07/10/2018

A Tolerância é uma Virtude


Dentre os pensamentos maravilhosos que compõem o ritual Rosacruz destacamos o seguinte: “... esforcemo-nos por esquecer diariamente os defeitos dos nossos irmãos e procuremos servir a Divina Essência neles oculta, o que constitui a base da Fraternidade".

Estas palavras encerram uma exortação à busca do lado positivo de todos os seres humanos. Contudo, podemos ir mais além, pois na realidade o ideal é procurarmos vislumbrar o bem em todas as coisas.  

Certa vez Cristo percorria os arredores de Jerusalém em companhia de seus discípulos. Em dado momento estes depararam com o cadáver de um cão, já em adiantado estado de decomposição. Ante aquele quadro nauseabundo todos expressaram sentimentos de desagrado, porém o Mestre impassível afirmou:"As pérolas não são mais brancas que seus dentes".Esta foi uma das mais expressivas lições que o Salvador nos legou. Contudo, não tem sido bem compreendida.

Raras vezes percebemos o lado bom das coisas ou dos nossos semelhantes. É muito mais fácil notar as falhas alheias do que ponderar sobre os próprios defeitos. Essa tendência negativa nos coloca em constante atrito com os outros, formando ao nosso redor uma atmosfera de desarmonia.

Cada ser humano é como que um diamante a ser lapidado. Embora muitas vezes coberto por uma crosta pouco atraente, mais cedo ou mais tarde mostrará seu brilho. Deus, o grande lapidário dispõe de diversos meios para remover a dita crosta. Deixemos de considerar a fealdade desta última e procuremos meditar sobre o fulgor interno.

Cada homem é uma lei em si mesmo. Não há dois seres absolutamente iguais no mundo. Cada um renasce num ambiente diferente, passa por experiências também diferentes, o que acentua sua individualidade. Então, não temos o direito de querer padronizar o comportamento humano. Cada homem encontra-se num determinado estágio evolutivo. "Até entre as estrelas existe diferença de esplendor". É uma grande injustiça de nossa parte exigir de todos, um ajustamento aos nossos conceitos pessoais de ética. Nossa formação é assaz débil para aumentarmos tal pretensão. Nem sempre nossos conceitos de bem e de mal correspondem à realidade última das coisas. Bem é o que nos deleita, mal é o que nos desagrada. Quão restritos são tais conceitos. Consideramos nossas aflições e experiências dolorosas como sendo um mal, e, no entanto são elas que encerram lições marcantes, despertando nossa consciência para uma vida mais elevada. Precisamos de muita cautela quando julgamos os atos humanos. Eis porque destacamos a tolerância como virtude a ser cultivada por quem anela o aprimoramento espiritual.

De um Editorial da revista Serviço Rosacruz, março de 1968