30/07/2011

Tannhäuser - o Mito e a Ópera

por Gilberto Silos
A linguagem mágica do mito fala diretamente à alma, sem interferência da razão. As Grandes Hierarquias utilizaram a mitologia para acelerar a evolução humana ao longo dos últimos séculos e milênios. Os mitos serviram para educar a humanidade através de imagens, ideais e idéias arquetípicas. Tannhäuser é um mito e, como tal, oferece valiosos ensinamentos. Wagner captou com admirável sensibilidade toda a intensidade dramática e profundo significado dessa lenda, transformando-a numa de suas mais festejadas Óperas.

Tannhäuser é, tipicamente, o homem enredado no pecado original. Na primeira cena, ele parece despertar de um sono prolongado que lhe causou o desejo de voltar ao mundo novamente.

Encontra-se na gruta de Vênus, em meio a um bacanal. Sente vontade de escapar daquela letargia. Enfrenta um drama de consciência, pois Vênus quer impedi-lo de sair daquele lugar. Tannhäuser ouve o canto dos peregrinos. O tema é o arrependimento, a chamada de consciência. Regressa ao mundo e no caminho encontra trovadores que se dirigem ao castelo de Wartburg. No castelo seriam realizados os jogos florais. Perguntam-lhe por onde andou tanto tempo em que esteve desaparecido. A resposta é evasiva, porque naquela época predominava um sentimento de feroz aversão às forças elementais inferiores.

O prêmio ao vencedor dos jogos seria entregue pela filha do Príncipe Herman, o senhor do castelo. Seu nome é Elizabeth, a quem Tannhäuser amava tão ardentemente. Era um amor sensual por uma criatura puríssima. No castelo Tannhäuser encontra Wolfram de Eschenbach, seu amigo e excelente caráter que, embora amando Elizabeth secretamente, procura aproximar os dois. No castelo, cavaleiros e trovadores aguardam o início dos jogos. Tinham seu código de honra. Os trovadores transmitiam cultura e informações. Alguns eram iniciados.

Trombetas soam convocando os menestréis para o torneio. A entrada do príncipe Herman constitui uma das áreas mais conhecidas da ópera. O premio seria concedido àquele que melhor cantasse o amor. Todos cantaram o amor da alma, menos Tannhäuser. Ele revela sua predileção pelo amor sensual, causando um sentimento de repulsa entre os presentes. No calor da disputa exalta o amor de Vênus. Seu segredo é descoberto. Elizabeth intercede impedindo que o matem.

Tannhäuser arrepende-se. Com o coração mortificado decide ir a Roma e pedir perdão ao Papa. Segue junto com um grupo de peregrinos e faz severa penitência. Dorme ao relento. Caminha entre espinhos. Venda os olhos para não contemplar as belezas da Itália.

O Papa recusa-se a perdoar Tannhäuser e o faz veementemente: “Se habitaste a montanha de Vênus, serás sempre maldito. Não encontrarás salvação a menos que meu cajado floresça” .

Elizabeth ora diante do altar da virgem aguardando Tannhäuser regressar, redimido, de Roma. Ouve-se, ao longe, o canto dos peregrinos. Tannhäuser não se encontra entre eles. Elizabeth ora com mais devoção ainda e retorna ao castelo. Pensamentos sombrios atordoam sua alma. Profunda tristeza a abate. Decide, então oferecer sua própria vida para, diante do trono de Deus, rogar o perdão por Tannhäuser.

Tannhäuser regressa, andrajoso e enfermo. Encontra Wolframe e lhe fala de sua decepção com a recusa do Papa. Desesperado, manifesta sua intenção de retornar à gruta de Vênus. Desespera-se mais ainda ao saber da morte de Elizabeth.

Tocam os sinos e alguém anuncia que, em Roma, o cajado do Papa floresceu. Um grupo de peregrinos canta o milagre ocorrido. Tannhäuser, perdoado, cai morto diante do corpo de Elizabeth. Ouve-se o canto dos peregrinos. Cai o pano.
Publicado no ECOS da Fraternidade Rosacruz-Sede Central do Brasil, Nov.Dez.1997

Mais sobre Tannhäuser e os ensinamentos de Max Heindel, Mistérios das Grandes Óperas:

23/07/2011

Max Heindel, Como O Conheci

 por Art Taylor (*)
Max Heindel (23/7/1865 - 6/1/1919)
     Minha mãe foi secretária de astrologia ao tempo de Max Heindel e Augusta Foss de Heindel, no início de 1914. Ela vivia em Mount Ecclesia, quando. a Fraternidade ainda era pequena em número. Todos constituíam uma família feliz, como hoje. Mamãe vinha a Los Angeles todos os fins de semana e numa dessas ocasiões me trouxe um, volume de "O Conceito Rosacruz do Cosmos". Li-o e fiquei impressionado pela apresentação clara e racional das verdades ocultas. Quando Max Heindel veio falar no Centro de Los Angeles, lá fui ouvi-lo. Ao nos encontrarmos, senti instantaneamente que já éramos amigos desde vidas anteriores.

Convidado a descer a Oceanside, no seguinte fim de Semana, tomei o trem para Santa Fé e ao descer em Oceanside verifiquei tratar-se de pequena povoação, com apenas uns dois quarteirões e algumas casas dispersas. Caminhei umas duas milhas por uma estrada de cascalho até chegar, a Mount Ecclesia. Nos terrenos da Fraternidade havia somente um edifício de administração (abrigando todas as atividades), uma pequena capela e três pequenas casas.

Depois passei a frequentar Oceanside em todos os fins de semana e familiarizei-me com o Senhor e a Senhora Heindel. Quando havia acúmulo de trabalho no departamento astrólogico eu ajudava a levantar e interpretar horóscopos, cooperando com minha mãe e a sra. Augusta.

Depois dos serviços da manhã de sábado Max Heindel e eu nos sentávamos próximos ao lugar onde se encontra hoje o símbolo Rosa Cruz e conversávamos sobre várias coisas de mútuo interesse, tais como astronomia, astrologia, filosofia e ciências, entremeadas de reminiscências humanas e reconfortantes gracejos. Tempos felizes foram esses!

Um sábado de manhã, certo visitante aproximou-se de nós para mencionar que havia gostado muito do harmonium da capela. Max Heindel replicou: "Bem, harmonium é seu nome comum, porém o nome clássico é "venha a mim, vá a mim". Todos rimos cordialmente. Este incidente foi mencionado por mim várias vezes, para mostrar como a gente se prende gostosamente à Fraternidade depois que vem a conhecê-la.

Um dia ajudando a Sra. Heindel, chamei-a "Tia Gussie", o que a alegrou, pois me pediu que sempre a, chamasse assim. Disse-lhe de "minha satisfação em chamá-la "tia Gussie", acrescentando que, neste caso, para completar minha alegria, estenderia o tratamento, chamando a Max Heindel de tio Max, Decide então que eles se tornariam para mim carinhosos tios.

Minha colaboração mais direta começou quando, numa viagem à Mount Ecclesia, coincidindo no mesmo dia o Serviço regular e o de Véspera Lunar, fui convidado a falar, cabendo a Max Heindel dirigir a reunião. Depois procurei o Centro de Los Angeles e comecei a ministrar aulas de filosofia rosacruz durante algum tempo, particularmente sobre o Esquema de Evolução. Um dia, ao sentar-me ao piano para praticar, percebi, num relance, que o esquema total da evolução, tão belamente retratado em o "Conceito", se relacionava e ampliava, sob meus olhos, com o teclado do pia­no, mostrando o significado das cinco Hierarquias que nos deram algum auxílio e passaram depois à libertação, bem como as outras sete que trabalharam em nossa involução espiritual e evolução corporal, continuando ainda a ajudar-nos na ascensão evolutiva. Tudo isto ali estava, em progressão regular, nos mais mínimos detalhes.

Na viagem seguinte a Oceanside contei minha inspiração a tio Max. Isto o impressionou agradavelmente e sugeriu que eu escrevesse tudo, juntando um diagrama explicativo. Fi-lo com muito gosto e publiquei o artigo no número de março de 1917 da "Rays from the Rose -Cross".'

Tinha eu a pretensão de conhecer tio Max mais profundamente que outras pessoas e achava razões para isso. Quando um autor é lido e estudado, a predominante caracte­rística de sua natureza é apenas aparente, o que não sucede com as outras facetas de seu ser. Elas se encontram mais ou menos ocultas nos trabalhos em que ele se concentra. Eu tive maior oportunidade ainda: a de privar muito tempo com Max Heindel. E nessa íntima é pessoal associação, outros aspectos de sua pessoa se me foram revelando. Com isso tornei-me capaz de examinar-lhe as aspirações reverentes e devocionais, percebi-lhe o enorme cabedal de cultura, de música, de arte em geral, de ciências, que ele possuía e, o mais importante, o maravilhoso aspecto humano que ele trazia para o desenvolvimento harmonioso de seu todo.

