23/07/2011

Max Heindel, Como O Conheci

 por Art Taylor (*)
Max Heindel (23/7/1865 - 6/1/1919)
     Minha mãe foi secretária de astrologia ao tempo de Max Heindel e Augusta Foss de Heindel, no início de 1914. Ela vivia em Mount Ecclesia, quando. a Fraternidade ainda era pequena em número. Todos constituíam uma família feliz, como hoje. Mamãe vinha a Los Angeles todos os fins de semana e numa dessas ocasiões me trouxe um, volume de "O Conceito Rosacruz do Cosmos". Li-o e fiquei impressionado pela apresentação clara e racional das verdades ocultas. Quando Max Heindel veio falar no Centro de Los Angeles, lá fui ouvi-lo. Ao nos encontrarmos, senti instantaneamente que já éramos amigos desde vidas anteriores.

Convidado a descer a Oceanside, no seguinte fim de Semana, tomei o trem para Santa Fé e ao descer em Oceanside verifiquei tratar-se de pequena povoação, com apenas uns dois quarteirões e algumas casas dispersas. Caminhei umas duas milhas por uma estrada de cascalho até chegar, a Mount Ecclesia. Nos terrenos da Fraternidade havia somente um edifício de administração (abrigando todas as atividades), uma pequena capela e três pequenas casas.

Depois passei a frequentar Oceanside em todos os fins de semana e familiarizei-me com o Senhor e a Senhora Heindel. Quando havia acúmulo de trabalho no departamento astrólogico eu ajudava a levantar e interpretar horóscopos, cooperando com minha mãe e a sra. Augusta.

Depois dos serviços da manhã de sábado Max Heindel e eu nos sentávamos próximos ao lugar onde se encontra hoje o símbolo Rosa Cruz e conversávamos sobre várias coisas de mútuo interesse, tais como astronomia, astrologia, filosofia e ciências, entremeadas de reminiscências humanas e reconfortantes gracejos. Tempos felizes foram esses!

Um sábado de manhã, certo visitante aproximou-se de nós para mencionar que havia gostado muito do harmonium da capela. Max Heindel replicou: "Bem, harmonium é seu nome comum, porém o nome clássico é "venha a mim, vá a mim". Todos rimos cordialmente. Este incidente foi mencionado por mim várias vezes, para mostrar como a gente se prende gostosamente à Fraternidade depois que vem a conhecê-la.

Um dia ajudando a Sra. Heindel, chamei-a "Tia Gussie", o que a alegrou, pois me pediu que sempre a, chamasse assim. Disse-lhe de "minha satisfação em chamá-la "tia Gussie", acrescentando que, neste caso, para completar minha alegria, estenderia o tratamento, chamando a Max Heindel de tio Max, Decide então que eles se tornariam para mim carinhosos tios.

Minha colaboração mais direta começou quando, numa viagem à Mount Ecclesia, coincidindo no mesmo dia o Serviço regular e o de Véspera Lunar, fui convidado a falar, cabendo a Max Heindel dirigir a reunião. Depois procurei o Centro de Los Angeles e comecei a ministrar aulas de filosofia rosacruz durante algum tempo, particularmente sobre o Esquema de Evolução. Um dia, ao sentar-me ao piano para praticar, percebi, num relance, que o esquema total da evolução, tão belamente retratado em o "Conceito", se relacionava e ampliava, sob meus olhos, com o teclado do pia­no, mostrando o significado das cinco Hierarquias que nos deram algum auxílio e passaram depois à libertação, bem como as outras sete que trabalharam em nossa involução espiritual e evolução corporal, continuando ainda a ajudar-nos na ascensão evolutiva. Tudo isto ali estava, em progressão regular, nos mais mínimos detalhes.

Na viagem seguinte a Oceanside contei minha inspiração a tio Max. Isto o impressionou agradavelmente e sugeriu que eu escrevesse tudo, juntando um diagrama explicativo. Fi-lo com muito gosto e publiquei o artigo no número de março de 1917 da "Rays from the Rose -Cross".'

Tinha eu a pretensão de conhecer tio Max mais profundamente que outras pessoas e achava razões para isso. Quando um autor é lido e estudado, a predominante caracte­rística de sua natureza é apenas aparente, o que não sucede com as outras facetas de seu ser. Elas se encontram mais ou menos ocultas nos trabalhos em que ele se concentra. Eu tive maior oportunidade ainda: a de privar muito tempo com Max Heindel. E nessa íntima é pessoal associação, outros aspectos de sua pessoa se me foram revelando. Com isso tornei-me capaz de examinar-lhe as aspirações reverentes e devocionais, percebi-lhe o enorme cabedal de cultura, de música, de arte em geral, de ciências, que ele possuía e, o mais importante, o maravilhoso aspecto humano que ele trazia para o desenvolvimento harmonioso de seu todo.

Max Heindel foi um exemplo vivo dos preceitos da Rosacruz: "Mente sã, coração nobre, corpo são" e da contraparte: "prudente como a serpente, forte como um leão, simples e inofensivo como a pomba".

Ele estava perfeitamente ciente de que os Irmãos Maiores eram contrários a tudo que parecesse organização, padronização e, portanto, mantinha-se vigilante! para que tudo caminhasse espontaneamente e o que viesse a ser acrescentado não limitasse as atividades. Foi um líder no sentido perfeito, de supervisionar, incentivar, tolerar, orientar mui jeitosamente e nas ocasiões oportunas e, sobretudo, de exemplificar, sendo entre nós o maior servidor de todos.

Ele era agudamente consciente de que o real progresso, ao longo do caminho da iluminação, vem de dentro para fora, pela edificação do "Templo sem ruídos de martelos". Censurava publicamente toda forma de arregimentação e frequentemente nos exortava, de modo enfático, sobre a necessidade de nos aplicarmos sincera, e devotadamente ao aperfeiçoamento interior, para apressar a iluminação e neutralizar as experiências particulares que nos mesmos marcamos na horóscopo. Ainda mais, assinalava constante- mente a natureza mística, reverente e devocional que devemos cultivar (e nos recomendava a "Imitação de Cristo", de Thomás de Kêmpis), paralelamente ao lado ocultista, da compreensão intelectual, de modo que a humana tendência para tudo racionalizar, seja equilibrada com pureza, pelo coração.

Foi um grande privilégio meu tê-lo conhecido e com ele trabalhado na Obra.
publicado na revista Serviço ROSACRUZ , Jul, 1965
(*) Art Taylor escreveu The Musical Sacle and the Scheme of Evolution publicado pela The Rosicrucian Fellowship e traduzido pela Fraternidade Rosacruz - Sede Central do Brasil. Também é autor de The Occult and Scientific correlations of Religion, Art an Science publicada na revista Rays from the Rosecross na década de 1960.

3 comments:

Anônimo disse...

Lindo esse relato do Taylor. Já o conhecia há tempos, mas sempre que o leio é como se o estivesse fazendo pela primeira vez.
Heindel foi para mim como o primeiro amor. Impossível esquecer!

Maria Lázara Franzini disse...

Obrigada Irmão, pela sua presença aqui neste blog, mais uma vez.
Realmente este é um artigo que resgata uma reverência aos nossos ensinamentos!

Anônimo disse...

Muito obrigada por tão bela publicação...não só amplia a nossa mente e coração, como nos dá a conhecer uma faceta mais pessoal e afectiva não somente da vida de Taylor, mas dos próprios Max e Augusta Heindel e da Fraternidade...Gostei muito. Lúcia Reixa Silva

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