Com certeza, as pessoas que tiveram seus primeiros
contatos com os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental, – sejam
presencialmente, online, livros, folhetos etc. – e sentiram uma identificação
com os mesmos, tornaram-se membros ou simpatizantes. Comigo não foi diferente.
Entretanto houve um outro fator que me fez ingressar
na Fraternidade Rosacruz, naqueles anos 70: O comportamento de seus membros, dentro e fora dos Centros
Rosacruzes; a educação, fidelidade aos Ensinamentos, cordialidade, e sobretudo
a prestação de serviço. Dou testemunho de ter visto os irmãos irem visitar
enfermos, custear remédios, arrecadar agasalhos para desabrigados, levar uma
palavra amiga a doentes em hospitais. Enfim, esse era o quadro que encontrei em
minhas primeiras visitas a estes Centros Rosacruzes.
Quando fui convidado pela estimada amiga Maria
Lázara Franzini, a escrever artigos para este blogue, aceitei e disse a ela que
iria, também, prestar uma homenagem às pessoas que encontrei na Fraternidade (e
convivi por décadas), tendo já partidas para os Planos Internos. E assim tenho
feito.
Foram os melhores amigos(as) que encontrei na vida. Transmitiam os Ensinamentos
Rosacruzes em suas palestras ou textos, entretanto o comportamento destes
irmãos era uma extensão desta divulgação.
Evidente que sinto muita saudades deles, contudo há
algo que me conforta: Filosofia Rosacruz em perguntas e respostas –
Volume I , de Max Heindel;
- As perguntas 56 e 57, versam no mesmo tema – Encontraremos
e reconheceremos os bem-amados que passaram através do portão da morte? Fica a sugestão para consulta.
O probacionista João Augusto, jamais proferiu uma
palestra, jamais oficiou um Ritual (esteve presente em várias centenas deles);
considerava-se tímido para isto. Contudo, este irmão – até onde sei – foi o que
mais esteve na CASA DO ESTUDANTE (cidade de Campos do Jordão – SP).
Jamais a passeio!
Trabalhou na manutenção elétrica, hidráulica,
pintura, alvenaria etc. de uma forma abnegada. Aqui em São Paulo, visitava com
frequência hospitais, mesmo não conhecendo os pacientes, sempre levando uma
palavra de ânimo e estímulo. Vários remédios, alimentos e roupas este irmão
distribuiu a pessoas carentes.
Fazia algo “sui generis”: aos domingos pela
manhã, percorria várias bancas de jornais da cidade de São Paulo, solicitando –
e sempre sendo atendido – a que os jornaleiros inserissem nos jornais
dominicais e revistas semanais, folhetos da Fraternidade e a revista Serviço
Rosacruz. Sem dúvida, um material de excelente divulgação era levado a aproximadamente
uma centena de lares, todos os domingos.
Era calvo, e brincávamos com ele: - João, me empresta o pente? Um frondoso sorriso
estampava sua face diante disto.
Este irmão tinha uma predileção por um determinado
assunto nos ENSINAMENTOS ROSACRUZES; o cultivo do discernimento. Lembro-me de
várias ocasiões em que – juntamente com outros irmãos e irmãs - discorríamos
sobre este tema, e a importância dada por Max Heindel a isto: “O
discernimento é a faculdade que nos permite distinguir aquilo que é essencial
daquilo que não tem importância, separando a realidade da ilusão...” (Cristianismo Rosacruz – Conferência XI ).
Com respeito a isto, Cristo nos deu um maravilhoso
ensinamento, sem paralelos: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é
de Deus” (Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas).
Nós – como Cristos em formação – constantemente
estamos sendo confrontados com a necessidade de discernir;
* De um lado CÉSAR: os desejos e anelos de nosso
Eu-Inferior.
* Por outro lado, temos DEUS: os impulsos do
Eu-Superior.
A capacidade discernente que adquirimos nos
auxiliará a edificar, não só no presente, mas para vidas futuras também. À
medida que nosso discernimento se desenvolva mais efetivamente, poderemos levar
a cabo ações que nos produzam crescimento anímico.
Esta faculdade nos impulsiona a nos adaptarmos a
novas condições e ambientes; talvez em nenhum momento da história da
humanidade, as mudanças ocorreram tão velozmente como agora. A evolução não
prossegue sem transformações, e o discernimento determina quais mudanças são
salutares para nosso desenvolvimento interno.
Nunca devemos nos esquecer que – ao crermos que
nossas razões sejam justas e corretas – não estamos isentos de atos nocivos e
danosos que possamos cometer aos nossos semelhantes. Estes atos, certamente,
estarão sob nossa responsabilidade e acarretará a Lei de Causa e Efeito. Não
importa o quanto bem podemos aspirar e desejar para realizar, se o resultado da
falta de discernimento acarretar algo prejudicial, seremos responsáveis.
Robert Burns (1.759-1.796), poeta escocês, expressou
que seria ótimo nos vermos, como as pessoas nos veem. Sobre isto, várias
palestras – nos anos 80 – foram realizadas em diversos Centros Rosacruzes no
Brasil.
Ainda que o discernimento não nos dê inteiramente
esta capacidade, contribui enormemente para com nosso poder de observar - e
escolher - nossas ações.
Outro fator que fortalece nosso discernimento, está
no (noturno) exercício de retrospecção.
Por várias vezes a revista Rays from the Rose Cross
(Oceanside), publicou artigos sobre este exercício, dizendo que Max Heindel o
considerava como um dos mais importantes
ensinamentos promulgados pela Fraternidade Rosacruz.
Vale lembrar que este exercício não foi elaborado
por Max Heindel; ele o recebeu dos Irmãos Maiores, conforme ele mesmo afirma.
(Iniciação antiga e moderna – capítulo III – Sala leste do templo – parte A
mesa dos pães da proposição).
Por ter uma fé inabalável nas respostas de Max
Heindel às perguntas no livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas –
Volume I, citado acima, tenho convicção que, em algum lugar e tempo,
perguntarei novamente ao meu inesquecível amigo: - João, me empresta o pente?