Max Heindel foi um exemplo vivo dos preceitos da Rosacruz: "Mente sã, coração nobre, corpo são" e da contraparte: "prudente como a serpente, forte como um leão, simples e inofensivo como a pomba".

Ele estava perfeitamente ciente de que os Irmãos Maiores eram contrários a tudo que parecesse organização, padronização e, portanto, mantinha-se vigilante! para que tudo caminhasse espontaneamente e o que viesse a ser acrescentado não limitasse as atividades. Foi um líder no sentido perfeito, de supervisionar, incentivar, tolerar, orientar mui jeitosamente e nas ocasiões oportunas e, sobretudo, de exemplificar, sendo entre nós o maior servidor de todos.

Ele era agudamente consciente de que o real progresso, ao longo do caminho da iluminação, vem de dentro para fora, pela edificação do "Templo sem ruídos de martelos". Censurava publicamente toda forma de arregimentação e frequentemente nos exortava, de modo enfático, sobre a necessidade de nos aplicarmos sincera, e devotadamente ao aperfeiçoamento interior, para apressar a iluminação e neutralizar as experiências particulares que nos mesmos marcamos na horóscopo. Ainda mais, assinalava constante- mente a natureza mística, reverente e devocional que devemos cultivar (e nos recomendava a "Imitação de Cristo", de Thomás de Kêmpis), paralelamente ao lado ocultista, da compreensão intelectual, de modo que a humana tendência para tudo racionalizar, seja equilibrada com pureza, pelo coração.

Foi um grande privilégio meu tê-lo conhecido e com ele trabalhado na Obra.
publicado na revista Serviço ROSACRUZ , Jul, 1965
(*) Art Taylor escreveu The Musical Sacle and the Scheme of Evolution publicado pela The Rosicrucian Fellowship e traduzido pela Fraternidade Rosacruz - Sede Central do Brasil. Também é autor de The Occult and Scientific correlations of Religion, Art an Science publicada na revista Rays from the Rosecross na década de 1960.

22/07/2011

O Ideal Esotérico (vivenciado por Max Heindel)

Max Heindel nos ensina que em uma determinada era, a lição esotérica a ser aprendida está contida no signo oposto ao que rege essa era. Portanto, na Era de Aquário todas as atividades que forem dadas à humanidade terão a finalidade de desenvolver princípios regidos pelo signo de Leão, oposto à Aquário. 

Curiosamente, e como um motivo de reflexão, a Era cuja característica principal será de grande desenvolvimento científico e tecnológico terá como Ideal Esotérico o Amor, já que a divina Hierarquia de Leão representa a Flama Divina que tudo criou e mantém, como nos é descrito na letra do signo astrológico de Leão (no mesmo link acima citado).
Max Heindel, nascido em 23 de julho de 1865, foi um digno representante do signo de Leão em seus aspectos mais elevados, não só sob a regência solar, mas também pelo ascendente. Seu trabalho para trazer ao mundo os ensinamentos dos Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz foi uma demonstração de amor. Deu-nos o exemplo. Lançou suas sementes ao solo, cultivou-as e amorosamente nos legou o produto de seu trabalho. Doou os seus frutos “de bom grado”, como, de forma poética, disse uma nossa irmã probacionista em sua poesia Árvore Humana, referindo-se, assim entendi eu, ao serviço amoroso e desinteressado.

17/07/2011

O Que Nos Move

O que será que nos move? Do latim movere. O que nos movimenta, nos incita para as inumeráveis ações que praticamos.
Passamos de um motivo a outro de maneira fantástica. O que antes era desinteresse, facilmente torna-se paixão; o que mantinhamos engavetado por décadas, freneticamente distribuimos em semanas; o que contestávamos com veemência, rapidamente tomamos por nossa bandeira. Quais os motivos? Cada um encontrará o seu, sem dúvida, e constatará que as emoções nos jogam de um lado para o outro.
Disse o Apóstolo Paulo: Nada dessas coisas me comove. Paulo já havia alcançado o nível onde quem determina nossas ações é o Eu Superior.  Não chegamos lá, por ora “O Amor, a Fortuna, o Poder, a Fama! Eis os quatro grandes motivos de toda ação humana.”, nos diz Max Heindel ao explicar esotericamente a Oração do Senhor – o Pai Nosso, no final do Cap.XVII do Conceito Rosacruz do Cosmos.
Estamos aprendendo, e para esta tarefa temos a inestimável ajuda da prática da retrospecção, como sabemos.  É preciso aprimorá-la constantemente, pois os motivos para nossas ações são muitas vezes sutis e sorrateiros. Temos que exercitar a arte de nos observarmos a fundo. Aqui temos um excelente artigo que pode nos ajudar:   

