21/12/2013

Místico Natal

MÍSTICO NATAL

Que a luz da estrela mística desperte
dentro de ti a consciência no Natal,
e Cristo, em ti nascendo, converter-te
possa em servo consciente do Ideal.

Orienta-te por ela à tua Belém,
depondo aos pés de Cristo a tua vida;
o ouro, o incenso e mirra, sabes bem,
são símbolos da dádiva sentida
que os homens, quando magos, far-lhe-ão.

O ouro é nosso espírito em vivência
na luz, que a mirra da alma, pela dor
e ao serviço da humana redenção,
extrai de nosso corpo em suave essência,
abreviando a missão do Salvador.

Publicado no informativo 
ENCONTRO do Centro de Santo André, 
nov-dez 2001- desconheço o autor

Com estas duas expressões artísticas: uma imagem e um poema, findo minhas atividades deste ano, neste blog, desejando a todos que aqui visitam, um Abençoado Natal e um Novo Ano pleno de oportunidades bem aproveitadas para o crescimento espiritual.

Que nestes próximos dias, em nossa habitual retrospecção anual e meditações sobre o conteúdo de "Interpretação Mística do Natal" possamos ter farta colheita com consequente preparação de novas e mais saudáveis sementes para o futuro.

07/12/2013

Vitalizemos Nosso Arquétipo(*)

"Estamos bem próximos do fim deste ano. E, como o pensamento, ao final de cada ciclo, se volta naturalmente ao passado, é oportuno considerar com que velocidade o tempo corre e quão ilusória e evanescente é a vida no mundo dos fenômenos!

Isso nos faz lembrar, também, como é precioso o nosso tempo e a responsabilidade enorme que temos no justo emprego que dele fazemos.

Em verdade, o tempo deveria ser utilizado, quanto mais possível, de modo edificante, para que resultasse em maior crescimento de nossa alma. Caso contrário, que aproveitaria ao homem ganhar o mundo inteiro se viesse a perder a sua alma?

Esta é uma época de sementeira e segundo nos foi ensinado: “aquêle a quem se dá muito, muito também se lhe há de exigir”, incumbe-nos tomar senso da responsabilidade de nossos atos. Respondemos não só pelo que fizemos, como, igualmente, pelo que deixamos de fazer. E, consoante a gradação de consciência, nós, estudantes rosacruzes que possuímos íntimo conhecimento dos propósitos de Deus e de todas as oportunidade que nos oferece, por mediação amorosa dos Irmãos Maiores, haveremos de responder em maior extensão da responsabilidade, pelo uso que fazemos do tempo.

Do exposto podemos compreender que os atos todos de cada ser humano produzem um efeito direto nos arquétipos de seus veículos, influindo na lei da vida e da evolução.de modo a fortalecer o arquétipo - ocasionando um prolongamento da vida, para lograr o máximo de experiência e desenvolvimento anímico, na proporção da capacidade de adaptação e de aprendizado – ou enfraquecendo-o – por transgressões à Lei e desarmonia arquetípica, perdendo oportunidade de evoluir pela antecipação do passamento.

Aquele que sabe aproveitar suas oportunidades e bem utilizar seu tempo poderá, em poucas encarnações, levar a cabo um grande avanço espiritual e aproximar-se da perfeição. Contrariamente, o que mal gasta a corrente vital e conscientemente busca fugir a seus deveres de consciência ou aplica suas energias de modo destrutivo, distanciar-se-á da meta, atraindo as mais dolorosas experiências – único meio de recuperação das almas teimosas.

Todos os atos contrários à Lei encurtam a vida, aumentando o número de renascimentos e protelando o Dia da Libertação.

A Bíblia, exata e verídica como é, exorta-nos a fazer o bem para que se prolongue a nossa vida sobre a Terra. Esta lei abarca todos os seres, sem exceção, mas tem maior significação nas vidas daqueles que já estão conscientemente laborando na Vinha. O conhecimento dessas verdades deve aumentar em dez ou até em um cento de vezes nosso zelo e interesse pelo Bem. E mesmo que tenhamos começado tarde, poderemos facilmente acumular um tesouro enorme nestes últimos anos bem aproveitados de nossa existência, maior até do que em grandes períodos de vidas anteriores, de semi-inconsciência. Sobretudo, estamos nos colocando em linha para iniciar em esferas mais elevadas nossas futuras existências na Terra.

Assim, pois, alimentemos o mais firme propósito, de utilizar do melhor modo possível, nosso tempo e oportunidades, na firme esperança de que os frutos colhidos no ano que passou servirão de semente para aumentar nossos esforços no ano entrante."
(*) Uma tradução antiga da carta 96 do livro Cartas aos Estudantes utilizada
como editorial  da revista Serviço Rosacruz, novembro de 1967
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27/11/2013

Ação de Graças


Desde que foi criado – em 26 de novembro de 1789, pelo presidente Washington- o Dia Nacional de Ação de Graças sofreu várias modificações. A ideia original é de que fosse um dia de oração, observado por todas as religiões e dedicado somente a agradecer a Deus.

À medida que os anos foram passando, esse dia era celebrado sem continuidade, até que em 1863 se tornou um feriado nacional e anual (*), celebrado regularmente na última quinta feira de novembro. A tradição é de se ter uma abundância de comida à mesa, com a família reunida. Por esta razão o símbolo antigo da colheita, a cornucópia da fartura é ainda o enfeite favorito da mesa.

