traduzido da Rays from the Rose Cross, julho 1976 (original po Thomas O'Hare)
3- AUTO SACRIFÌCIO
À medida que nosso espírito de devoção cresce, sentimos que estamos
mais capazes e mais desejosos de praticar o auto-sacrifício. Devemos ser um
sacrifício vivo no altar da humanidade. Nós, que aspiramos a Iniciação, temos
de ter em vista e compreender que só nos aproximaremos da porta do Templo
quando tivermos desenvolvido a força do amor e caminhado pela estrada do
auto-sacrifício.
Uma pessoa devotada a outra ou a um ideal está pronta para
sacrificar-se pelo bem do próximo. Há, definitivamente, uma necessidade no
homem de aprender a sacrificar-se. A vida de Cristo sugere, com ênfase, este
caminho. É importante enfatizar aqui o ideal que nós, estudantes da
Fraternidade Rosacruz, aspiramos e ao qual nos dedicamos: é Cristo — tanto na
pessoa figura ímpar, quanto como O Indicador do Caminho para a Iniciação.
Praticamos o auto-sacrifício para que Cristo possa nascer dentro
de nós, para que possamos dizer como Paulo: "Fui sacrificado com Cristo e
não sou eu que vivo, Cristo vive em mim, a vida que vivo agora na carne, vivo-a
pela fé no Filho de Deus, que me ama e se entregou por mim" (Gal. 2:20).
Devemos estar sempre cientes para quem estamos servindo, dedicando
nossos esforços e nossas vidas. Estamos servindo o espírito de cobiça ou a
Cristo? E quando tivermos uma resposta, analisemos novamente e em consciência,
pois é muito fácil enganarmo-nos. Os testes são sutis. Quando percebemos nossa
vulnerabilidade podemos apreciar mais profundamente a posição de Jesus Cristo.
"Portanto, Deus o exaltou soberanamente e Lhe deu um nome que está acima
de todo o nome, para que ao nome de Cristo Jesus se dobre todo o joelho e toda
a língua e confesse que Cristo Jesus é o Senhor, para glória de Deus Pai".
Quando pudermos nos dedicar ao Seu serviço com todo sentimento e com verdadeiro
cuidado é que estaremos começando a alcançar a verdadeira devoção. Devemos
sacrificar-nos para encontrar Sua Luz e Seu Caminho e então, conseguiremos
dizer. "Senhor, fazei com que a Vossa vontade seja feita na minha vida e
que eu possa servir-Vos melhor cada dia".
4 — CONSAGRAÇÃO
A lição da consagração decorre naturalmente das lições do amor, da
fé e do auto-sacrifício. Ao aceitarmos o sacrifício pedido para alcançar uma
vida cristã, já consagramos nossas vidas. Queiramos ou não, já consagramos
nossas vidas, oficialmente, do mesmo modo que aqueles que se tornaram Probacionistas(*),
não podendo permitir-nos cair em hábitos antigos. Aspiramos o máximo, daí
termos que exigir de nós mesmos o máximo de modo que possamos estar em harmonia
conosco, de uma forma correta. Precisamos estar constantemente atentos aos
ideais que aspiramos durante o Caminho da Preparação, ao mesmo tempo que devemos consagrar nossas vidas sempre e
sempre a estes ideais — como Max Heindel os define: "A serviço da Humanidade".
Consagração implica em certa quantidade de Santidade e é o significado
da palavra Santidade que precisamos entender.
Num determinado momento reconhecemos que nossas vidas são dons
sagrados e que temos uma responsabilidade definitiva com esta Santidade e com
ela devemos entrar em harmonia, compreendê-la e vivê-la. Devemos dizer-nos:
"Foi-me dado um presente sagrado: a vida. Ao aceitar este dom eu suporto a
responsabilidade de viver minha vida com Santidade". Olhemos para
dentro de nós mesmos e perguntemos: "Estamos preparados para consagrar
nossas vidas?" "Desejamos seguir Cristo para onde Ele nos
enviar?"
