por José Gonçalves Siqueira
"Os objetos no mundo físico ocultam sempre sua construção ou natureza interna; vemos apenas a superfície" (Max Heindel em Cartas aos Estudantes carta 40)
Toda ideia leva em si um caráter de totalidade e, portanto, imortal.
Quando dizemos Fraternidade não particularizamos esta ou aquela Sede, senão que pensamos num todo o tronco, os galhos e as folhas formam um todo: a árvore. Assim também, os inúmeros membros, grupos, centros, Sedes Rosacruzes todos e eles pautando suas atividades pela orientação dada a Max Heindel pelos Irmãos Maiores, são, comparativamente, as folhas, ramos e galhos de um tronco, cujas raízes estão fincadas num lugar privilegiado: MOUNT ECCLESIA. Todos somos UM, formamos um TODO, constituído por homens e mulheres que LIVREMENTE aceitaram os encargos e disciplinas requeridos para ser uma folha viva da grande árvore plantada por Max Heindel, um grande JARDINEIRO. Se exprimimos a vida que flui através de cada membro, somos parte integrante. Se desafinamos, cortamos o fluxo da seiva vivificadora que liga todos na mesma ramagem de SERVIÇO coerente.
Como movimento unificador, a Fraternidade Rosacruz não brotou de concepção humana fantasiosa, senão de um arquétipo superiormente concebido por seu fundador: Max Heindel.
Essa ideia, portanto, continua atual e vai se desenvolvendo e adquirindo sua plenitude, à medida em que seus membros, por sua vivência realmente cristã, nela se integrem cada vez mais e se tornem ramos de novas folhas.
Muitos indivíduos querem reformar o mundo, a sociedade; acham arcaicas as religiões e os movimentos que agrupam os seres humanos em bases religiosas, taxando-os de ultrapassados.
Pensam que esta época é de mudanças. Não estamos de acordo. Pensamos que a época, principalmente esta, deve ser de transmutação e não de mudança. O termo mudança subentende quebra de continuidade. Transmutação já é um processo contínuo, como o que se opera na vida humana; um processo de desdobramento onde cada fase da vida se apoia na anterior, onde cada fase é essencial, como degraus para um desenvolvimento futuro.
Portanto, o aspirante rosacruz parte sempre da ideia do que ele pode fazer pela Fraternidade. Sua concepção é parcial ainda, mas é suficiente para compreender que não é apenas teoria, senão que deve enquadrar sua vivência, na esfera individual e coletiva, dentro dos ideais que abraçou. Ele recebe orientação para sua gradual integração na ideia expressa por nosso lema: "Uma mente pura, um coração nobre, um corpo são".
A prática desse lema é o desenvolvimento de um processo de purificação ou de higienização que se realiza paralelamente com uma reformulação racional da dieta alimentar, da vida afetiva e mental do aspirante.
Para aceitar e viver a IDEIA fundamental, concebida pelo fundador da Fraternidade e que representa sua pedra fundamental abstrata, deve o Aspirante aceitar espontaneamente o sacrifício ou renúncia a princípios errôneos de sua vida anterior. Esse processo pressupõe, naturalmente uma transição. Não se trata de uma reforma instantânea, ou anti-psicológica[U1] , mas de uma mudança gradual e firme, de hábitos. É a renúncia da personalidade e enquadramento do indivíduo, como ser espiritual, nas leis naturais. É renúncia ao de que gostávamos, mas que nos ofuscava a mente e nos limitava a expressão superior.
O Aspirante sincero que se dispõe a ampliar sua concepção de Fraternidade até completa integração IDEAL nos princípios de Cristo, é, no dizer de Max Heindel, UM SACRIFICIO VIVENTE. Mas, não terá, acaso, esse conceito, algo de masoquista?
Temos um padrão de vivência que exclui de imediato essa suspeita: CRISTO! Ele é nosso padrão e ideal. Os Irmãos da Rosacruz vivem no integralmente. Max Heindel o atingiu até determinado grau. Quanto a nós, Aspirantes, como "Cristos em formação", estamos sinceramente empenhados em alcançar nesta vida o melhor ponto possível desta gloriosa meta!
publicado na revista Serviço Rosacruz de fevereiro de 1966