As comemorações mudaram drasticamente através dos séculos. Antigamente as famílias podiam reunir-se com facilidade, uma vez que gerações após gerações permaneciam no mesmo local.

A comida e a atmosfera de fraternidade podem parecer as características mais importantes, mas os serviços religiosos são celebrados visando mostrar-nos o verdadeiro sentimento de gratidão que devemos cultivar pelas bênçãos recebidas.

Gratidão é um atributo de sabedoria e uma base importante de evolução. Um homem sábio valoriza as assim chamadas “pequenas coisas” da vida; na verdade ser grato pelas pequenas oportunidades é engrandecê-las.

Note que o Dia de Ação de Graças, como nos lembra Elman Bacher em seu Estudos de Astrologia, vol.II, “é comemorado quando o Sol está em Sagitário, signo regido por Júpiter” – o planeta da abundância e da generosidade. Melhor observando ainda: esse dia ocorre sempre na primeira quinta feira sob o signo de Sagitário (quinta feira: dia da semana regido por Júpiter).

Pai e Criador de todos nós, damos-Vos graça pela satisfação de nossas almas em poder participar dos Ensinamentos Rosacruzes e do privilégio que isto significa. (trecho da Oração de Ação de Graças).
Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz
Adaptado do ECOS da Fraternidade Rosacruz – Sede Central do Brasil, nov,dez- anos 1999 e 2000
(*) para os EEUU
NOTA: Leitura da Oração de Ação de Graças e oficiação do ritual Serviço do Templo na Fraternidade Rosacruz - Sede Central do Brasil - dia 28 próximo, quinta feira, às 13 horas - reunião pública

09/11/2013

Devoção (II) Sacrifício e Consagração

traduzido da Rays from the Rose Cross, julho 1976 (original po Thomas O'Hare)
Continuação de Devoção - Fé  e Amor (veja aqui)
 
3- AUTO SACRIFÌCIO
À medida que nosso espírito de devoção cresce, sentimos que estamos mais capazes e mais desejosos de praticar o auto-sacrifício. Devemos ser um sacrifício vivo no altar da humanidade. Nós, que aspiramos a Iniciação, temos de ter em vista e compreender que só nos aproximaremos da porta do Templo quando tivermos desenvolvido a força do amor e caminhado pela estrada do auto-sacrifício.

Uma pessoa devotada a outra ou a um ideal está pronta para sacrificar-se pelo bem do próximo. Há, definitivamente, uma necessidade no homem de aprender a sacrificar-se. A vida de Cristo sugere, com ênfase, este caminho. É importante enfatizar aqui o ideal que nós, estudantes da Fraternidade Rosacruz, aspiramos e ao qual nos dedicamos: é Cristo — tanto na pessoa figura ímpar, quanto como O Indicador do Caminho para a Iniciação.

Praticamos o auto-sacrifício para que Cristo possa nascer dentro de nós, para que possamos dizer como Paulo: "Fui sacrificado com Cristo e não sou eu que vivo, Cristo vive em mim, a vida que vivo agora na carne, vivo-a pela fé no Filho de Deus, que me ama e se entregou por mim" (Gal. 2:20).
 
Devemos estar sempre cientes para quem estamos servindo, dedicando nossos esforços e nossas vidas. Estamos servindo o espírito de cobiça ou a Cristo? E quando tivermos uma resposta, analisemos novamente e em consciência, pois é muito fácil enganarmo-nos. Os testes são sutis. Quando percebemos nossa vulnerabilidade podemos apreciar mais profundamente a posição de Jesus Cristo. "Portanto, Deus o exaltou soberanamente e Lhe deu um nome que está acima de todo o nome, para que ao nome de Cristo Jesus se dobre todo o joelho e toda a língua e confesse que Cristo Jesus é o Senhor, para glória de Deus Pai". Quando pudermos nos dedicar ao Seu serviço com todo sentimento e com verdadeiro cuidado é que estaremos começando a alcançar a verdadeira devoção. Devemos sacrificar-nos para encontrar Sua Luz e Seu Caminho e então, conseguiremos dizer. "Senhor, fazei com que a Vossa vontade seja feita na minha vida e que eu possa servir-Vos melhor cada dia".

4 — CONSAGRAÇÃO
A lição da consagração decorre naturalmente das lições do amor, da fé e do auto-sacrifício. Ao aceitarmos o sacrifício pedido para alcançar uma vida cristã, já consagramos nossas vidas. Queiramos ou não, já consagramos nossas vidas, oficialmente, do mesmo modo que aqueles que se tornaram Probacionistas(*), não podendo permitir-nos cair em hábitos antigos. Aspiramos o máximo, daí termos que exigir de nós mesmos o máximo de modo que possamos estar em harmonia conosco, de uma forma correta. Precisamos estar constantemente atentos aos ideais que aspiramos durante o Caminho da Preparação, ao mesmo tempo que devemos consagrar nossas vidas sempre e sempre a estes ideais — como Max Heindel os define: "A serviço da Humanidade".

Consagração implica em certa quantidade de Santidade e é o significado da palavra Santidade que precisamos entender.

