09/07/2023

A Consciência do Auxiliar Invisível - II

por  Ann Burkhurst (veja notas finais)  
A respeito de sonhos, esclarece-nos Max Heindel:
"Antes de aprender a deixar o corpo voluntariamente, o aspirante deve preparar o corpo de desejos durante o sono, posto que em algumas pessoas esse corpo se organiza antes que a separação do corpo vital possa ser efetuada. Sob tais circunstâncias é impossível trazer de volta à consciência de vigília essas experiências subjetivas. Mas em casos tais, e como primeiro sinal de desenvolvimento, geralmente se nota que todos os sonhos confusos cessam. Então, após algum tempo, os sonhos tornar-se-ão mais vívidos e perfeitamente lógicos. O aspirante sonhará com lugares e pessoas (conhecidas ou não, nas horas de vigília, pouco importa), conduzindo-se de forma razoável como se estivesse desperto. Se o lugar com que sonhou lhe for acessível, quando desperto, da realidade do sonho, poderá obter provas no dia seguinte se tiver anotado algum detalhe físico da cena."

"A seguir descobrirá que pode, durante o sono, visitar qualquer lugar sobre a superfície da Terra e estudá-lo muito melhor do que se lá tivesse ido em seu corpo denso, pois em seu corpo de desejos ele pode entrar em todos os lugares, a despeito de portas e fechaduras. Se persiste, dia chegará finalmente em que não precisará esperar o sono para desfazer a ligação entre os seus veículos, mas poderá libertar-se deles conscientemente." (Conceito Rosacruz do Cosmos, Cap.XVII - subt. Como os Veículos Internos são Construídos - 3ª ed. Fraternidade Rosacruz - Sede Central do Brasil)


As experiências de muitos probacionistas se enquadram nos "sonhos reais" ou "voos anímicos", Sonhos reais são acontecimentos astrais. Todavia o inteiro despertar depende do desenvolvimento do Soma Psuchicon ou Corpo-Alma que é composto dos dois éteres superiores do Corpo Vital, ou seja o Éter de Luz e o Éter Refletor.

Convém advertir: há um sonho comum em que sonhamos que estamos despertos. Ocorre com bastante frequência. Estamos no leito, dormindo, sonhando que nos levantamos, nos vestimos e estamos prontos para ir ao serviço. Nisso soa pela segunda vez o despertador (na verdade, a primeira vez) abrimos os olhos e, admirados descobrimos que nem nos tínhamos levantado, pois estávamos dormindo. O mesmo pode suceder ao neófito que sonha que está desperto como um Auxiliar Invisível. É o que Du Maurie chama de "sonhos verdadeiros", causados pelo mencionado fato de em algumas pessoas o corpo de desejos organizar-se antes da separação do corpo vital. Naturalmente tais sonhos são reais, acontecimentos astrais, mas o neófito, em tais casos, não está realmente desperto fora de seu corpo. Apenas sonha que o está, como Auxiliar Invisível. Sob tais sutis rendições, como saber se o neófito estava ou não desperto? 

Para responder à essa pergunta devemos fazer outra. Pela manhã, quando você despertou, estava mesmo desperto ou sonhando que o estava? Só poderá perceber a diferença quando se levanta, desperto. Nada sabe a respeito enquanto está sonhando. Isto a precisamente o que acontece em relação à consciência do Auxiliar Invisível. Há definição para a consciência de vigília? É descritível? Não. Apenas podemos mencioná-la, porque é uma experiência conhecida de todos.

Nossa opinião é que a maioria dos Auxiliares Invisíveis operam nesta consciência do sonho verdadeiro. Sonham real e acuradamente que são Auxiliares Invisíveis. Comparamos esse tipo de conhecimento com o do sonâmbulo que sonha que se levantou, vestiu-se e se pôs a descer as escadas. Está ele desperto, consciente, no lato sentido do termo? Naturalmente que não! Ele está apenas sonhando que está desperto. No entanto, está em condições de executor não somente as ações normais, peculiares a pessoas despertas, como também, muitas vezes, a fazer proezas que demonstram coragem e capacidade inexistentes em seu estado normal. Diz Max Heindel que o Auxiliar Invisível, à semelhança do sonâmbulo, é hábil e aparentemente inteligente em seu trabalho, mas, como o sonâmbulo que desperta subitamente, muitas vezes fica paralisado pelo medo, diante de situações imprevistas.

O vago estado do sonâmbulo é também comum ao Auxiliar Invisível que, em sentido oposto, é um sonâmbulo. A diferença é que o Auxiliar Invisível caminha, enquanto sonha, com um corpo que, de fato, se tornou um canal de ação onírica. Tal corpo é o "Soma Psuchicon" (soma psiquismo ou corpo psíquico) a que alude São Paulo, e que os Rosacruzes chamam de "o Corpo-Alma"(saiba mais aquiNeste ponto surge outra pergunta: Se tal sonho é real, será ele visível a outra pessoa que, desperta embora em seu corpo físico, disponha de capacidade visual para perceber o Mundo dos Desejos? Sim, pode e acontece. Sabemos de exemplos em que o "sonho" de um homem foi visto mentalmente por outro, à distância e no tempo comprovado, pois o sonhador despertou e olhou o relógio.

