05/07/2025

UMA LENDA SOBRE A FRATERNIDADE

"Ilustração da revista Rays From The Rose Cross da The Rosicrucian Fellowship, janeiro-fevereiro de 2000
Por Jonas Taucci 

A ORIGEM: Hiram Abiff, o construtor do Templo de Salomão renasceu como Lázaro, que após a sua "ressurreição" (iniciação) por Cristo, conhecemos por João, o evangelista, como revela a ilustração acima e que por sua vez, como Christian Rosenkreuz, fundou a Ordem Rosacruz em 1313, sendo o cabeça dos 12 Irmãos Maiores.

Max Heindel (Maçonaria e Catolicismo) nos fornece maiores e profundas informações.

Um dos Irmãos Maiores foi o Mestre a quem Max Heindel se refere nas suas obras e o orientou a fundar a Fraternidade Rosacruz em 1909.

No ano de 2013, a The Rosicrucian Fellowship mencionou os 700 anos de fundação da Ordem Rosacruz.


O título acima nomeia um artigo publicado na revista Serviço Rosacruz (durante décadas, fiel órgão de divulgação do Centro Rosacruz de São Paulo) em setembro de 1975, o qual reproduzimos abaixo.

Três mendigos - um surdo, um cego e um aleijado - caminhavam próximos da região da Samaria, quando um deles disse:

- Sou surdo.

O segundo falou:

- Sou cego.

O terceiro assim se expressou:

- Sou aleijado.

Então, como sempre andavam juntos, um deles disse:

- Posso ouvir pois tenho vocês dois como meus ouvidos.

E o outro:

- Posso ver pois tenho os olhos de vocês dois.

E disse o último:

- Certamente, vocês são as minhas pernas.

Então os três louvaram a Deus e se regozijaram.

Quando eles se aproximaram de Samaria encontraram um outro mendigo que, leproso, trazia a boca velada e um chocalho na mão.

Ele se manteve afastado e pediu esmola aos três, que responderam:

- Somos mendigos, não temos nada, vamos a Samaria pedir esmolas porque os samaritanos são dadivosos.

Então o leproso chorou e lhes disse:

- Embora não possuam nada, vocês são abençoados porque são três e se auxiliam mutuamente.

Quando ouviram isto, um disse ao outro:

- Nós temos companhia. E comovido por este fato, consentiram a companhia do leproso, dizendo:

- Venha conosco.

O leproso alegrou-se muito ao ouvir isto e falou:

- Vamos então para Belém, porque esta noite tive um sonho anunciando o nascimento do Messias.

O caminho para Belém era pedregoso e difícil. A noite caiu e o cego pode ser guiado na escuridão.

Alcançaram um estábulo em Belém, e recearam em bater. Dentro, José, Maria e o Menino lá estavam. Ouvindo barulho de pés e de conversas, Maria abriu o postigo e perguntou quem eram e o que desejavam, ao que responderam:

- Somos mendigos e soubemos que o Messias nasceu e devido a isto viemos.

Maria perguntou:

- Que presentes vocês trouxeram? Pois ninguém pode entrar sem ofertas.

Os mendigos baixaram seus olhos e responderam que nada tinham para oferecer.

Maria perguntou, então:

- Quem é aquele ali ao lado?

Então um os três disse:

- Nós trouxemos este homem conosco, ele é leproso e samaritano.

Maria abriu as portas; eles entraram e contemplaram o Salvador; o cego recobrou a visão, o surdo ouviu e o aleijado levantou-se.

E olharam para ver o leproso, que também estava curado, mas ele desaparecera em seguida.

Era um anjo do Senhor.



O texto acima transmite – veladamente – a Obra Alquímica a ser realizada pelo aspirante rosacruz.

Mendigo representa pobreza espiritual resultante da surdez daquele que não ouve pedidos de auxílio, cegueira no olhar seus irmãos em dificuldades e nada fazer, impossibilitando-se desta maneira de caminhar (aleijado) na Vinha do Cristo.

Em determinado momento, o aspirante rosacruz inicia a prática da Fraternidade: oferece sua visão, falar e andar aos seus semelhantes, acolhendo também desassistidos (os leprosos, eras vistos com repugnância e excluído da sociedade nos tempos antigos; o chocalho anunciava a sua chegada e presença para que as pessoas de afastassem deles).

Tem início assim a Obra Alquímica (um caminho pedregoso, difícil e percorrido à noite) como refere-se o texto, objetivando o nascimento do Cristo Interno.

Ao chegarem ao estábulo, Maria pergunta quais presentes trouxeram ao recém-nascido, pois sem eles não há possibilidade de entrarem: isto pode parecer um comportamento não condizente ao de Maria (a que Max Heindel afirma ser uma alta iniciada), contudo encerra a primícia de que se não ofertarmos presentes ao nosso Eu Superior, não haverá nascimento de nosso Cristo Interno.