Num determinado momento reconhecemos que nossas vidas são dons sagrados e que temos uma responsabilidade definitiva com esta Santidade e com ela devemos entrar em harmonia, compreendê-la e vivê-la. Devemos dizer-nos: "Foi-me dado um presente sagrado: a vida. Ao aceitar este dom eu suporto a responsabilidade de viver minha vida com Santidade". Olhemos para dentro de nós mesmos e perguntemos: "Estamos preparados para consagrar nossas vidas?" "Desejamos seguir Cristo para onde Ele nos enviar?"

A verdadeira devoção é como uma árvore que precisa dar frutos. A medida que as pessoas começam a crescer no espírito de devoção, praticando as lições de devoção, certos eventos começam a acontecer em suas vidas.

Um dos primeiros frutos da devoção é a prece. Max Heindel no diz que a prece correta é dos métodos conhecidos, o mais poderoso para o crescimento da alma. A razão disto é que a prece é um meio de espiritualizar o corpo vital. O corpo vital é formado por quatro éteres e os dois éteres superiores podem servir como veículos nos mundos mais elevados. Através da prece, os dois éteres superiores são desprendidos do corpo vital. É aí, então, que nos tornamos Auxiliares Invisíveis. Este fato nos torna mais capazes de servir em outras esferas que não seja só a esfera física.

Quem estiver fazendo um esforço para pôr em prática as lições de devoção, sentirá que a prece fervorosa que emitir terá nela todos os elementos da própria devoção. Ela revelará amor, fé, auto-sacrifício e consagração. Contendo elementos dessas quatro qualidades, ela será uma prece poderosa que trará uma resposta do Pai.

O crescimento do espírito de devoção, especialmente para aqueles que precisam esforçar-se e trabalhar para seu desenvolvimento, contribui para o fortalecimento do princípio da vontade em nossa personalidade. Tentando, conscientemente, desenvolver as sementes da devoção que são o amor, fé, auto-sacrifício e consagração, estamos trabalhando sobre os nossos desejos, como aspirantes ao Caminho da Realização e nossa força de vontade é muito importante. É através dela que conseguimos disciplinar-nos e produzir os frutos de nossas vidas.

A verdadeira devoção requer uma vontade muito forte. Não é uma tarefa fácil praticar, corretamente, as lições de amor, fé, auto-sacrifício e consagração. Daí dizer-se que um dos frutos da devoção é o desejo — o princípio positivo e masculino de Divindade.

A verdadeira devoção, assim como o amor que a precede, requer ação. Ela não permite àquele que a possui ficar recostado, deixando passar as horas. Ao contrário, ela precisa fluir tanto em ações quanto na verdade. A prática combinada das lições da devoção nos leva, inexoravelmente, ao caminho da ajuda — ajuda em amar — em esquecer-se a si próprio em prol dos outros.

Este é o ideal que aspiramos no nosso caminho até Deus. A ajuda é necessária para os verdadeiros devotos e a devoção é, do mesmo modo, necessária para que se obtenha uma verdadeira ajuda. Não podemos servir (ajudar) verdadeiramente, a não ser que tenhamos a capacidade de amar, de ter fé e que estejamos desejosos de sacrificar-nos por nossos irmãos e irmãs — em outras palavras, a não ser que sejamos verdadeiramente devotos.

Cada pessoa deverá reunir as partes que formam a devoção de sua própria maneira. Somente nós, como indivíduos, podemos praticar as lições de amor, fé, auto-sacrifício e consagração e só nós podemos julgar se estamos, realmente, esforçando-nos para atingir as metas que nos propusemos seguir.

Devemos fazer de nossos corpos instrumentos de ajuda, purificando-os e harmonizando-os de maneira que se tornem e sejam Templos dignos de Cristo.

O tempo de renovação aproxima-se. É o tempo de plantar novamente sementes de devoção e de cuidar, seriamente, dos botões que estão crescendo. Nós, aspirantes, arcamos com uma grande responsabilidade para com aqueles que estão sobrecarregados e sofrendo. Nós, que abraçamos os Ensinamentos da Fraternidade Rosacruz procurando respostas e agora que as temos, devemos ir adiante e ajudar aqueles menos afortunados. Precisamos falar de nossos corações para os corações de todos aqueles com quem tomos contato, e isto requer todas as lições de devoção. Oremos para que possamos aprendê-las bem.
publicado na revista Serviço Rosacruz, agosto de 1984

19/10/2013

Hipócrates, o Pai da Medicina

por Delmar Domingos de Carvalho

Hipócrates, o Pai da Medicina,
Ensinou que o “teu alimento
Seja o teu medicamento”,
Dando valor a cada mezinha.
 
Merece ser lido e relido
O seu nobre juramento
E aplicado em cada momento;
E aqui deixo um pedido!
 
Que ele seja devidamente cumprido,
Na sua generalidade,
Haja ética, responsabilidade,
Que o amor á vida seja cumprido.
 
Leia-se o que escreveu sobre a gestação,
Considerando a sua profissão como sagrada
Com altruísmo deve ser ensinada,
Como nada deve ser usado contra a conceção.

Usou magistralmente a astrosofia
Na sagrada arte de curar,
E que quem não a souber praticar
Jamais terá verdadeira Sabedoria.

