Max Heindel em O Véu do Destino(*)
Orar é uma palavra da
qual se tem abusado tanto que já não expressa, realmente, o exercício
espiritual a que nos estamos referindo. Como já dissemos, sempre que formos ao
nosso santuário, devemos ir como o enamorado que vai ao encontro de sua amada.
Nosso espírito deve voar adiante como se pretendesse arrastar o nosso lento
corpo a sentir antecipadamente as delícias que nos estão reservadas e devemos
esquecer tudo o mais para só dar lugar aos pensamentos reverentes que nos
acodem no caminho. Isto é literalmente exato e o sentimento necessário para
alcançar bons resultados é unicamente comparável àquele que impele o amante ao ser
querido e talvez ainda mais ardente e intenso.
"Como a gazela anela
a água do arroio, assi.m minha alma está sedenta de Ti''. Esta é uma
experiência real daquele que ama verdadeiramente a Deus. Se não tivermos este
espírito, podemos cultivá-lo e consegui-lo por meio da oração, e uma das legítimas
orações que devemos empregar constantemente, é a seguinte: "Aumenta meu
amor por Ti, ó Deus! para que eu possa servir-Te melhor cada dia que passa. “Faze
que as minhas palavras e os ditames do meu coração sejam sempre agradáveis á
Tua presença, meu Senhor, minha Fôrça e meu Redentor”.
As invocações usadas para
pedir coisas materiais entram em cheio na magia negra, pois, temos a promessa
de: "Buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça e todas as outras coisas
vos serão acrescentadas". Cristo nos indicou o limite a que podíamos
aspirar no Pai Nosso quando ensinou seus discípulos a dizer : "O pão nosso
de cada dia dai-nos hoje". Tanto no que diz respeito a nós mesmos como aos
demais, devemos resguardar- nos de ultrapassar esse limite na invocação científica.
Ainda quando oremos por bens ou bênçãos espirituais, devemos evitar que se manifeste
qualquer sentimento egoísta em nossa prece, pois, destruiria o nosso crescimento
anímico. Todos os santos nos provam que também tiveram seus dias de obscuridade
e miséria quando o Divino Amante oculta a sua face e aparece a consequente depressão.
Tudo isso depende da
natureza e da fôrça da nossa devoção. Amamos a Deus por Ele mesmo ou O amamos pelas
alegrias que experimentamos na doce comunhão com Ele? Se for somente por este último
motivo, nosso afeto é essencialmente tão egoísta como os sentimentos da multidão
que o seguia pelo alimento que Ele havia fornecido. E tanto como naquele tempo,
é agora necessário que Ele oculte de nós a manifestação de Seu terno amor e solicitude
que nos faria cair de desgosto envergonhado se arrependidos. Felizes de nós se vencermos
os defeitos de nosso caráter e aprendermos a lição de uma fidelidade
invariável, tal como a agulha magnética que aponta para o Norte sem vacilar,
embora chova, haja tormenta ou o céu esteja coberto de nuvens negras que ocultam
do nauta a visão da estrela guia.
Dissemos que não se deve orar
por coisas materiais e que devemos ter muito cuidado em nossas orações
espirituais. Então assalta naturalmente esta pergunta: Qual deve ser o objeto
da nossa invocação? E a resposta é geralmente: Adorar e Louvar.
Devemos abandonar a ideia de que toda vez que nos dirigirmos a nosso Pai Celestial seja para
pedir-lhe alguma coisa. Não ficaríamos contrariados se os nossos filhos estivessem
a todo o momento nos pedindo coisas? Entretanto, não nos cabe na mente que Deus
se desgoste por nossas importunas petições, porém tampouco devemos esperar que nos
conceda tudo o que pedimos que muitas vezes seria para nosso próprio mal. Por outra
parte, quando nos pomos em ação de graças e em oração, estamos nos colocando em
situação favorável com a Lei de Atração. Estaremos assim em estado receptivo no
qual poderemos perceber uma nova descida do Espfrito do Amor e da Luz,
pondo-nos deste modo, mais perto de nosso adorado
ideal.
(*) O VÉU DO DESTINO em algumas traduções: A TEIA DO DESTINO
Este artigo foi extraído de: As Asas e a Força-Invocação - Clímax Final do livro acima citado.
Baixe aqui o Capítulo completo