por E. Hansen
Curar é uma palavra mágica. Uma palavra capaz de fazer soar uma corda dentro de todos os corações. Quem, dentre nós, nunca sentiu interiormente um movimento de piedade e desejou possuir mãos com o dom de curar? Que coração não se comoveu ante a possibilidade de suprimir a dor, o sofrimento e a enfermidade, obstáculos a limitar a livre expressão de nossos irmãos? Tantos pediram este poder divino em suas orações. Tão poucos se dão conta do que pedem e do sacrifício que isso encerra.
Através das idades, o gênero humano vem buscando incessantemente a fórmula mágica - a panaceia (veja mais informações neste artigo)- para remover os males do corpo e da mente. Durante a marcha dos séculos apareceram curadores divinos que verdadeiramente procuraram extrair a água da "Fonte da Cura", oferecendo-a aos sofredores.
Estes curadores, todavia, não eram a fonte, nem a água. Eram unicamente canais, instrumentos para a condução da Graça Divina à humanidade enferma. O maior curador de todos os tempos foi Cristo Jesus, o canal mais perfeito que já caminhou sobre a Terra. Foi o mais exaltado instrumento através do qual a Luz, a Vida e o Amor do Pai puderam encontrar expressão. Amiúde dizia: "Não sou Eu, mas o Pai em Mim que faz as obras". Ele mesmo nos deixou a promessa de que faríamos tudo o que fez. Ressaltou a possibilidade de convertermo-nos em canais por onde possam expressar atos de misericórdia e cura.
Nota da edição: O belo poema abaixo de autoria de John Greenleaf Whittier, dedicado a um jovem médico, mostra-nos claramente essa possibilidade, se resolvermos realmente colocar em prática os ensinamentos. Por essa razão tomei a liberdade de inserí-lo.
The Healer
So stood of old the holy Christ
Amidst the suffering throng;
With whom His lightest touch sufficed
To make the weakest strong.
That healing gift He lends to them
Who use it in His name;
The power that filled His garment's hem
Is evermore the same.
For lo ! in human hearts unseen;
The Healer dwelleth still,
And they who make His temples clean
The best subserve His will.
The holiest task by Heaven decreed,
An errand all divine,
The burden of our common need
To render less is thine.
The paths of pain are thine.
Go forth With patience, trust, and hope;
The sufferings of a sin-sick earth
Shall give thee ample scope.
Beside the unveiled mysteries
Of life and death go stand,
With guarded lips and reverent eyes
And pure of heart and hand.
So shalt thou be with power endued
From Him who went about
The Syrian hillsides doing good
And casting demons out.
That Good Physician liveth yet
Thy Friend and Guide to be
The Healer by Gennesaret
Shall walk the rounds with thee. —
Para seguirmos Seus passos, tornando-nos canais radiantes de luz e força curadora, devemos aspirar a ser curadores. A aquisição do conhecimento, embora se constituindo em um mero princípio neste trabalho, é um passo necessário. Do devido uso do conhecimento surge o poder. A aquisição do conhecimento constitui sempre um prelúdio para sua utilização. Aqueles que assistiram aos cursos ministrados durante a Escola de Verão em Mount Ecclesia, puderam obter um vislumbre dos muitos fatores requeridos pelo trabalho de cura. Ensinou-se-lhes como as leis operam sobre os planos físico, mental, emocional e espiritual. À medida que se medita sobre eles as “Portas da Inteligência” começam a abrir-se, ampliando nossa consciência. Desenvolvem, também, nossa intuição e percepção interna, convertendo-se, gradativamente, em uma ferramenta mais eficiente, um instrumento mais útil para conduzir a "água da vida" aos outros. Mas, para que nos convertamos realmente em verdadeiros canais de cura, um preceito deve ser entendido e consolidado em nosso interior: "o Cristo" - o Senhor da Cura é a encarnação do Princípio do Amor Divino. E se desejamos aprender a curar, cumpre-nos, antes de mais nada, aprender a amar. O amor não é meramente um sentimento, nem uma emoção, mas um princípio atual, um poder divino latente em cada um de nós. É a influência que sustém, preserva e protege toda a criação. E, naturalmente, toda cura está contida no amor. É fácil ver em proporção ao nosso desenvolvimento do Princípio de Cristo - poder do amor dentro de nós e abençoar. -se crescemos em graça e habilidade para curar.
Cristo Jesus, como sabemos, produziu milagres na arte de curar, era possuidor da habilidade de curar instantaneamente aqueles que mereceram essa bênção. Como se verificaram esses milagres? Max Heindel nos oferece uma explicação iluminadora:
Esta referência às vibrações planetárias em relação à cura é um ponto vital a ser considerado na arte de curar. Portanto, contemplemos as estrelas, pois ali se encontra a Escritura de Deus estampada. Ali, no firmamento, existem verdades sagradas ocultas, reveladas apenas àqueles que aspiram a ler as inscrições estelares.