 Artigos do escritor Delmar Domingos de Carvalho: clique aqui

05/10/2013

Devoção (I) - Amor e Fé

traduzido da Rays from the Rose Cross, julho 1976 (original po Thomas O'Hare)

Os ensinamentos que Max Heindel divulgou para o mundo Ocidental estão, especificamente, destinados àqueles com mentes inquiridoras. É-nos ensinado, ainda, que o intelecto precisa primeiro, estar tranquilo para que o coração possa falar. Assim, é importante que nós, que estudamos os Ensinamentos com seriedade, tenhamos que fazer grandes esforços para equilibrar nossas tendências mais intelectuais.

O desenvolvimento da devoção pode ter esta função de equilíbrio pois se refere, especificamente, ao nosso coração, ao qual estão reservados elevados ensinamentos. Para muitos de nós, os elementos intelectuais nos chegam com maior ou menor facilidade; é preciso cuidado porque, por vezes, estão aí as nossas maiores dificuldades. Como Max Heindel coloca em "Coletâneas de um Místico" (Cap.II-Iniciação): "O maior perigo do aspirante neste ponto é cair vítima do laço que tende ao egoísmo e sua única garantia é cultivar as faculdades da fé, da devoção e uma simpatia universal. É difícil, mas pode ser alcançado e quando isso se consegue, o homem ou mulher se transforma numa força maravilhosa, para o bem do mundo". E é por isso que, como estudantes do Ocultismo, nosso crescimento moral deve ultrapassar nosso crescimento esotérico, pois, caso contrário, faremos um mau uso das forças espirituais que adquirimos. Como aspirantes ao Caminho da Iniciação, devemos cortejar a devoção e nos esforçarmos para desenvolvê-la, pois ela exerce uma grande importância no nosso crescimento. Quando a devoção surge na nossa vida e permanece viva, ela constitui uma força muito grande. Serve, também, como defesa contra as muitas tentações que nos aparecem pelo caminho.

Vamos observar primeiro, dois casos do mundo material e, por analogia, ver como a devoção age.

Uma pessoa pode ser devota à outra; isto normalmente implica amor, carinho e fé. Do mesmo modo, uma pessoa pode ser devota a um ideal; todas as suas energias estão dirigidas para alcançar e servir este ideal. Isto implica sacrifício e consagração. Na devoção, nós encontramos quatro elementos: amor - fé - auto-sacrifício e consagração. São essas as quatro lições de devoção:

1 - LIÇÃO DE AMOR:
O amor é uma lição bastante enfatizada pela Filosofia Rosacruz, pois é a própria Filosofia que procura aproximar o hiato que existe entre o coração e a mente. Devemos desenvolver um coração meigo, baseado no amor e carinho para com nossos irmãos. Se olharmos para o título de "O Conceito Rosacruz do Cosmos", encontraremos escrito em pequenas letras: "Cristianismo Místico".

Nestas duas palavras estão contidas todos os ensinamentos que Max Heindel tinha em mente quando instituiu a Fraternidade Rosacruz e escreveu seus livros.

Essas duas palavras nos falam somente de amor. O Místico escolhe andar pelo caminho da tristeza e do sofrimento, por causa do amor. o ideal é sempre o mesmo: seguir Cristo, e é pelo amor Dele que o Místico seguirá para onde quer que Ele o leve. É este tipo de amor que nunca nos poderá levar à censura ou ao conflito com os propósitos de Deus. Todos nós sabemos que a palavra "Cristão" nos fala de uma forma direta e máxima de Cristo, que implantou a ideia básica do amor neste mundo.

Os dois grandes mandamentos que Ele nos deu falam deste amor: "Amarás o Senhor, teu Deus, com todo teu coração, com toda tua alma e com todo teu espírito (amar a Deus sobre todas as coisas). Este é o primeiro e o maior mandamento. E o segundo é semelhante: "Ama o teu próximo como a ti mesmo” (Mat. 22:37-39). Isto nos coloca diante de um grande ideal ao qual devemos aspirar, especialmente se andamos pelo Caminho Oculto.

A verdadeira devoção requer amor, como sua primeira lição. Nosso amor precisa ser o menos egoísta possível.

No 13° Capítulo da l Epístola aos Coríntios, Paulo fala do amor. Esta é a insuperável descrição de amor que está contida no Ritual do Serviço do Templo da Fraternidade Rosacruz. Seria muito proveitoso para todos nós se meditássemos e aceitássemos isso. Naturalmente, não podemos esperar dar um salto tão grande de nossa presente consciência de amor para a consciência ideal que for colocada diante de nós. Devemos dar-nos tempo para crescer, conscientes do ideal, mas também cientes de que somos humanos. Max Heindel expressou isto, habilmente, em um pequeno poema:

Deus ama sem cessar,
Mas nós mortais, sob certas leis,
mudamos constantemente
pelos sentimentos de dor ou de prazer.

Devemos praticar o amor no mais profundo do pensamento, cuidar deste sentimento e permitir que ele se liberte.

Um bom exercício para isto é primeiro centralizar nossos pensamentos em alguém que nos é querido e deixar fluir este amor que sentimos por este alguém. O próximo passo é desviar o fluxo deste amor para outra pessoa ou grupo de pessoas, que podem não nos ser tão queridos. Deste modo podemos lembrar e abençoar todos aqueles com quem contatamos.

