por Max Heindel
Estabelecendo-se uma comparação entre os reinos animal e humano, nota-se que, enquanto os animais agem e reagem de maneira idêntica sob as mesmas circunstâncias, por serem guiados por um espirito-grupo, o homem comporta-se diferentemente. Cada indivíduo é uma “lei em si mesmo”. Ninguém pode predizer ações de cada ser humano nem como agirá sob circunstâncias análogas. Pode agir distintamente, e provavelmente o fará, diante de condições idênticas e em ocasiões diferentes.
Por esta razão, é extremante complexo tentar definir ou elucidar devidamente um assunto como a TEIA DO DESTINO, pois nossas mentes, ainda tem uma capacidade limitada. Para compreender totalmente esta matéria, seria necessária a sabedoria de grandes seres como os Anjos do Destino, por exemplo, que tem a seu cargo esse intricado aspecto da vida.
Cada ato de cada indivíduo produz uma determinada vibração no universo, reagindo sobre ele e outros ao seu redor. Não tem, a mente humana, condições de vigiar e calcular o resultado dessas ações e reações que se produzem em meses, anos ou vidas.
Porém, temos visto, graças ao quadro geral impresso em nossa mente, quando desenvolvíamos esse tema, o modo de classificar as causas engendradas no passado, segundo se nos apresentam, com seus efeitos na vida atual. No decurso deste estudo se investigaram várias centenas de pessoas. Em alguns casos, retrocedemos três, quatro e até mais vidas, com o objetivo de chegar à raiz da questão, determinando a forma em que as condições do passado reagem para criar as atuais. Porém, ainda que fazendo conscientemente esse trabalho de investigação, devemos advertir o leitor: não considere nosso juízo como um ensinamento conclusivo e definitivo sobre a matéria. Considere-as um passo inicial e confiamos poder ajudá-lo a solucionar determinados problemas.
Com referência ao meio ambiente parece-nos que as pessoas dotadas de uma natureza toda peculiar, difíceis de se relacionar com outras de seu meio, tem diante de si uma vida pontilhada de provações. Nascem frequentemente entre estranhos, dos quais não receberão nenhum sentimento de afeto. Seus sofrimentos não despertarão entre seus familiares, nenhuma impressão de simpatia ou apreciação. Ou bem se tornam órfãos, ou separados dos pais, quando não se ausentam de sua terra em tenra idade. Quando é este o caso, essa alma, amiúde anela um afeto, a simpatia ou carinho, sentimentos que era recusou a dar em vidas anteriores.
Também observamos casos de indivíduos responsáveis pelos maiores ultrajes, no passado, tendo levado a desonra e a vergonha a seus entes queridos, os quais sofreram horrores, justo pelo acendrado amor nutrido pelo desafeto. Na existência em que tal alma se dispõe a emendar-se, purgando seus erros pretéritos encontrar-se-á em um ambiente totalmente hostil. Sofrerá fome de amor, pois negou-o anteriormente. Se tal criatura não aprender toda a lição numa só vida, diferentes encarnações com experiências semelhantes, ensinar-lhe-ão a ser agradecido aos que o amam, bem como a agir correta e honestamente.
Também observamos que, amiúde, uma alma errou em vidas passadas devido à falta de uma influência bondosa por parte de seus familiares, que deviam ter sido fiéis, amorosos e complacentes. A carência desse ambiente de simpatia não encontrou, como é lógico, justificativa para suas faltas ante a lei, vendo-se obrigada a expiá-las em vidas posteriores. Nestes casos, todavia, as condições foram contrárias. A família que, em vidas passadas, houvera sido indiferente, agora lhe será querida, tendendo a sentir extraordinariamente o sofrimento que ela tiver de suportar em consequência do seu passado. Deste modo, a família também expiará a parte que lhe corresponde, pela sua responsabilidade em haver reusado carinho e simpatia.
São casos extremos, diga-se de passagem. Naturalmente, porém, podemos extrair lições dos casos pouco claros, pois quanto mais brutais e chocantes foram os fatos postos à nossa consideração, também mais fácil será catalogá-los. A lei que convém aos casos extremos, também se ajusta aos de menor importância, com as modificações graduais necessárias, aplicadas nas diferenças de ambiente.
Os fatos relatados indicam claramente que nós somos os guardiões de nossos irmãos, sendo conveniente exteriorizarmos lhes toda simpatia e bondade pertençam ou não á nossa família. Olhando as coisas desde a superfície, e sob o ponto de vista do nosso estado atual, talvez não transpareça nenhuma responsabilidade que nos cabe pelas ações de nossos infelizes familiares. Se pudéssemos ver por detrás do véu, provavelmente descobriríamos que nós mesmos fomos, em grande parte, culpados de suas desditas.