Jesus (adulto) cedeu voluntariamente seus Corpos Denso e Vital a Cristo, e este trouxe à humanidade um fator praticamente inexistente no Velho Testamento; o ALTRUÍSMO que relaciona-se ao signo astrológico de Aquário e ao planeta Urano. Sendo os Ensinamentos Rosacruzes Aquarianos e na eventualidade da não vivencia do ALTRUÍSMO, estamos equivocados ao escolhermos a Fraternidade Rosacruz como uma escola para filiação.

Não há – absolutamente – outra forma do nascimento de nosso Cristo Interno sem a vivência do ALTRUÍSMO: cursos, palestras, artigos, livros, conhecimentos sobre Filosofia Rosacruz e astrologia são, ainda que profundos, meros indicativos para isto.

Existe uma frase atribuída ao filosofo e economista escocês Adam Smith (1723-1790) que amolda-se perfeitamente a isto:

“A ambição universal do homem é colher o que nunca plantou”

Os três amigos, com suas deficiências, auxiliaram-se uns aos outros e aceitaram a companhia do leproso: estas atitudes foram oferecidas ao rebento Jesus, e a partir disto ficaram curados: a elevação espiritual (nobreza interna e não mais a miséria) que ouve, vê e caminha.


Os Reis Magos (Evangelho de Mateus – 02:11), referendando este artigo, ofereceram ouro (Espírito), incenso (Corpo Denso) e mirra (Alma), tendo desta forma acesso ao estábulo para ver Jesus infante. Max Heindel em Filosofia Rosacruz em P&R - volume I - em resposta à pergunta 95, nos transmite um verdadeiro Tratado Alquímico sobre isto.

Quanto ao leproso (aquele que em tempos bíblicos eram excluídos e rejeitados pela sociedade) que foi acolhido, ele representa todos aqueles que necessitam de nossa ajuda, e nos alavancam para uma expansão de nosso Eu Superior, quando os auxiliamos. Contudo a repugnância (egoísmo, orgulho, inveja e indiferença) nos afastam para longe da Senda para o nascimento do Cristo Interno.

O fundador da Fraternidade Rosacruz também nos orienta (Iniciação Antiga e Moderna – Capítulo IV – A Arca da Aliança) que “...o maior heroísmo, o grande martírio é, por vezes, fazer as pequenas coisas que ninguém nota, e sacrificar-se no simples serviço aos outros”


Naquele sábado ensolarado pela manhã, 17 de maio do ano de 1980, partiu do Centro Rosacruz de São Paulo, uma caravana de probacionistas, estudantes, amigos e familiares rumo à Casa do Estudante (na cidade de Campos do Jordão) para um convescote. Muitos foram em seus automóveis, oferecendo lugares a várias pessoas, outros em uma Kombi (lotada e dirigida pelo probacionista Alexandre Rodrigues) e houve quem fosse de ônibus.

No horário do almoço – já encontrando-se todos na Casa do Estudante – quatro dedicadas irmãs preparam um delicioso almoço vegetariano servido aos presentes, a que após isto um maravilhoso passeio ocorreu pela belíssima Campos do Jordão até o final da tarde, estando o sol dando os ares da graça.

Era outono e uma quantidade enorme de folhas - das mais variadas cores - serviam de tapete para ruas, avenidas e praças de Campos do Jordão. A irmã probacionista Ana Rondini Tempera lembrou a estação e a citação de Max Heindel de que “a natureza é a expressão física de Deus” e seu esposo, igualmente probacionista Armando Tempera, inseriu uma fita K7 (estamos em 1980) no “toca fita” de seu automóvel.

Foi ouvida As Quatro Estações do compositor barroco italiano Antonio Vivaldi (1678-1741), evidentemente com o movimento “O Outono”.


Pontualmente as 18:30 horas, já com o retorno de todos os membros da caravana, teve início o oficiamento do Ritual Rosacruz de Cura (nesta data a Lua transitou pelo signo astrológico de Câncer) que foi seguido por palavras de gratidão por tão fraterno encontro rosacruciano, pelo irmão probacionista Antonio Munhoz.

Os irmãos João Pinhata, Joseph Faga e José Augusto Pinto Coelho também fizeram uso da palavra, reforçando o agradecimento aos Irmãos Maiores pela autêntica amizade (atributo aquariano/uraniano) reinante naquele final de semana.

Antonio Pereira finalizou com a leitura do texto “Uma Lenda sobre a Fraternidade” acima exposto, com a referida interpretação.

Terminada as alocuções e após uma ligeira refeição noturna, alguns irmãos regressaram a São Paulo, outros permaneceram até a tarde do dia seguinte (domingo).

Este passeio - com maiores detalhes - foi publicado na revista Serviço Rosacruz do mês de junho de 1980.

Convescotes para a Casa do Estudante, ocorriam com frequência entre as décadas de 60 a 80, transpassados de um profundo teor de companheirismo e sempre acompanhado do oficiamento dos Rituais Rosacruzes.


Este artigo está sendo dedicado ao Fundador da Fraternidade Rosacruz, pelo seu 160º aniversário de nascimento.

MAX HEINDEL - 23 DE JULHO DE 1865 - 23 DE JULHO 2025