por Gilberto Silos
A linguagem mágica do mito fala diretamente à alma, sem interferência da razão. As Grandes Hierarquias utilizaram a mitologia para acelerar a evolução humana ao longo dos últimos séculos e milênios. Os mitos serviram para educar a humanidade através de imagens, ideais e idéias arquetípicas. Tannhäuser é um mito e, como tal, oferece valiosos ensinamentos. Wagner captou com admirável sensibilidade toda a intensidade dramática e profundo significado dessa lenda, transformando-a numa de suas mais festejadas Óperas.Tannhäuser é, tipicamente, o homem enredado no pecado original. Na primeira cena, ele parece despertar de um sono prolongado que lhe causou o desejo de voltar ao mundo novamente.
Encontra-se na gruta de Vênus, em meio a um bacanal. Sente vontade de escapar daquela letargia. Enfrenta um drama de consciência, pois Vênus quer impedi-lo de sair daquele lugar. Tannhäuser ouve o canto dos peregrinos. O tema é o arrependimento, a chamada de consciência. Regressa ao mundo e no caminho encontra trovadores que se dirigem ao castelo de Wartburg. No castelo seriam realizados os jogos florais. Perguntam-lhe por onde andou tanto tempo em que esteve desaparecido. A resposta é evasiva, porque naquela época predominava um sentimento de feroz aversão às forças elementais inferiores.
O prêmio ao vencedor dos jogos seria entregue pela filha do Príncipe Herman, o senhor do castelo. Seu nome é Elizabeth, a quem Tannhäuser amava tão ardentemente. Era um amor sensual por uma criatura puríssima. No castelo Tannhäuser encontra Wolfram de Eschenbach, seu amigo e excelente caráter que, embora amando Elizabeth secretamente, procura aproximar os dois. No castelo, cavaleiros e trovadores aguardam o início dos jogos. Tinham seu código de honra. Os trovadores transmitiam cultura e informações. Alguns eram iniciados.
Trombetas soam convocando os menestréis para o torneio. A entrada do príncipe Herman constitui uma das áreas mais conhecidas da ópera. O premio seria concedido àquele que melhor cantasse o amor. Todos cantaram o amor da alma, menos Tannhäuser. Ele revela sua predileção pelo amor sensual, causando um sentimento de repulsa entre os presentes. No calor da disputa exalta o amor de Vênus. Seu segredo é descoberto. Elizabeth intercede impedindo que o matem.
Tannhäuser arrepende-se. Com o coração mortificado decide ir a Roma e pedir perdão ao Papa. Segue junto com um grupo de peregrinos e faz severa penitência. Dorme ao relento. Caminha entre espinhos. Venda os olhos para não contemplar as belezas da Itália.
O Papa recusa-se a perdoar Tannhäuser e o faz veementemente: “Se habitaste a montanha de Vênus, serás sempre maldito. Não encontrarás salvação a menos que meu cajado floresça” .
Elizabeth ora diante do altar da virgem aguardando Tannhäuser regressar, redimido, de Roma. Ouve-se, ao longe, o canto dos peregrinos. Tannhäuser não se encontra entre eles. Elizabeth ora com mais devoção ainda e retorna ao castelo. Pensamentos sombrios atordoam sua alma. Profunda tristeza a abate. Decide, então oferecer sua própria vida para, diante do trono de Deus, rogar o perdão por Tannhäuser.
Tannhäuser regressa, andrajoso e enfermo. Encontra Wolframe e lhe fala de sua decepção com a recusa do Papa. Desesperado, manifesta sua intenção de retornar à gruta de Vênus. Desespera-se mais ainda ao saber da morte de Elizabeth.
Tocam os sinos e alguém anuncia que, em Roma, o cajado do Papa floresceu. Um grupo de peregrinos canta o milagre ocorrido. Tannhäuser, perdoado, cai morto diante do corpo de Elizabeth. Ouve-se o canto dos peregrinos. Cai o pano.
Publicado no ECOS da Fraternidade Rosacruz-Sede Central do Brasil, Nov.Dez.1997
Mais sobre Tannhäuser e os ensinamentos de Max Heindel, Mistérios das Grandes Óperas:
Mais sobre Wagner http://www.fraternidaderosacruz.org/rc_wagner.htm