2-FÉ:
Seu cultivo e seu desenvolvimento são sementes de devoção que podemos plantar. Max Heindel nos aconselha como aspirantes ao Caminho, a colocar a nossa mente numa postura infantil que será muito útil para o desenvolvimento da fé. Precisamos, também, conservar uma visão otimista. Do nosso limitado ponto de vista, pode parecer-nos que o mundo está andando numa "montanha russa", completamente fora de controle. Porém, sabemos que grandes Inteligências estão por detrás desse suposto caos do nosso mundo, controlando e dirigindo sua evolução. Da mesma maneira, com nossas próprias vidas, quanto mais nos colocarmos nas mãos de Cristo, mais começaremos a "viver a vida", a sentir a fé e mais perto estaremos Dele. Comecemos deixando que nossas vidas, nossos pensamentos, nossos sentimentos, nosso desejo sejam guiados por Ele. Esta é a idade da Fé: crer e confiar. O homem precisa aprender isto, agasalhar este senti­mento e fazê-lo penetrar em sua alma.

Max Heindel fala-nos da fé. "se trabalhamos com a lei para os. outros, a lei nos protegerá, pois estamos trabalhando com ela. A partir do momento que nos colocamos nas mãos de Deus, que pensamos como fazer seu trabalho e de que forma executar Sua vontade na Terra, então nos tornamos Seus co-colaboradores. Depositamos Nele a incumbência de nos proteger e podemos ficar tranquilos de que tudo que for necessário para nosso progresso material e espiritual virá" (Rays form the Rose Cross - agosto 1915, p. 35).

É através do desenvolvimento da fé que começamos a pôr de lado as preocupações e temores que nos assolam e que são tão prejudiciais para quem aspira o Caminho.

Viver uma vida de fé é um processo de crescimento, pois a grande maioria das pessoas aprendeu, e infelizmente muito bem, como ter preocupações e temores. Não é uma tarefa fácil livrarmo-nos dessas algemas; mas vale tentar e lutar por isso e é uma grande conquista quando nós, finalmente, o conseguimos. É natural, no entanto, que este processo seja gradativo e não devemos esperar dar um passo gigantesco com um resultado imediato. Aproximemo-nos da nossa meta, aos poucos, com persistência, através de esforços combinados, firmes e sinceros.
publicado na revista Serviço Rosacruz, agosto de 1984

31/08/2013

Uma Vivência Devocional

por Gilberto Silos

A Fraternidade Rosacruz — Sede Central do Brasil realiza suas reuniões devocionais aos domingos, às 17h00min, quando um probacionista previamente designado pelo conselho esotérico profere uma exposição com temas que, de modo geral, versam sobre o Cristianismo. Após a reunião, às 18h30min horas, como ocorre em todos os dias da semana, é oficiado o Ritual do Serviço do Templo (ou Ritual do Serviço de Cura, caso seja a data correspondente). (*).

Recomenda-se aos estudantes que, na medida do possível, assistam a essas reuniões, se bem nem todos possam fazê-lo dado a obrigações ou compromissos intransferíveis. Cabe-nos observar, tam­bém, o cumprimento de nossos deveres sociais.

Àqueles impossibilitados de frequência há outra alternativa, aliás, extensiva a todos: efetuar a pratica devocional no recesso do próprio lar. Quando surge uma boa oportunidade de recolhimento, não devemos deixá-la escapulir. Retiremo-nos para um cômodo tranquilo, preferencialmente isolado. Ali podemos orar, entregar-nos à leitura de temas bíblicos, meditar aos acordes suaves de uma melodia sacra, etc. Enfim, cada um poderá, a seu talante, compor a sua própria prática devocional.

Todavia, é importante ressaltar: isso tudo é devoção, mas a devoção não é só isso. Para assumir sua integralidade e produzir frutos ela deve transpor os limites formais das práticas acima mencionadas, ganhando corpo como VIVÊNCIA DEVOCIONAL. Entremeada de altos e baixos, a caminhada do aspirante não se fortalecera e consolidará enquanto não se alicerçar em uma VIVÊNCIA DEVOCIONAL.

