Artigo traduzido revista Rays from the Rose Cross
As tentações do Caminho são, do ponto de vista espiritual, degraus
necessários na escalada e não obstáculos penosos como muitos pensam. No
processo de transmutação da nossa natureza inferior nos é revelado se há
necessidade de mais "destilação". As partículas de egoísmo, gula,
medo, vaidade e materialismo ainda existentes em nós, vibram em uníssono com
o mal da tentação. Amfortas não teria sido seduzido por Kundry se a sua
natureza inferior não contivesse vibrações inferiores, semelhantes. O raio "lazer"
da verdadeira sabedoria espiritual lhe teria permitido ver a ilusão criada pelo
mago negro ao redor de sua serva Kundry.
Às vezes o mal pode assumir aparências atraentes, mas nunca as
vibrações elevadas do bem. É por isso que devemos observar. É por isso que
aprendemos a discriminar. É por isso que devemos testar todas as coisas.
Enfrentando nossas experiências com o nome e a Luz de Cristo, a vibração do mal
não poderá resistir. Klingsor temia o puro e ingênuo Parsifal. Fomos exortados
pelo Mestre a tornarmo-nos como crianças. A ciência nos legou o axioma:
"Do nada, nada se produz". O mago, tanto quanto o alquimista, necessitam
de um núcleo ao redor do qual possam efetuar seu trabalho. Não havia núcleo da
maldade em Parsifal. Nem vibração de vaidade, impureza, desejo egoísta. Não
existia do material que Klingsor pudesse ampliar e... aproveitar.
Por isso, quando nós, alquimistas espirituais, vigilantemente procurarmos a "Divina Essência", o bem, o
"NÚCLEO--DEUS" cm toda parte, poderemos ampliar essa vibração em
nós. Assim, no devido tempo, todo o mal existente será transmutado em bem.
Esse princípio vibratório foi assim expresso por Lao-Tse. Quem
possuir o Segredo da Vida não cai vítima do rinoceronte e do tigre, c não
necessita de armas quando entra num acampamento ocupado por gente hostil;
porque o rinoceronte não encontra um lugar para lhe fincar o corno; o tigre
não tem onde cravar a sua garra e o soldado a sua flecha. Ele não possui
nenhum ponto pelo qual a morte possa entrar".
A Transmutação
Na fase final de sua própria transmutação, o possuidor do Segredo
da Vida — a Pedra Filosofal — controla o seu meio-ambiente imediato, de dentro
para fora. Como o seu núcleo vibratório é de "vida", não se torna
vítima da vibração do medo e não receia a animosidade alheia, porque se
considera UM com tudo e projeta oratoriamente esse estado.
A "Luz Branca" contém, como sabe o aspirante, todas as
cores primárias. "Deus é Luz e se andamos na Luz como Ele na Luz está,
seremos fraternais uns com os outros". Quando seguimos o Cristo
convertemos as trevas em luz, a separatividade em unidade, a baixa vibração em
vibração elevada, a paixão em compaixão. A pedra tosca de nossa natureza se
torna polida pelo serviço. Converte-se na PEDRA que transmuta em ouro tudo o
que toca.
Porém, há provas no percurso, em todos os níveis de realização
espiritual. Até o Cristo foi tentado, para servir-nos de exemplo. Diante do
poder, riqueza e conforto, de um lado, e a angústia, sofrimento e a cruz, do
outro estamos certamente longe de fazer a nossa escolha tão facilmente como
Ele a fez.
Os "testes" servem para verificar se a nossa escala
de valores está bem "calibrada". Movidos por intenções puras para com
o resto da humanidade e fiéis às Leis da Natureza, podemos dizer como
Cristo-Jesus: "Seja feita a Tua vontade e não minha". Quando
tentados a usar poderes espirituais para proveito próprio, em tempos de
perigo, falaremos como o Cristo-: "Afasta-te Satanás”.
O Cristo não veio para resistir ao mal, ou destruí-lo repentinamente.
Limpou com Seu próprio sangue as vibrações inferiores do corpo de desejos da
Terra, a fim de que a nossa evolução não sofresse solução de continuidade. Mirando-nos
em Seu exemplo, procuraremos transmutar o mal em bem, empenhar-nos-emos
sinceramente em encontrar e reconhecer as boas qualidades alheias, amaremos
nossos “inimigos” e oraremos pelos nossos perseguidores porque o MAL não pode
tolerar o AMOR. Não pode penetrar o círculo formado pela devoção e caridade.
Tampouco passa através do dourado manto Nupcial, tecido através de uma vida de
serviço. Como Parsifal, serermos protegidos contra os avanços de Klingsor,
vestindo toda a “armadura de Deus”, usando a “lança” em sua devida e justa
finalidade.
Tradução feita por Raymonde Goldenberg - publicada na revista Serviço Rosacruz, julho,1977