por Jonas Taucci
“Nós também somos aspirantes às iniciações místicas cristãs da Ordem Rosacruz. Como candidatos também devemos enfrentar provas, através das quais crescemos e avançamos. Podemos estar seguros de que estas provas serão tão difíceis como as tarefas de Hércules; mais dificultosas das que foram em épocas anteriores ao nosso. Em vários pontos dos Ensinamentos Rosacruzes, nos é dito que é mais trabalhoso entrar no caminho da iniciação à medida que o tempo passa.
Isso se deve – em parte – ao fator de, à medida que o tempo avança, o ritmo da evolução acelera-se.
Uma analogia: quando um trem de carga está saindo lentamente de uma plataforma na estação, podemos saltar nele. Mas quando o motor acumula impulso, sua velocidade aumenta lentamente e ao desenvolver grande velocidade, não há como seguir seu ritmo e muito menos saltar sobre o referido trem”. (Agenda 2023 da The Rosicrucian Fellowship – página 168).
Lembro de ter ouvido palestras nos Centros Rosacruz de Santo André e São Paulo – década de 70 – em que antigos probacionistas diziam exatamente desta forma:
“Nossa trajetória evolutiva, do Período Terrestre ao Período de Vulcano, será de menor duração do que a do Período de Saturno ao atual Período Terrestre. Evidente que – em se referindo a tempo – nos reportamos a segundos, minutos, horas, semanas, meses, anos, décadas, séculos, milênios etc. por isso, para uma melhor compreensão, entendamos que os “eons” de tempos a transcorrer do Período Terrestre ao Período de Vulcano, será menor que os “eons” de tempos compreendido entre o Período de Saturno ao Terrestre.”
“...o Reino dos Céus é tomado por esforço, e os que se esforçam apoderam-se dele”.
Evidente tratar-se de um caminho de muitas vidas dedicadas ao Ideal Crístico.
Um exemplo deste comprometimento com a obra de nascimento do nosso Cristo Interno, podemos encontrar na prática da ORAÇÃO ROSACRUZ.
Florence May Holbrook (1860-1932), uma americana do estado de Illinois, formada em literatura (universidade de Chicago), também professora e diretora em algumas escolas, foi autora de vários livros de literatura educacional.
Escreveu também um poema denominado “Uma Oração” (também foi publicado com um outro título, “Compreensão”) em seis partes.
Max Heindel (Cristianismo Rosacruz – Conferência XVII – O Mistério do Santo Graal), nos fala que esta oração apareceu no London Light e ele a “guardou como um modelo de prece ideal”, sendo incorporada no oficiamento do Ritual Rosacruz do Serviço do Templo.
No mês de julho do ano 1989, quatro quartas-feiras e dois domingos foram utilizadas para a realização de um ciclo de palestras no Centro Rosacruz de Santo André, sobre a ORAÇÃO ROSACRUZ. Tal evento contou com a participação dos probacionistas-palestrantes Antônio Munhoz, José Gonçalves Siqueira (Centro de São Paulo), Antônio Pereira (Centro da Penha), Maria de Lourdes (Centro de Piracicaba), Flávio Zangirolami e o colaborador deste blogue, representantes do Centro Rosacruz de Santo André.
Coube a cada um destes seis probacionistas-palestrantes, dissertaram sobre cada uma das seis partes da Oração Rosacruz, havendo em todas as reuniões um proveitoso debate entre os presentes.
Tal evento foi escolhido – criteriosamente – para ser realizado no mês de julho por se tratar do aniversário de Max Heindel, sendo a ele dedicado este ciclo de conferências.
ORAÇÃO ROSACRUZ
(1)
Não te pedimos mais luz, ó Deus.
Senão olhos para ver a luz que já existe;
Não te pedimos canções mais doces,
Senão ouvidos para ouvir as presentes melodias.
Em nosso interior reside a Luz (potencialidades Crísticas) que será desenvolvida apenas se vivenciarmos os preceitos do Cristo. Ansiamos por ouvir canções mais doces (“música das esferas”), contudo, negamos ouvir a voz dos desassistidos.
(2)
Não te pedimos mais força,
Senão o modo e usar o poder que já possuímos;
Não mais Amor, senão habilidade
Para transformar a cólera em ternura;
Solicitamos forças a Deus, mas não a direcionamos ao semelhante. Pedimos o amor de Cristo, mas não exercitamos a habilidade de sermos amorosos ao próximo, com o agravante da prática colérica (mental e verbal).
(3)
Não mais alegria, senão como sentir
Mais próxima essa inefável presença,
Para dar aos outros tudo o que já temos
De entusiasmo e coragem.
Nossas verdadeiras alegrias, residem em sentirmos o sorriso divino e inefável, emanado pela presença de nosso Cristo Interno, quando nos damos aos outros de uma forma entusiástica. Devemos cultivar a coragem e iniciativa (epigênese) para criar situações de altruísmo, e não apenas quando estas se apresentam.
(4)
Não te pedimos mais dons, amado Deus,
Mas apenas senso para perceber
E melhor usar os dons preciosos
Que já recebemos de Ti.
(5)
Faze que dominemos todos os temores,
Que conheçamos todas as santas alegrias,
Para que sejamos os Amigos que desejamos ser,
Para transmitirmos a Verdade que conhecemos;
A fé e praticidade que Cristo nos outorga, destrona temores. Aqui novamente a referência de excelsas alegrias: o júbilo interno sentido por seguir os ditames de nosso Eu Superior. Sobre amizade, vale ressaltar as palavras de Cristo (um Arcanjo) “Vós sois meus amigos” (Mateus 5:14), dirigida para a onda de vida dos Espíritos Virginais (humanidade, que insiste em não pratica-la entre si). Quão longe se está dos ideais Crísticos...
(6)
Para que amemos a pureza.
Para que busquemos o Bem.
E, com todo o nosso poder, possamos elevar todas as almas,
Afim de que vivam em Harmonia e na Luz de uma Perfeita Liberdade.
José Gomes da Silva (óculos, falecido recentemente), Flávio Zangirolami, Antônio Munhoz e Cristovão Martins; Centro Rosacruz de Santo André no encerramento do ciclo de conferências sobre a Oração Rosacruz e a lembrança do fundador da Fraternidade Rosacruz, Max Heindel. Julho de 1989. Foto Rosana Tempera.
Muito provavelmente este foi o motivo dela ser incorporada no Ritual Rosacruz do Serviço do Templo.