O Alquimista – Pintura do holandês Adriaen Van
Ostade (1.610-1.685)
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por Jonas Taucci
Uma das primeiras palestras que presenciei na Fraternidade
Rosacruz foi a do irmão probacionista Antônio Munhoz. Tinha acabado de
inscrever-me no Curso Preliminar, e a palestra assistida referia-se ao livro “Iniciação
Antiga e Moderna”, de Max Heindel.
Algo que me chamou a atenção - neste meu início - foi a de que
apenas probacionistas ativos oficiavam Rituais e proferiam palestras.
Na exposição, foi aludida a condição em que se encontra o
candidato à porta oriental do Tabernáculo no Deserto: “pobre, nú e cego”,
ressaltando o irmão Munhoz de que esta condição não se relaciona a
absolutamente nada físico, e – lembro-me – em uma lousa com giz (estamos no
final dos anos 70...) escreveu:
*** POBRE: A carência da luz interna.
*** NÚ: Ausência do
Corpo Alma.
*** CEGO: A deficiência para vivenciar as Leis Cósmicas.
Disse que o caminho ao nascimento de nosso Cristo Interno passa por
um afunilamento (A torre da igreja é larga na base, mas aos poucos vai se estreitando...),
comparando isto a algumas passagens (sequenciais) do Novo Testamento, com
referência a Cristo, até à sua crucificação.
Este estreitamento (interno) - continuou - é o trabalho, o processo
alquímico que o aspirante rosacruz realiza em seu dia a dia, auxiliando seu
semelhante, como preconizou Cristo, sendo o seu resultado:
*** Crescimento de nosso EU SUPERIOR
*** Diminuição de nosso EU INFERIOR
Esta ordem está perfeitamente em sintonia com o evangelho de
João:
*** “É necessário que ele cresça e que eu diminua (João 03:30).
Todos nós somos alquimistas! Nosso corpo constitui-se no “laboratório”
onde a OBRA (literalmente) pode ser realizada: a transmutação do “chumbo”
em “ouro”,
e Max Heindel no citado livro acima (capítulo IV – A Transfiguração), nos dá
uma bela explanação sobre o assunto.
Há pessoas, com certeza, que ao lerem passagens bíblicas sobre o
Cristo ou verem filmes sobre o assunto, sentem-se impulsionadas a pensar no
desejo de estarem naqueles dias e locais em que o maior iniciado do Período
Solar esteve na Terra, e:
*** Colocar no colo, o menino Jesus recém-nascido.
*** Estar presente nas curas que Cristo realizou, e confortar os
enfermos.
*** Participar da Santa Ceia, e comungar o alimento por Ele
oferecido.
*** Ao Vê-lo carregar sua cruz, ir em seu encontro e prontificar-se
a auxilia-lo.
*** Estar ao lado Dele, na crucificação, e dizer: Aqui
estou, neste teu difícil momento.
Pensar assim, pode revelar total dissonância para
com os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental.
Há em cada ser humano, um Cristo Interno, e isto foi dito pelo
mais alto Arcanjo (Cristo) ao dizer que, quando auxiliamos nossos semelhantes,
estamos auxiliando a Ele (o Cristo que habita em cada pessoa), e quando
deixamos de fazer aos outros, também não estamos fazendo a Ele.
(Evangelho de Mateus - 25: 35 a 45).
Encontra-se à nossa disposição, aqui e agora, o
vivenciar – e não o sonhar – nossa ajuda ao Cristo, pois quando – amorosamente,
1) visitamos crianças em orfanatos.
2) confortamos pessoas enfermas em hospitais ou lares.
3) compartilhamos nossa “ceia” (alimento) com os
desassistidos.
4) estamos presentes e atuantes com pessoas em seus
momentos difíceis
...estaremos auxiliando o Cristo (de nossos irmãos), apressando
a libertação do Cristo Cósmico de sua trajetória anual à Terra e, realizando
uma obra (própria) de destilação alquímica interna, que irá – verdadeiramente
e não utopicamente - resultar no nascimento de nosso Cristo
Interno.
Nem todo o que me diz “Senhor, Senhor” (o simples conhecimento de informações espirituais, ainda que
profundas) entrará no Reino dos Céus (plural), mas
aquele que pratica a vontade de meu Pai que
está nos céus (plural também; estágios evolutivos - Mateus 07:21).
Sempre considerei também interessantíssimo este afunilamento
mencionado acima pelo irmão Munhoz e a citação do Ritual Rosacruz de Cura:
*** “Se alguém se absorve numa intensa súplica a um poder superior, sua aura parece afunilar-se em forma muito
semelhante á parte inferior da tromba marinha”.
Tentarei (re)transmitir as citações bíblicas ditas pelo saudoso
irmão, em sua ordem, acrescentando pinturas de renomados artistas. Não nos
esquecendo de que possuímos um Cristo Interno ainda em estado latente, e todas
estas citações devem ser (interna e alquimicamente) percorridas
pelo aspirante rosacruz.
*** Por fim chegará um momento em que este caminho é tão fino quanto o fio
de uma navalha, e aí só poderemos agarrar-nos à cruz. (Iniciação Antiga
e Moderna - Max Heindel – capítulo VI –
a Lua Nova e a Iniciação)
Invariavelmente, as palestras do irmão Munhoz terminavam assim:
_ Hoje
aprendemos um pouco mais sobre os Ensinamentos Rosacruzes.
De nada
adianta sermos um poço de conhecimento; coloquemos o que aqui foi exposto à
serviço de nosso semelhante, através de ações, alimentando assim nosso Eu
Superior para o nascimento de nosso Cristo Interno. Não há outra razão para
estudarmos os Ensinamentos Rosacruzes.
Excelentes palestras nos deu o irmão Antônio Munhoz...