22/03/2013

Sem Calvário Não Há Domingo da Ressurreição


O caminho até o Calvário tem de passar pelo Jardim de Getsêmani, cenário do grande conflito com a dor e a aceitação derradeira. Aqui tem lugar a batalha final se tivermos suficiente valor para tomar nossa Cruz no sofrimento aceito e seguir até a Ressurreição através do Calvário. Estivemos muitas vezes no Horto de Getsêmani pedindo: "Que este cálice de dor acabe", mas a dor não irá embora nem o Poder Curador do Pai se filtrará em nós até que elevemos nossas consciências para dizer com e como Cristo: "Não seja feita a minha vontade, mas sim a Vossa".

Quando esse momento chega, avançamos para enfrentar triunfalmente qualquer prova, na firme convicção que este é um meio para alcançarmos um fim glorioso. Um processo regenerativo que nos irá emancipar em um ritmo crescente de todos os males de que a carne é herdeira, a crucificação de nossa personalidade que, de forma correspondente, libertará o nosso espírito. Em cada prova sentiremos o sabor do Calvário, em cada vitória nos aproximaremos da Ressurreição.

Através de vidas incontáveis nos profundos mistérios de nosso ser, o Cristo de nossa própria divindade foi sepultado, amarrado e esquecido dentro de nós, enquanto nos inclinávamos somente aos interesses materiais. Agora, sentimos que estamos insatisfeitos e agoniados por esse modo de viver e estamos dispostos a carregar a cruz. Pensamentos, sentimentos, atos passados e presentes são utili­zados para crucificar nossa personalidade e fazer que o ser espiritual que há em nós, o Cristo Interno, se eleve em Esplendor e Poder dentro de nossas almas, para que possamos converter-nos em novas criaturas n'Ele, vitoriosas sobre a vida transitória e herdeiras das ocultas riquezas do Céu.

Somente assim poderemos chegar a ser participantes conscientes das maravilhosas experiências do Domingo da Ressurreição, dessa grande libertação, desse poder espiritual avassalador que nos faz penetrar na Paz. Então, estaremos unidos conscientemente a Ele, que nos perdoará de todas as faltas, curará nossas enfermidades e dará descanso às nossas almas.

"Que Seu Calvário se torne em um Domingo de Ressurreição Triunfante"

Traduzido da revista Rays from the Rose Cross e  publicado na revista Serviço Rosacruz de março de1966

02/03/2013

O Teste do Aspirante

Artigo traduzido revista Rays from the Rose Cross
As tentações do Caminho são, do ponto de vista espiritual, de­graus necessários na escalada e não obstáculos penosos como mui­tos pensam. No processo de trans­mutação da nossa natureza infe­rior nos é revelado se há necessi­dade de mais "destilação". As par­tículas de egoísmo, gula, medo, vaidade e materialismo ainda existentes em nós, vibram em unísso­no com o mal da tentação. Amfortas não teria sido seduzido por Kundry se a sua natureza inferior não contivesse vibrações inferiores, semelhantes. O raio "lazer" da verdadeira sabedoria espiritual lhe teria permitido ver a ilusão criada pelo mago negro ao redor de sua serva Kundry.

Às vezes o mal pode assumir aparências atraentes, mas nunca as vibrações elevadas do bem. É por isso que devemos observar. É por isso que aprendemos a discri­minar. É por isso que devemos tes­tar todas as coisas. Enfrentando nossas experiências com o nome e a Luz de Cristo, a vibração do mal não poderá resistir. Klingsor temia o puro e ingênuo Parsifal. Fomos exortados pelo Mestre a tornarmo-nos como crianças. A ciência nos legou o axioma: "Do nada, nada se produz". O mago, tanto quanto o alquimista, neces­sitam de um núcleo ao redor do qual possam efetuar seu trabalho. Não havia núcleo da maldade em Parsifal. Nem vibração de vaida­de, impureza, desejo egoísta. Não existia do material que Klingsor pudesse ampliar e... aproveitar.

Por isso, quando nós, alquimistas espirituais, vigilantemente procurarmos a "Divina Essência", o bem, o "NÚCLEO--DEUS" cm toda parte, poderemos ampliar essa vibração em nós. As­sim, no devido tempo, todo o mal existente será transmutado em bem.

Esse princípio vibratório foi as­sim expresso por Lao-Tse. Quem possuir o Segredo da Vida não cai vítima do rinoceronte e do tigre, c não necessita de armas quando entra num acampamento ocupado por gente hostil; porque o rinoce­ronte não encontra um lugar para lhe fincar o corno; o tigre não tem onde cravar a sua garra e o solda­do a sua flecha. Ele não possui nenhum ponto pelo qual a morte possa entrar".

A Transmutação

Na fase final de sua própria transmutação, o possuidor do Se­gredo da Vida — a Pedra Filosofal — controla o seu meio-ambiente imediato, de dentro para fora. Co­mo o seu núcleo vibratório é de "vida", não se torna vítima da vi­bração do medo e não receia a ani­mosidade alheia, porque se considera UM com tudo e projeta oratoriamente esse estado.

A "Luz Branca" contém, como sabe o aspirante, todas as cores primárias. "Deus é Luz e se andamos na Luz como Ele na Luz está, seremos fraternais uns com os ou­tros". Quando seguimos o Cristo convertemos as trevas em luz, a separatividade em unidade, a bai­xa vibração em vibração elevada, a paixão em compaixão. A pedra tosca de nossa natureza se torna polida pelo serviço. Converte-se na PEDRA que transmuta em ouro tudo o que toca.

Porém, há provas no percurso, em todos os níveis de realização espiritual. Até o Cristo foi tentado, para servir-nos de exemplo. Dian­te do poder, riqueza e conforto, de um lado, e a angústia, sofrimento e a cruz, do outro estamos certa­mente longe de fazer a nossa esco­lha tão facilmente como Ele a fez.

Os "testes" servem para verifi­car se a nossa escala de valores está bem "calibrada". Movidos por intenções puras para com o resto da humanidade e fiéis às Leis da Natureza, podemos dizer como Cristo-Jesus: "Seja feita a Tua vontade e não minha". Quan­do tentados a usar poderes espiri­tuais para proveito próprio, em tempos de perigo, falaremos como o Cristo-: "Afasta-te Satanás”.

O Cristo não veio para resistir ao mal, ou destruí-lo repentina­mente. Limpou com Seu próprio sangue as vibrações inferiores do corpo de desejos da Terra, a fim de que a nossa evolução não so­fresse solução de continuidade. Mi­rando-nos em Seu exemplo, procu­raremos transmutar o mal em bem, empenhar-nos-emos sincera­mente em encontrar e reconhecer as boas qualidades alheias, amaremos nossos “inimigos” e oraremos pelos nossos perseguidores porque o MAL não pode tolerar o AMOR. Não pode penetrar o círculo formado pela devoção e caridade. Tampouco passa através do dourado manto Nupcial, tecido através de uma vida de serviço. Como Parsifal, serermos protegidos contra os avanços de Klingsor, vestindo toda a “armadura de Deus”, usando a “lança” em sua devida e justa finalidade.
Tradução feita por Raymonde Goldenberg - publicada na revista Serviço Rosacruz, julho,1977