Alguns estudantes às vezes se queixam - e isso acontece desde o tempo de Max Heindel - de que, apesar de estudarem com afinco a Filosofia Rosacruz, notam ser muito lento seu progresso. Com o correr do tempo, passam até a achar as lições repetitivas e monótonas. Um estudante, certa vez, escreveu a Max Heindel, afirmando que, em sua opinião, as cartas mensais dirigidas aos membros da Fraternidade, nada mais eram que "pequenos agradáveissermões". Na verdade, ele estava era sequioso de novidades e mistérios. Não lhe importava extrair, dos textos, uma lição de fundo moral.
Fatos como esse, ocorrem com quem julga ser a Filosofia Rosacruz, apenas e tão somente um conglomerado de conhecimentos, formando um sistema filosófico estruturado em bases coerentemente racionais e lógicas. Não conseguem transcender sua intelectualidade, penetrando naquilo que ela tem de mais grandioso: sua capacidade de transformar, para melhor, o íntimo do ser humano. Admitindo como notável a sua racionalidade, não lhe atribuem, talvez, aquele essencial caráter de religiosidade, capaz de permitir ao aspirante, o reencontro com sua real natureza, isto é, a re-ligaçâo com o Eu Superior. Conceituam a Rosacruz pela óptica unilateral do intelectualismo. Não se lhes avulta, portanto, a perspectiva daquele equilíbrio tão enfatizado em lições, cartas, palestras: a união da mente com o coração, do intelecto com a devoção.
Nossa carreira, como estudantes rosacruzes, depende, inicialmente, e em grande extensão, da aquisição de conhecimentos. Através dos cursos, livros, conferências, temos acesso ao chamado "conhecimento indireto". As informações concernentes à origem, evolução e futuro desenvolvimento do homem e do mundo, abrem-nos horizontes mais amplos. Orientam-nos. Dão-nos mais segurança na escalada desse íngreme caminho evolutivo, pela certeza infundida de que leis sábias regem o Universo, de cujo contexto somos parte integrante.
Mas é importante não esquecermos: essa é a primeira fase. É o passo inicial. A compreensão das verdades conhecidas deve fazer soar a corda do amor no mais recôndito do nosso ser. Satisfeita a mente com o logismo Rosacruz, o coração deve vibrar numa vivência superior de serviço amoroso ao próximo. Sem isso não há progresso espiritual.
Na Escola Rosacruz não podemos prescindir do conhecimento intelectual. Este, todavia, deve ser assimilado, digerido, trabalhado pelo coração e transformado em sabedoria. A verdade não assimilada é inútil. Apenas acrescenta-se ao nosso cabedal de conhecimentos. Mas se vivida, sentida, intuída, esta sim nos transforma em novas criaturas. Torna-se parte de nossa própria natureza. Converte-nos em sal da terra e luz do mundo. É sabedoria no mais profundo sentido do termo.
O conhecimento intelectual puro e simples constitui meio e não um fim em si mesmo. É elemento valioso como orientação e esclarecimento. Mas não deixa de ser informação. Informação apenas. Um computador também pode acumular informações. Toneladas de informações. Tal, porém, não o transforma em sábio. Há pessoas dotadas de vastíssimos e detalhados conhecimentos. São verdadeiras enciclopédias ambulantes. Outras há que, superficialmente, só memorizam datas e frases feitas. São verdadeiros computadores ambulantes.
A aplicação do conhecimento na vida prática, sempre objetivando beneficiar o próximo e aperfeiçoar as coisas, configura, realmente, uma vivência devocional. Fazer tudo o melhor possível — seja lá o que for — para maior glória de Deus, sem preocupação com os resultados, é imprimir um cunho superior à vivência devocional. A menos que nos esforcemos desse modo, continuaremos sendo como "sinos que tinem". Se não temos amor e não o empregamos a ser­viço dos demais, de nada nos valerá conhecer os "mistérios".
Quem vive devocionalmente a Filosofia Rosacruz não a julga repetitiva. O dia-a-dia sempre lhe oferece novas oportunidades de servir com amor, pela utilização dos ensinamentos recebidos. Não vive desesperadamente à cata de novidades. A novidade, ele a encontra na constante descoberta interna daquilo que vivência. Mas isto requer penetração além do estudo superficial. Demanda uma disposição para descobrir a harmonia, a beleza, o DIVINO, enfim, nas pessoas e nas coisas. Quando nos sensibilizamos ao sorriso de uma criança, ou ao colorido delicado de uma flor, estamos vivendo devocionalmente. A emoção que nos desperta o som natural emitido por um regato em seu fluir preguiçoso. O sentimento de empatia que nos envolve à vista do sofrimento alheio, estimulando-nos a estender a mão ao nosso semelhante. Quando do sentimento passamos à ação. O cultivo do bom, do belo, do verdadeiro. A tudo isso chamamos de vivência devocional.
Talvez, na compreensão dessas coisas, aparentemente simples, encontrem, os estudantes, as resposta aos seus problemas. É um tema merecedor de apurado exame.
publicado na  Revista Serviço Rosacruz,  Janeiro, 1978
 (*) O primeiro parágrafo deste texto foi alterado pela editora do blog, uma vez que o horário  das reuniões devocionais na Fraternidade Rosacruz - Sede Central do Brasil foi modificado depois do ano 2000.
Relacionados:
A Necessidade de Devoção


28/07/2013

O Perdão Dos Pecados


Pecado é uma ação contrária à Lei. São Pedro afirmou "O que o homem semear isso mesmo ele colherá". Não obstante, do ponto de vista oculto nem sempre o homem sofre o efeito das faltas que cometeu, porquanto o perdão dos pecados é uma realidade. Há, porém, pré-requisitos para que ele opere e um deles é a vontade aliada à iniciativa, através do ARREPENDIMENTO, REFORMA E RESTITUIÇÃO.

Arrependimento é uma mudança do coração e da mente em relação ao ato considerado pecaminoso, como resultado de uma insatisfação ou remorso.

Reforma significa restauração, renovação do caráter, transformação da consciência Envolve discernimento. é uma prova de valor e paciência. Quando o indivíduo se transforma internamente tudo se modifica em sua vida

Restituição é a compensação devida a alguém que de alguma forma prejudicamos Se não pudermos restituir ao ofendido podemos fazê-lo servindo outra pessoa.