Ouve-se, frequentemente, a expressão: “fulano ou sicrano são o pesadelo de certas famílias”. Mas, podemos considerar essas pobres criaturas como seres estranhos entre gente estranha, devendo viver naquele meio devido desajustes de vida passadas. “O sangue é mais espesso do que a água”, diz um velho provérbio. O certo, porém, é que o laço sanguíneo não traz consequências, a menos que os espíritos de uma família estejam unidos entre si pelo amor ou pelo ódio do passado, fatores determinantes das relações da vida atual.
Uma alma pode envolver-se com determinada família em laços carnais, sentar-se a sua mesa, usufruir do direito legítimo de herança, e ser, entretanto, tão estranha quanto um mendigo que bate à porta pedindo um prato de comida.
Recordemos as palavras de Cristo: “Pois estava faminto e me destes de comer, estava sedento e me destes de beber, era um estranho e me admitistes ao vosso lado”; e depois: ”Tudo o que haveis feito em favor do menor dos meus irmãos, a mim mesmo o haveis feito”. Quando encontrarmos uma pobre alma, dessas marcadas pela desgraça e pela solidão, devemos como cristão, imitar o exemplo de Cristo. É mister contribuir para que essa infeliz criatura se veja rodeada do calor de um lar, sentindo-se em sua casa, entre os seus. É necessário, por difícil que possa parecer, cultivar sua amizade, por amor de Cristo, sem levar em consideração suas fraquezas e excentricidades.
A humanidade é afetada por enfermidades classificadas entre mentais e físicas. A incapacidade mental, quando congênita, é o resultado do abuso da força criadora, com uma exceção. Pode-se incluir no caso, as afecções dos órgãos vocais, e isto é lógico e compreensível.
O cérebro e a laringe foram construídos através da metade da força criadora. Assim o homem, bissexual antes da aquisição desses órgãos e capaz de gerar por si mesmo, perdeu esta faculdade, dependendo agora, da colaboração de alguém de sexo polaridade oposta, para criar um novo veículo para um espirito reencarnante.
Quando se usa a visão espiritual para observar um homem na Memória da Natureza, durante a época em que ainda estava em formação percebe-se o seguinte: onde agora existe um nervo, havia anteriormente uma corrente de desejos; e que o próprio cérebro foi feito de substância de desejos, bem como a laringe.
Foi o desejo que, primeiramente enviou um impulso por meio do cérebro e criou tais correntes nervosas, para o corpo mover-se e conseguir, para o espírito, qualquer satisfação o ou anelo. A linguagem, da mesma forma, é utilizada para atingir um objetivo. Por meio dessas faculdades o homem alcançou certo domínio sobre o mundo, e se pudesse voar de um corpo a outro, não teria fim o abuso de seu poder para satisfazer qualquer capricho ou desejo. Porém, sob a Lei da Consequência carrega consigo, em cada novo corpo, as faculdades e órgãos semelhantes àqueles utilizados em veículos precedentes.
Quando as paixões arruínam um veículo, em uma vida, isto fica gravado no átomo-semente. Na “descida” para o renascimento, é impossível para esse espirito, juntar material puro no sentido de organizar um cérebro de estrutura estável. Nesse caso, renasce geralmente sob um dos signos planetários comuns. Nestas circunstâncias os quatro signos comuns se encontram posicionados nos quatro ângulos de seu horóscopo, porque, através deles (dos signos) o desejo passional defronta sérias dificuldades para manifestar-se. Em consequência, esse poderoso impulso que anteriormente regeu seu cérebro e que poderia ser usado agora o propósito do rejuvenescimento acha-se ausente e o indivíduo carece de incentivo na vida. Converte-se num inválido, uma tábua sobre o oceano da existência, frequentemente um louco.
O espírito, todavia, não é louco. Vê, conhece e alimenta um desejo ardente de utilizar seu corpo ainda que lhe seja impossível, pois amiúde não pode enviar sequer um impulso adequado aos seus nervos. Os músculos do rosto e do corpo não estão sob o controle de sua vontade; há falta de coordenação.
Deste modo, o espírito aprende uma das mais duras lições da vida, porquanto é muito pior do que a morte, achar-se sujeito à um corpo e não poder expressar-se através dele. Isto aconteceu porque a força de desejos necessária para pensar, falar e mover-se, exauriu-se em uma vida depravada, no passado, deixando o espírito sem energia para manipular seu atual veículo físico.