27/09/2020

O Dia em que a Fraternidade Rosacruz foi aoTeatro

      por Jonas Taucci

As dependências do Teatro Municipal da cidade de Santo André (São Paulo – Brasil) achavam-se totalmente lotadas: poltronas, frisas e camarotes, naquela noite de outubro do ano 1.983.


Membros da Fraternidade Rosacruz – Centro de Santo André, ocupavam seus postos: bilheterias, locais de acesso ao interior do teatro, balcão de informações, e indicando também os locais às pessoas para encontrarem seus respectivos assentos. A programação era distribuída a todos:

No prospecto constava o endereço do referido Centro Rosacruz, e datas/horários de suas reuniões. Também vários folhetos dos Ensinamentos Rosacruzes foram – gratuitamente – distribuídos a todos os presentes: A Idade Aquariana, Irmãos da Rosacruz, Interpretação Rosacruz do Cristianismo, A Sabedoria de uma Dieta Vegetariana, O Emblema Rosacruz, A Nova Higiene de Vida, A Lei e Nossas Necessidades, O Valor Educacional da Astrologia, Efeitos do Álcool, Drogas e Cigarro, além de várias revistas Serviço Rosacruz (do Centro de São Paulo).

 

Houve uma ampla divulgação deste Concerto Operístico – de forma antecipada - em jornais, revistas e emissoras de rádio, o que muito contribuiu para a lotação do Teatro Municipal de Santo André (com sua estupenda acústica).

 

A maestrina e pianista Mitzi Floehlich, conduziu de forma magistral o Grupo Lírico do ABC, apresentando obras de Monteverdi, Pergolesi, Cimarosa, Scarlatti, Verdi e Rossini na interpretação de excelentes tenores, barítonos, sopranos e contraltos.

 

A Secretaria da Cultura da cidade de Santo André, cedeu gratuitamente o Teatro Municipal para tal evento e a arrecadação – integral da bilheteria – foi destinada a uma instituição de caridade voltada ao idoso, localizada na cidade de Santo André, sendo estas informações registradas em Ata de Assembleia do Centro Rosacruz de Santo André, juntamente com carta emitida pela referida instituição, notificando (e muito agradecendo) o recebimento do tão necessário auxílio financeiro.

 

Um grande número de pessoas, após o Concerto Operístico, procurou os Centros Rosacruzes de Santo André e de São Paulo, em busca de maiores informações sobre os ENSINAMENTOS DA SABEDORIA OCIDENTAL, e várias iniciaram o Curso Preliminar de Filosofia Rosacruz.

De ascendência austríaca, Mitzi Floehlich, eximia maestrina, cantora, organista, professora de canto e pianista, contribuiu amorosamente - uma enormidade e por décadas - para com estes Centros Rosacruzes, em suas celebrações natalinas (dezembro) e aniversários (Santo André em maio e São Paulo no mês de setembro).

 

Comparecia abnegadamente, com parte de seu (numeroso) Grupo Lírico do ABC, inserindo páginas musicais inesquecíveis nestas datas.

 

Os Hinos Rosacruzes de Abertura, Encerramento, e signos astrológicos dos meses em vigência, eram executados e cantados de forma magistral. Para se ter uma ideia de seu repertório em suas colaborações musicais na Fraternidade Rosacruz, cito algumas:

 

Lullaby (Brahms) Agnus Dei (Bizet), Ária da Corda em Sol (Bach), No Jardim de um Mosteiro (Katelbey), Pomp and Circunstance (Elgar), Magnificat (Monteverdi), Parsifal e Lohengrin (Wagner), A Flauta Mágica (Mozart), Ave Maria (Cesar Franck), Pater Noster (Liszt), Coral da 9ª Sinfonia (Beethoven), além de várias músicas natalinas e de aniversários.

Oportuno citar o artigo elaborado pelo Centro Rosacruz de Seattle (USA), final dos anos 60, com tradução de dedicados probacionistas aqui do Brasil (será publicado futuramente neste blogue), com referência às formas de divulgação dos ENSINAMENTOS DA SABEDORIA OCIDENTAL.

 

O texto descreve– entre outros itens - convidar pessoas a conhecerem os Centros Rosacruzes, presentear amigos e doar a bibliotecas os seus livros e folhetos, falar dos cursos, etc. Evidentemente, por ser artigo dos anos 60, não haver referências aos atuais avanços da informática (que muito contribuí atualmente na difusão).

 

Contudo, neste texto cita-se como o primeiro passo que devemos considerar para esta divulgação:

 

- Nossa prestação de serviço abnegado ao semelhante, acompanhado da humildade; nossos atos diários são vistos por pessoas, sendo esta a melhor forma de divulgarmos os Ensinamentos Rosacruzes. 

 

- Tudo o mais é secundário (por vezes terciário, quaternário...).

 

Tive o privilégio e a felicidade de conhecer, por anos, a maestrina Mitzi Floehlich.

 

Ela divulgou os Ensinamentos Rosacruzes pelo seu comportamento.

 

Naquele ano, teatro, evento e principalmente pela finalidade, a Fraternidade Rosacruz recebeu um sonoro (e superlativo) “bravíssimo! ”.

