai e persuadi-lo a regressar.

Aquela noite sua mãe trabalhou até muito tarde, e ele dormiu profundamente em sua pequena cama quando ela foi se deitar, tendo todo corpo dolorido pelo trabalho do dia, contudo preocupado pela pergunta do seu pequeno, a qual ela não podia responder.

Havia apenas tocado com sua cabeça a almofada, segundo recordava, quando o quarto se iluminou e mirou surpreendida a uma bela mulher parada junto a sua cama.

Era uma mulher a quem nunca havia visto antes, porém seu sorriso era tão doce e bondoso que, quando ela lhe tomou a mão e lhe disse "Vem", à mãe de Bobbie nem ocorreu a ideia de ter medo.

Ademais, a voz desta estranha mulher soava como campainhas de prata, formosa e belamente.

A mãe do Bobbie se levantou, sem nenhum esforço, e ao fazê-lo notou que estava levantando-se, obedecendo a palavra harmoniosa da estranha mulher, sem embargo, seu corpo continuava deitado na cama. Este outro eu dela, o eu que estava levantando-se era um eu diferente, um eu que era mais jovem e mais forte, muito descansada e livre de dor. Olhou para trás por um momento ao eu que estava deitado na cama, e sentiu pena por ele, porque sabia quão cansado e dolorido estava. Porém, estava dormindo agora, enquanto ela - seu verdadeiro eu se sentia tão viva por ela, flutuando e elevando-se para um lugar onde a luz era tão brilhante como se fosse de dia, ainda que ela não pôde ver sol nenhum.

Ao sentir-se flutuando, ligeira e feliz, e cheia de força e com sensação agradável por não ter nenhuma dor nem mal-estar, a Dama começou a falar-lhe, e era como se alguma música bela estivesse sendo tocada ao seu redor. Logo houve outros seres que vinham a flutuar perto delas, seres formosos que lhe sorriam e pareciam ser bondosos e gentis, cheios de amor.

A misteriosa Dama estava lhe dizendo as razões pelas quais sua vida era como era, e por que Bobbie tinha que sofrer como estava sofrendo, e que não era a vontade de Deus este sofrimento, senão a realização de um Grande Plano. Conforme a Dama falava, a mãe do Bobbie começou a compreender. Tudo trabalha de acordo com a Grande Lei, porém, a Grande Lei é uma Lei de Amor e algumas vezes tem que nos produzir sofrimento até que compreendamos que a Lei do Amor é a Lei do Universo. Aprendeu que quando fazemos dano a outros, atraímos sofrimento a nós mesmos em vidas futuras, então, ela soube que numa vida anterior distante, Bobbie havia feito o que não era bom, e isto se refletia sobre ele nesta vida, fazendo sofrer seu próprio corpo.

Começou a ver que o fim de todo sofrimento é bom, ainda quando pode ser duro reconhecê-lo assim, quando estamos sofrendo. Sem dúvida, isto é certo, e desta maneira Deus está transformando o mal em bem, a seu modo próprio e perfeito.

Quando houve compreendido tudo isto, chorou de felicidade, e suas primeiras palavras foram: "Oh, então Deus nos ama apesar de tudo! A Dama olhou-a e sorriu de uma forma doce, porém um tanto triste.

"Sim, Ele a ama certamente", disse a Dama gentilmente, "e vê-la sofrer é algo que O faz sofrer. Porém, agora você compreende por que as coisas são assim, e como terminarão".

Na manhã seguinte, quando a mãe de Bobbie despertou, ela se sentia tão descansada e feliz, que cantou alegremente e tratou de explicar a Bobbie como era, ainda que não pôde recordar de tudo o que a Dama lhe disse. Contou-lhe que a voz da Dama era doce e suave e clara como o som de campainha de prata, e que ela havia lhe explicado por que a gente tem que sofrer (alguns mais que outros). Ainda que ela não pôde recordar toda a explicação, ela sabia, sem dúvida, que havia estado perfeitamente clara para ela, e que tudo era justo, ainda a paralisia de Bobbie. Sabia que alguma vez compreenderia perfeitamente, e saberia o que eles haviam feito em vidas anteriores para acarretar tais sofrimentos. Ao menos pôde ela recordar como, quando as palavras da Dama Misteriosa Ihe haviam feito ver tudo tão claro, ela começou a rir, e estava meio chorosa pela alegria que tudo isto lhe causava.