10/07/2011

A Escola de Verão

Ontem lembrei da Escola de Verão em Oceanside. Ocorre todos os anos em julho (verão no Hemisfério norte), com duração aproximada de duas semanas.
 
Provavelmente sob um lindo dia de sol, vários de nossos irmãos e amigos estão compartilhando não só vários ensinamentos, mas momentos de confraternização que ficarão gravados em seus átomos-semente. Bela oportunidade.
 
Recebi uma mensagem com um endereço para algum acesso pela internet, mas meus primários conhecimentos sobre essa moderna tecnologia não me permitiram realizar a façanha. Paciência. Vou procurar aprender como tirar maior proveito desse moderno meio de comunicação para um futuro próximo. Enquanto isso, vou distribuindo material que possuo, possuo é uma forma temporal de dizer, pois não são meus na verdade, a mim chegaram por circunstâncias várias. Alguns muito interessantes, originais até, como é o caso do artigo que insiro hoje na página Bíblia: A Comunidade Cristã.

06/07/2011

O AMOR É A CHAMA DO ESPÍRITO


O Amor é a Chama do Espírito;
É a expressão da Sabedoria,
É a Fonte da Alegria;
É a Humildade de Cristo

O Seu Altar está no coração,
Nas suas fibras transversais,
Nos Valores Universais
E na sua profunda Mansidão.


No Espírito de Vida há União,
Na dimensão da Vida Universal
A única que tem existência real,
Rumo à Eterna Perfeição.

Todos os problemas têm solução
Ela reside na Pureza do Amor
Que a todos enche de Perdão
E nos liberta da Dor.

A Rosa é símbolo de Amor e da Amizade;
É nome de mulher, irradia Beleza,
Expressão de Harmonia, de Fraternidade,
No Selo de Deus - Amor, que é a Natureza!
Lisboa, 19 de Julho de 2009
Do livro: Pintura com Palavras
de Delmar Domingos de Carvalho

03/07/2011

Sobre o Blog


e-mail: rosacruzdevocional@gmail.com 

Ao iniciar este blog comentei do meu objetivo em nele publicar artigos das revistas: Rays from the Rose Cross, de nossa querida Sede Mundial e também da revista Serviço ROSACRUZ, da Fraternidade Rosacruz – Sede Central do Brasil, pois sempre vi estas publicações como uma oportunidade, para nós estudantes, de mostrarmos como entendemos os ensinamentos, utilizando dessa forma a observação, o discernimento, nossa capacidade de expressão - enfim: a epigênese.

Desde o princípio, o Echoes from Mt. Ecclesia (depois Rays from the Rose Cross), criado por Max Heindel apresentou essa distinção. Também a revista de São Paulo mantinha a mesma característica. As duas tiveram o seu fim. Os tempos são outros, mudaram-se os meios, o objetivo continua, e é por essa razão que sempre estou postando aqui criações e interpretações de nossos irmãos e amigos: dos que já participaram alguma vez nessa atividade, como no caso das revistas que citei ou qualquer outro que queira utilizar este espaço.

Acredito que, comentando nossas observações e interpretações em diferentes formas, somamos os vários aspectos de um determinado assunto, e, muitas vezes, sem o percebermos, arrojamos imensa luz aos que nos rodeiam. É verdade que todos nós teremos que, por nós mesmos, unir os três grandes aspectos da atividade humana, mas não chegamos lá. Por enquanto, há ainda os que se inspiram e elevam-se a Deus através da Arte; os que se sentem motivados a seguir o Pai, porque foram convencidos pela Ciência de Suas grandes obras; e os que através de sua fé e Religião seguem fielmente os passos deixados por Cristo sem qualquer inquirição. Cada um dará de si e a perfeita tríade ficará completa.

Mais sobre o blog:
Finalmente Começo