O indivíduo se liberta dos pecados quando, em sua consciência, admite ter errado e propõe-se a não mais repetir a falta A evolução é fundamentalmente uma questão de consciência. O desenvolvimento dessa consciência ocorre principalmente através do exercício de retrospecção o qual oferece uma visão objetiva de nós mesmos. Isso evita o sofrimento purgatorial pois acaba limpando o átomo-semente.

Se o indivíduo se conscientizar de seus erros, partindo para o arrependimento, reforma e restituição, demonstrará ter aprendido as lições nesta encarnação, não necessitando fazê-lo futuramente. Isso é o "perdão dos pecados".

O ensinamento alusivo ao karma, disseminado pelas Escolas Orientais, não satisfaz completamente as necessidades humanas. Os ensinamentos cristãos, por sua vez, abrangem tanto a lei de causa e efeito como o perdão dos pecados.

Essa reforma interior, esse ato volitivo, começa com o corpo vital. No Pai Nosso temos uma oração exclusiva para o corpo vital: "Perdoai as nossas ofensas assim como perdoamos a quem nos tem ofendido". Através da repetição forma-se a alma intelectual, importante no processo de criação de bons hábitos. Um bom hábito é não reagir emocionalmente diante de uma situação ou circunstância desequilibrante ou de uma provocação. Se não reagirmos emocionalmente não estaremos implicados na questão e em suas consequências.

Portanto, todo ser humano tem a prerrogativa de erigir seu destino futuro.
 publicado no ECOS da Fraternidade Rosacruz - Sede Central do Brasil, Maio, 1991

23/07/2013

Sobre o Pioneirismo de Max Heindel: Uma Reflexão

Max Heindel (23/7/1865 - 6/1/1919)

«O Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça». (Mateus 8.18-20)
A sentença crística enunciada pelo apóstolo tem sido interpretada essencialmente no sentido do despojo dos bens materiais. Afinal, verdadeiramente nosso é apenas o corpo (os corpos) enquanto vivemos neste mundo, embora dele levemos a quintessência, ou melhor, o resultado das acções, para nos mundos superiores extrairmos a essência desse trabalho.

De outros sentidos na frase, porventura mais subtis, há um que se pode vislumbrar. Reclinar ou apoiar a cabeça significa assim que a cabeça deve sustentar-se em algo. Já pensámos que um pioneiro, em qualquer actividade humana, muitas e muitas vezes nos tempos que se lhe seguem, na melhor das hipóteses a sua actividade é apenas mantida, isto é, não tem continuidade à sua altura? Um Pitágoras não se segue ao Pitágoras, um Leonardo da Vinci não se segue ao Leonardo da Vinci e um Camões não se segue a Luiz Vaz de Camões. É simples de se entender. Quando uma luz é muito forte, ilumina tanto que às vezes até ofusca, ou seja, o que se lhe segue podendo ser luminoso será, via de regra, de outro modo, modo esse que até pode ser (e já é muito) a explicitação e a manutenção dessa explosão de génio ou de pioneirismo. O que acontece, por exemplo, com movimentos artísticos e filosóficos é conhecido de todos. Passam-se décadas e décadas até surgir outro impulso. Um pioneiro é a “cabeça” de um movimento que, se bem dirige o corpo, este por sua vez deve sustentá-la na continuidade.

É caso também para perguntar, quanto à obra de Max Heindel, se durante estes 100 anos, o pioneiro, o mensageiro, teve sempre onde a «reclinar a cabeça», desde as estruturas da sede central à disseminação da filosofia. Todos e cada um dos que estão no movimento devem colocar a pergunta. Por muito dolorosa que seja, e ainda com esta outra alínea: fomos acrescentado suportes, desenvolvimentos, investigações, envolvimentos humanos verdadeiramente fraternais ao longo destes anos, ou diminuímos esse travesseiro de esforço que Max Heindel e sua esposa Augusta Foss Heindel construíram com tanto amor e sabedoria?
por Eduardo Aroso em "Do Amor e do Ser (22)" publicado na página Fraternidade Rosacruz Max Heindel - Facebook  - 7 -11-2012

30/06/2013

Falando em Arquétipos

por Gilberto Silos
Consultando o “Aurélio” vamos encontrar ARQUÈTIPO definido como “modelo de seres criados”, “padrão” “exemplar”. De um modo geral, conceitua-se arquétipo como o padrão original de alguma coisa.
 
Segundo os ensinamentos rosacruzes há um arquétipo para cada indivíduo no mundo. O corpo denso é uma cópia física exata do arquétipo, um modelo vivente, vibrante, formado na Região do Pensamento Concreto. Quando o corpo é imperfeito ou enfermo é porque o arquétipo não foi bem formado. Sua elaboração condiciona-se ao nível evolutivo e estado de consciência do espírito. O espírito forma o arquétipo com o auxílio das Hierarquias Criadoras, principalmente os Senhores da Mente.
 
O espírito põe o arquétipo em vibração através de um som, correspondente à nota chave do átomo-semente do corpo denso. Este som emite uma cor característica, de acordo com o estado de consciência do indivíduo. Som e cor podem alterar-se no transcurso da vida, à medida que o corpo físico ai experimentando transformações. Quando o som cessa, o arquétipo para de vibrar e o corpo denso morre.
 
A qualidade do material aglomerado para a formação de um corpo denso depende do átomo-semente. Mas, a quantidade depende do arquétipo, o qual determina a forma, a altura, o peso e a aparência física. É um modelo vivo do corpo.
 