Porém, mesmo a consciência de sonho real não é a consciência média dos Auxiliares Invisíveis, em sua totalidade. Para alguns, apenas, pois eles são geralmente inconscientes. Sua lembrança, pela manhã, quando despertam, é de que simplesmente sonharam, nada mais. 

Max Heindel disse que a primeira parte (primeiras horas) do período de sono é dedicado à restauração das energias perdidas e preparação para o dia seguinte. Vejamos como ele o descreve:

"O Mundo do Desejo é um oceano de sabedoria e de harmonia. O Ego leva a esse mundo a mente e o corpo de desejos, enquanto os veículos inferiores dormem. Ali, seu primeiro cuidado é a restauração do ritmo e harmonia da mente e do corpo de desejos. Esta restauração realiza-se gradualmente, na medida em que fluem através deles as vibrações harmoniosas do Mundo do Desejo. Há, no Mundo do Desejo uma essência correspondente ao fluido vital que, por meio do corpo Vital, compenetra o Corpo Denso. Os veículos superiores mergulham, por assim dizer, nesse elixir de vida. E, após se fortalecerem, começam a trabalhar sobre o Corpo Vital deixado com o Corpo Denso adormecido. Então o Corpo Vital começa novamente a especializar energia solar, reconstruindo o Corpo Denso, e empregando especialmente o éter químico nesse processo de restauração. 

Esta atividade dos diferentes veículos durante o sono constitui a base da atividade do dia seguinte." (Conceito Rosacruz do Cosmos, Cap. III- subt.  Atividades da Vida: Memória e Crescimento Anímico) - 3ª ed. Fraternidade Rosacruz - Sede Central do Brasil)

Não nos devemos deter em sonhos comuns, embora vívidos, belos e convincentes, porque são puramente fenômenos astrais, conforme demonstramos no decorrer deste trabalho. A consciência de sonho real e desenvolvimento superior seguinte, que constitui a consciência desperta do Auxiliar Invisível, apresenta muitas armadilhas sobre as quais é de nosso dever prevenir o neófito. Tal advertência é de suma importância porque, de seu conhecimento depende a ativação dos dois éteres superiores, na formação do Soma Psuchicon (Corpo-Alma.)


Max Heindel enfatiza o ponto de que o medo poderá ser eliminado da consciência, pelo amor. Ele confessa haver encontrado nesse medo sério obstáculo nos períodos iniciais de seu trabalho Iniciativo E. recomenda ao estudante probacionista, que pensem bastante várias vezes sobre o trabalho do Auxiliar Invisível, a fim de se irem habituando com a ideia de ficarem ausentes do corpo, sem receios, porque, a estocada do medo corta imediatamente a consciência psíquica, precipitando o neófito de volta ao corpo.

Um probacionista nos conta como, na aurora de um dia, despertou com a recordação fresca e aguda de algum contato com os Irmãos da Rosacruz. Estava perfeitamente consciente e ainda sentia o penetrante perfume de rosas em seu quarto. Enquanto estava deitado, as correntes perfumadas pareciam fluir através de seu corpo, de tal forma que lhe parecia flutuar nelas. Subitamente, porém, viu que "estava flutuando” acima de seu próprio corpo que Jazia no leito. Sentiu a cutilada do medo e teve a consciência de que mergulhava no corpo. "Era como entrar numa nuvem de pontos maiores do que aqueles que vemos no ar. Quando tudo se normalizou, a nuvem se fechou sobre a cabeça, quase como acontece com a água. Ao abrir os olhos se encontrava no mundo físico.

Em outra ocasião, o probacionista mencionado no último parágrafo da primeira parte, despertou completamente consciente em Monte Ecclésia diante do Templo, o qual se apresentava radiante de luz. Tentando aproximar-se foi obstado por uma barreira invisível. Porém nesse momento, a sua atenção foi desviada em direção a um grupo de pessoas que flutuavam (assim imaginou): evidentemente empenhadas no trabalho de cura, visto que reconheceu entre elas, algumas que se dedicavam a tal mister. Todos, inclusive ele, foram impelidos ao longo daquilo que poderia ser designado como um "rio de magnetismo”, rumo ao Norte, em direção à cidade de V.

No caminho, observou que seus companheiros caminhavam e falavam normalmente, entretanto, muitos deles denotavam o olhar vago do sonâmbulo. Não tinham consciência do que estava em derredor, parecendo não notarem que se encontravam fora do corpo físico. O citado grupo e o probacionista consciente do que se passava, chegando à cidade de V., dirigiram-se a uma casa onde uma senhora de meia idade e uma menina os esperavam, sendo que estas também tinham os olhos sonambúlicos, conduziam-se normalmente como seres humanos, sem, contudo, parecerem cientes de que se encontravam fora do corpo nem manifestarem surpresa ante a chegada dos Auxiliares. (continua aqui)

NOTA 1- Ann Burkhurst colaboradora da revista Rays from the Rose Cross em vários artigos. Este foi apresentado em duas partes na referida  revista nos meses de setembro e outubro de 1943  Tradução da Fraternidade Rosacruz - Sede Central do Brasil publicada na revista Serviço Rosacruz de novembro de 1966 e fevereiro de 1967. Revisão e atualização da ortografia por Rosacruz e Devoção. Aqui apresentado em três partes.




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