"Oh! Então é nossa própria culpa, e Deus nos ama depois de tudo!" Por isso havia chorado, e ela pôde recordar em meio das lágrimas e risos e suspiros, e tudo porque ela se sentia feliz de tudo o que a Dama lhe disse.

Ela pôde recordar também em que forma lhe havia sorrido a Dama tão gentil e amorosamente, e que lhe havia dito: "Sim, Pequena Irmã, Nosso Pai nos ama a todos, e o que sofremos não é por Sua Vontade, senão por nossos próprios erros. Não importa quanto nos afastamos de Seu Caminho, Seu Amor está sempre conosco".

Porém, o tempo passou e a paralisia de Bobbie piorou cada vez mais e ambos, ele e sua mãe, souberam que a partida estava perto. Ninguém se atrevia a falar disso por temor de fazer sofrer ao outro, as sim que sempre falavam de outras coisas, e tratavam de rir ainda quando parecesse pouco digno de riso.

Um dia de primavera, Bobbie se despertou de uma sesta no momento mesmo em que sua mãe entrava no quarto com um fardo de roupa. Seguindo-a veio uma bela dama vestida com o mais esquisito traje que ele havia visto alguma vez, e com uma luz que resplandecia em volta dela. Bobbie gritou: "Oh, Mãe! olha" porque ele pensou que sua mãe não conhecia a bela dama que estava atrás dela. 
Então ele estendeu seus braços e exclamou de novo: "Oh, Mãe, olha! A Dama formosa veio contigo". Sua mãe soube num instante o que isto significava, por que quando ela voltou a ver em seu torno, ouvindo a exclamação do Bobbie, não pôde ver nada. Correu e abraçou a seu pequeno Bobbie, enquanto seu coração dava um sobressalto de medo. Tinha medo de deixá-lo ir, ainda que isto significava alívio de dores para ele, e ainda que ela sabia que tão formosa Dama não podia magoar o seu filho.

Quando ela o pegou em seus braços e sentiu seu pequeno corpo tremer, soube que Bobbie havia partido com a Dama - que sua paralisia e dor eram agora coisas do passado. Porém, seu coração penava pela solidão, ainda quando ela estava segura que a Senda do Pai era a melhor.

Tudo foi muito duro para ela. Podia saber que tudo era por algo melhor e de acordo com a Grande Plano, porém, lhe doía o coração e se sentia muito só pela ausência de seu pequeno filho, como se estivesse desamparado. Ele era tudo o que tinha, e agora o havia perdido. O Grande Plano parecia muito frio, sem sentimento e sem coração.

Adormecia essa noite com estes pensamentos de rebeldia em sua mente, e quase com uma censura para Deus em seus lábios. Porém, em seu sonho, a Misteriosa Dama veio outra vez, e com ela estava Bobbie, já não tolhido, senão direito, forte e feliz. A Dama lhe explicou tudo de novo, gentilmente, porém, quando despertou de manhã não pode recordar muito da explicação por causa do júbilo de haver visto a Bobbie tão bem e tão feliz. Sem dúvida, havia algo que ela podia se lembrar, e era a forma em que a Dama lhe havia feito sentir que o Grande Plano não é tão frio nem tão sem coração, senão cheio de amor e de esperança. Isto era um pedacinho do trabalho feito por aqueles que servem ao Rei.

Traduzido da "Rays from the Rose Cross, dez.1929
NOTA: Prentiss Tucker é autor do livro: Na Terra dos Mortos que Vivem que pode ser baixado ou online aqui ou adquirido impresso aqui