Toda ação produz um efeito no arquétipo. Se ela se harmoniza com as leis da evolução, o arquétipo se fortalece e sua duração pode ser prolongada. Em caso contrário, a tendência é ele debilitar-se e destruir-se. Em cada renascimento o espírito recebe várias oportunidades para evoluir. Se ele as aproveita integralmente, ou quase, sua existência aqui neste plano poderá até ser prolongada. Porém, caso o espírito enverede por caminhos perigosos e extremamente destrutivos, sua passagem pelo mundo físico poderá ser abreviada pelas Hierarquias que eliminam o arquétipo.
 
Na Região do Pensamento Concreto quando se deseja conhecer ou estudar alguma coisa, basta concentrar-se em seu arquétipo. Ele emite um som capaz de, imediatamente, ensejar uma noção de cada uma das fases de sua natureza, oferecendo uma visão de seu passado e a história do seu desenvolvimento. Mas Heindel, com a habilidade característica dos iniciados, pode vislumbrar muita coisa através dos arquétipos, inclusive modificações geomorfológicas que futuramente ocorrerão neste planeta.
publicado no ECOS da Fraternidade Rosacruz - Sede Central do Brasil de julho, 1994

08/06/2013

Angelus Silesius e o Nosso Cristo Interno (*)

Provavelmente todo estudante Rosacruz já tenha ouvido falar em Angelus Silesius.

Citado e chamado de místico por Max Heindel no Conceito Rosacruz do Cosmos (capítulo XV-Cristo e sua Missão), Angelus Silesius possui uma biografia peculiar.

Desconhecemos o dia de seu nascimento, porém sabemos que nasceu de pais luteranos na Silésia, sendo batizado no dia 25 de dezembro de 1.624, com o nome de Johannes Scheffler, e a exemplo de seus pais, seguiu a religião luterana.

Filho primogênito formou-se em medicina, doutorou-se em filosofia e apreciava a poesia.

Por volta de 1653, abandona o luteranismo, abraça o catolicismo e muda seu nome para Angelus Silesius.

Sua obra mais importante, sem dúvida, “O Peregrino Querubínico” (também conhecida em países de língua portuguesa como “O Viajante Querubínico“) possui uma particularidade : está escrita em dísticos (grupo ou estrofe de dois versos), e toda ela - mística por excelência - alicerçada no desabrochar de nosso Cristo Interno.

Abaixo, alguns deles – de uma profundidade espiritual enorme para a época - ficando claro para o estudante Rosacruz, a relação dos mesmos com o Cristo Interno de cada um de nós.

Ainda que Cristo nascesse mil vezes em Belém, se não nascer dentro de ti, tua alma ficará perdida. (Este trecho é o mais conhecido pelo estudante rosacruz, sendo encontrado no Conceito Rosacruz do Cosmos, e no Ritual do Serviço do Solstício de Dezembro).

O que importa, Gabriel, tua saudação à Virgem, se a mesma mensagem a mim não se dirige? (Gabriel, anjo Lunar, anunciou à Maria, símbolo de pureza, virgindade comportamental e casticidade de caráter, o nascimento de Jesus, nosso Cristo Interno. Devemos transportar e vivenciar isso para nosso íntimo) .

Recolhe-te em ti mesmo. E lá encontrarás, e não em terra estranha, a pedra filosofal. (Aqui, um correlato com as palavras de Cristo, em Lucas 17:20 “ O Reino de Deus não vem com aparência exterior”.

E na medida que em que meu eu desaparece, que o eu do meu Senhor se revigore e cresça. (Meu eu/eu inferior, sendo transmutado em Eu do Senhor/Eu Superior).

A alma é um cristal, a divindade, a luz. E o corpo em que vives, o estojo que as conduz. (Alma é a somatória de todas as boas ações que praticamos em nossas existências, e o cristal, elemento que os Espíritos Lucíferos não possuem acesso. Vide o livro “Carta aos Estudantes” de Max Heindel, carta 32) .

Dançam estrelas, põe o Sol tudo a mover: Não pertences ao Todo, se fixo é teu ser. (Uma alusão à música das esferas, já que dançar, está intimamente ligado à música. O “caminhar sonoro” das estrelas pelo universo, e também nossa mobilidade Planos Interno/Renascimento na Terra.) .

Como Deus, sou rico. Nem um grão de poeira Ele pode ter que eu também não tenha. (A referencia de nossa origem divina, sem nenhuma conotação material. Nossa riqueza espiritual; somos "Cristos-em-formação").

Se queres chamar o Altíssimo de Pai, deves primeiro reconhecer que és seu filho. (Devemos reconhecer nossa filiação espiritual, e vive-la).

O teu coração recebe Deus e todo seu valor, quando diante dele se abre como uma rosa.(As sete rosas, glândulas endócrinas, desabrochando, florindo em nosso íntimo. O desabrochar de nosso Cristo Interno) .

Amigo, agora basta ! Se ainda queres ler, vai, e torna-te a Escritura e a Essência. (Devemos vivenciar o que lemos e  aprendemos. A veracidade de uma filosofia está em sua vivência , no serviço amoroso e desinteressado ao nosso semelhante).
(*) Artigo originariamente escrito pelo autor para este blog.