20/09/2020

Miguel Ângelo Buonarroti, O Filho da Luz

                              

por Delmar Domingos de Carvalho


... quando visitamos a Itália os objetivos eram essencialmente obter dados sobre os rosacrucianos desde Dante, a S. Francisco de Assis, Santo António, Leonardo da Vinci, Miguel Ângelo, entre outros.

 

Um dos locais que mais ansiávamos analisar e contemplar era a Capela Sixtina. Só que para analisar esta obra tão grandiosa seria necessário muitos meses...mas deu para tomarmos notas valiosas.

 

Ressaltam logo duas: os painéis centrais são 27; juntando os laterais dá o número 33; ambos encerram o nº 9, esse número cabalístico ligado à Humanidade, desde os eleitos 144 000, até às 9 Iniciações Menores. E isto leva-nos até ao poeta rosacruciano, Dante, que muito influenciou este Filho da Luz, o qual em sua obra, ” A Divina Comédia”, usa este número, com a divisão em 33 cantos, ou seja, 3x 3= 9, por sinal a idade com que Jesus Cristo nasceu para o santo etéreo monte, também igual à Latitude da Sede Mundial da Fraternidade Rosacruz, etc.

 

Por outro lado, sabe-se que as medidas desta Capela são iguais às do Templo de Salomão o que ainda mais a liga à Humanidade e ao plano cósmico.

 

Entre as figuras que Miguel Ângelo pintou, neste teto, eis que na que podemos dar-lhe o nº 25=7, está a famosa Sibila Délfica. Este retrato tem sido alvo de muitas fotos, de muitas impressões, de análises: mas há um pormenor pouco focado que está no seu pé esquerdo: surgem 6 dedos, tal como fez Rafael em dois quadros: no Casamento Místico dos altos Iniciados José e Maria em que S. José tem seis dedos também no mesmo pé, como nos relata Max Heindel na obra Iniciação Antiga e Moderna (ver página 69 da edição da F.R. de Portugal, 1999). Em Delfos houve o culto a Apolo, o Sol, o Deus da Luz, e as Sibilas deste antigo santuário tinham poderes proféticos. Note-se ainda que o quadro nº 9 foca Noé embriagado, numa ligação esotérica profunda e o que representa o seu sacrifício está no nº 7; por sua vez, o dilúvio universal, no nº 8. Ficamos por aqui e vamos até à sua escultura “ A Pietá” de Santa Maria del Fiore em Florença.



Cada qual tem a sua interpretação desta enigmática obra. Tudo leva a crer que Miguel Ângelo se representa a si mesmo ou como sendo Nicodemos ou José de Arimatéia, segundo várias opiniões. Para nós surge-nos como uma mistura destas duas personagens carregadas de rico simbolismo esotérico; ele é Nicodemos, em grego, “ o conquistador do povo”; que revela grande coragem na defesa de Cristo contra a Sua condenação (João 7-50-52) e que ajuda José de Arimatéia na colocação do corpo de Jesus no sepulcro. Ora este foi quem recolheu o sangue de Jesus Cristo no cálix, o Cálix do Santo Graal, cuja simbologia está intimamente ligada com o Amor Puro dos Cavaleiros do Graal, Ordem Iniciática da Idade-Média, à qual esteve ligado Jesus. O mesmo sucedeu com a Ordem dos Cavaleiros da Távola Redonda, do enigmático Rei Artur. Em ambos, surge o símbolo da Rosa e da Cruz.

 

Na realidade este Filho da Luz e do Fogo soube levar pesada cruz tendo como Ideal o verdadeiro e Único Cristo que veio para todas as religiões e para todos os povos; quão grande terá sido a sua dor incluindo a vida não lhe ter permitido dar o seu profundo amor de Vênus na dinâmica positiva, sublimando-o totalmente no de Urano, platônico, à sua amada, a marquesa Vottoria Calonna, mulher progressista, em cuja casa reunia pessoas de elevado nível cultural e espiritual, incluindo o português Francisco de Holanda que viria a escrever algo sobre este gênio imortal. Quantas discussões sobre vários temas transcendentais não terão sido realizadas em sua casa? Temas que a inquisição jamais poderia autorizar, antes tudo queimaria, como as obras dos rosacrucianos Picco del  Mirandola, ou de Marsílio Ficino, defensores da lei do renascimento, estas já conhecidas de Miguel Ângelo em casa de Lourenço , o Magnífico.

 

E porquê a célebre estátua de Moisés que contemplamos como uma criança…e nos lembramos da famosa frase: “ Fala Moisés”, pois porquê Miguel lhe colocou dois chifres no cimo da cabeça? Simboliza dois raios de Luz, defendem uns; mas não será muito mais? Quem iniciou e divulgou a doutrina do Cordeiro, uma Nova Religião, sendo o precursor de Jesus Cristo? Não foi Moisés? Com este profeta eis a Idade de Áries, o fim do culto a Taurus e ao mesmo tempo a abertura ao caminho Iniciático, onde as duas glândulas, epífise e hipófise se podem unir criando o caminho para o canal da Luz do clarividente voluntário.


Enfim, resta-nos focar um pouco da sua poesia, tão unida à de Dante, com uma concepção cosmológica do “ non finito” que se espelha em todas as suas obras.