Na ciência da astrologia, a sexta casa associa-se à enfermidade e à saúde. O regente natural deste departamento da vida é Virgo, a Virgem Imaculada, o símbolo da pureza, do discernimento e do serviço. O Maior de todos os curadores nasceu da Virgem. À medida que crescemos em qualidade de serviço e pureza, apressamos o nascimento do Cristo-Menino dentro de nós. Enquanto não houver o nascimento Crístico em nós, não poderemos converter-nos em curadores afortunados. Está aí uma lição ensinada por Virgo.
Observemos agora o signo que rege a cura. Vejamos o dinâmico Escorpião representado pelo escorpião, a serpente e a águia. A serpente representou sempre a força criadora: envilecida converte-se em escorpião ou degeneração. Elevado e transmutado, porém, transforma-se no símbolo da águia, a regeneração (veja este interessante artigo É interessante observar uma característica das pessoas de Escorpião: possuem uma habilidade natural para curar.
Nos velhos livros de astronomia a constelação de Escorpião abrangia também a de Libra. Assim, Virgo e Escorpião permaneceram lado a lado nos céus. Depois, parte da constelação de Escorpião serviu para formar os pratos da balança (Libra). Isto, em si mesmo, é muito significativo. Em um lado dos céus estrelados permanecia Virgo, a Imaculada Virgem; no outro está Escorpião. E reluzindo entre eles, em refinada beleza, estão os pratos de Libra, formando uma verdadeira ponte de amor, harmonia, beleza, equilíbrio e proporção unindo os dois signos representativos da saúde e cura.imagem
Que formosas lições podemos aprender contemplando esses signos zodiacais. As Hierarquias celestiais expressando-se através deles nos ajudarão a desenvolver poderes divinos, convertendo-nos em canais individuais de cura. Encontramos a pureza, o discernimento e o serviço simbolizados por Virgo devendo mesclar-se com o amor, beleza e equilíbrio de Libra, além de combinar-se com o poder de Escorpião. Com esse ideal como nossa meta- pois sem ideais elevados não faríamos nenhum progresso - nossos corpos se transformam em canais radiantes, tornando-nos dignos de confiança e capazes de fazer bom uso do poder curador. Em nossa contemplação dos símbolos celestiais destacamos Libra, a ponte celestial entre Virgo e Escorpião. No palácio de Libra mora o amor, o princípio crístico - a chave mágica para a verdadeira cura.
Como seus companheiros naturais notamos a beleza, a harmonia, a música, o equilíbrio, a justiça e a proporção.
Libra carrega os pratos da alegria e da tristeza. Se cruzarmos sem perigo a ponte de Libra, conduzindo desde Virgo à terra misteriosa de Escorpião (cura), devemos primeiramente equilibrar tais pratos. Em um deles permanece Vênus - o regente deste signo - símbolo da alegria. No outro encontramos Saturno - exaltado em Libra representando a tristeza. Este equilíbrio da alegria e tristeza em nossas vidas pessoais encerra uma poderosa lição e um grande desafio.
Não se pode encontrar uma melhor descrição desse equilíbrio que nas palavras do poeta Khalil Gibran:
"Vossa alegria é vossa tristeza descoberta."
"E do manancial onde aflora vosso riso, jorram amiúde vossas lagrimas." "E como mais poderia ser?" "Enquanto se aprofunda vossa tristeza, mais alegria poderá obter." "Alguns dirão: "A alegria é maior que a tristeza; "E outros afirmarão: "A tristeza é maior."
"Porém, eu vos digo que são inseparáveis.
"Juntas vêm, e enquanto uma permanece só à mesa, "Recorde que a outra está dormindo em vosso leito. "Certamente estais suspensos, como os pratos, "Entre vossas alegrias e tristezas."
Somente quando aprendermos a equilibrar alegria e tristeza em nossas reações às experiências da vida, poderemos adentrar a casa do tesouro de Libra. Assim, ao delinearmos, individualmente, o modelo de nossas vidas, investimo-nos das qualidades positivas exemplificadas por esses nobres signos. Ao fazê-lo, capacitar-nos-emos para a missão de Curadores Divinos. Esforcemo-nos em converter-nos não em curadores, mas em canais puros, através dos quais o poder de cura do nosso Pai Celestial possa fluir. Cristo nos ensinou isto na expressão: "Não se faça a minha vontade, mas a Sua, Pai". Assim não correremos o risco de fazer uso indevido desse poder celestial.
Um poeta desconhecido nos enseja a chave nestas palavras:
"Se possuis o coração compassivo,
O cérebro onisciente, a mão que cura,
A sempre radiante coroa de sabedoria e amor,
Se podes obter tudo isto e ser um Deus,
Não busques a fama: unicamente o Serviço Amoroso Obtém este poder."
Estas últimas palavras nos deixam entrever o segredo da cura, como pode ser observado nos céus: serviço (Virgo) no amor (Libra); este dom pode ser adquirido (Escorpião).
Os céus indicam o caminho da cura. Nós, aspirantes à vanguarda do trabalho espiritual, podemos e devemos nos converter em uma verdadeira legião de luz - canais de luz - pois como Filhos de Deus, temos o privilégio de apressar o dia quando o "Sol da retidão levantar-se-á com a Cura em suas asas".
Publicado na Revista Serviço Rosacruz, outubro,1976