A verdadeira devoção é como uma árvore que precisa dar frutos. A
medida que as pessoas começam a crescer no espírito de devoção, praticando as
lições de devoção, certos eventos começam a acontecer em suas vidas.
Um dos primeiros frutos da devoção é a prece. Max Heindel no diz
que a prece correta é dos métodos conhecidos, o mais poderoso para o
crescimento da alma. A razão disto é que a prece é um meio de espiritualizar o
corpo vital. O corpo vital é formado por quatro éteres e os dois éteres
superiores podem servir como veículos nos mundos mais elevados. Através da
prece, os dois éteres superiores são desprendidos do corpo vital. É aí, então,
que nos tornamos Auxiliares Invisíveis. Este fato nos torna mais capazes de
servir em outras esferas que não seja só a esfera física.
Quem estiver fazendo um esforço para pôr em prática as lições de
devoção, sentirá que a prece fervorosa que emitir terá nela todos os elementos
da própria devoção. Ela revelará amor, fé, auto-sacrifício e consagração.
Contendo elementos dessas quatro qualidades, ela será uma prece poderosa que
trará uma resposta do Pai.
O crescimento do espírito de devoção, especialmente para aqueles
que precisam esforçar-se e trabalhar para seu desenvolvimento, contribui para o
fortalecimento do princípio da vontade em nossa personalidade. Tentando,
conscientemente, desenvolver as sementes da devoção que são o amor, fé,
auto-sacrifício e consagração, estamos trabalhando sobre os nossos desejos,
como aspirantes ao Caminho da Realização e nossa força de vontade é muito
importante. É através dela que conseguimos disciplinar-nos e produzir os frutos
de nossas vidas.
A verdadeira devoção requer uma vontade muito forte. Não é uma tarefa
fácil praticar, corretamente, as lições de amor, fé, auto-sacrifício e consagração.
Daí dizer-se que um dos frutos da devoção é o desejo — o princípio positivo e
masculino de Divindade.
A verdadeira devoção, assim como o amor que a precede, requer ação.
Ela não permite àquele que a possui ficar recostado, deixando passar as horas.
Ao contrário, ela precisa fluir tanto em ações quanto na verdade. A prática
combinada das lições da devoção nos leva, inexoravelmente, ao caminho da ajuda
— ajuda em amar — em esquecer-se a si próprio em prol dos outros.
Este é o ideal que aspiramos no nosso caminho até Deus. A ajuda é
necessária para os verdadeiros devotos e a devoção é, do mesmo modo, necessária
para que se obtenha uma verdadeira ajuda. Não podemos servir (ajudar)
verdadeiramente, a não ser que tenhamos a capacidade de amar, de ter fé e que
estejamos desejosos de sacrificar-nos por nossos irmãos e irmãs — em outras
palavras, a não ser que sejamos verdadeiramente devotos.
Cada pessoa deverá reunir as partes que formam a devoção de sua própria
maneira. Somente nós, como indivíduos, podemos praticar as lições de amor, fé,
auto-sacrifício e consagração e só nós podemos julgar se estamos, realmente,
esforçando-nos para atingir as metas que nos propusemos seguir.
Devemos fazer de nossos corpos instrumentos de ajuda, purificando-os
e harmonizando-os de maneira que se tornem e sejam Templos dignos de Cristo.
O tempo de renovação aproxima-se. É o tempo de plantar novamente
sementes de devoção e de cuidar, seriamente, dos botões que estão crescendo. Nós,
aspirantes, arcamos com uma grande responsabilidade para com aqueles que estão
sobrecarregados e sofrendo. Nós, que abraçamos os Ensinamentos da Fraternidade Rosacruz
procurando respostas e agora que as temos, devemos ir adiante e ajudar aqueles
menos afortunados. Precisamos falar de nossos corações para os corações de
todos aqueles com quem tomos contato, e isto requer todas as lições de devoção.
Oremos para que possamos aprendê-las bem.
publicado na revista Serviço Rosacruz, agosto de 1984