por Augusta Foss Heindel
"Se Cristo não ressuscitou,
é, pois vã a nossa pregação, é também vã a nossa fé".
"Se somos assim considerados
falsas testemunhas de Deus, porque demos testemunho contra Deus dizendo que ressuscitou
a Cristo, ao qual não ressuscitou, se os mortos não ressuscitam".....
........"Mas agora Cristo
ressuscitou dos mortos, sendo Ele as primícias dos que dormem". (Cap. 15 da Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios)
É primavera (no Hemisfério Norte) novamente e a Páscoa se
anuncia. No ar vibra a alegria da música. Páscoa significa renovação. É a
estação do novo crescimento e o impulso para purificar-nos é universal.
Agora, novamente consagramos nossas vidas, decidindo ser mais
conscientes em nossos esforços diários. Somos estimulados a novos esforços e
aspirações conforme sentimos a natureza responder às forças da vida que ascende
liberada por meio da crucificação. Esta “ascensão” é de natureza cíclica e
ocorre anualmente, entre a Páscoa e o Domingo de Pentecostes.
A máxima “como é em cima é embaixo” sugere-nos o princípio
unificante fundamental de toda a vida, e as mudanças cósmicas de natureza
cíclica inevitavelmente encontram sua expressão na existência humana. Assim
como o Ego ou Espírito Virginal procura reencarnar-se, igualmente as Leis
Naturais ou Princípios Cósmicos buscam sua manifestação externa ou
personificação por meio da forma, secundária expressão da vida. O nascimento e
a ressurreição de Cristo-Jesus são expressões externas das mudanças das
estações.
Ambos, o Natal e a Páscoa, são pontos alternantes marcando o
fluxo e refluxo de um vida cósmica sem a
qual a vida na Terra seria uma impossibilidade. Na época em que o Sol transita
pelo signo celestial da Virgem, tem lugar a Imaculada Concepção. Uma onda da
luz solar de Cristo se concentra na Terra. Gradualmente essa luz penetra mais
fundo até alcançar o ponto máximo na noite mais longa do ano, que chamamos de
Natal. Esse é o nascimento místico de um impulso de vida cósmica que impregna e
fertiliza o planeta e constitui a base da vida terrestre. Sem ela não
germinaria semente alguma, não existiriam o homem e os animais ou forma alguma
de vida. Desde o solstício até o equinócio esse impulso segue seu caminho até a
superfície da Terra, infundindo nova vida a todas as formas em evolução.
O conhecimento do fluxo e refluxo dessas forças cósmicas será
muito útil para nós, porquanto nos enseja poder “agarrar o tempo pelos
cabelos”.
Durante esta estação, da Páscoa até o Domingo de Pentecostes,
quando a natureza abunda em nova vida, devemos empreender todo esforço para
sintonizar-nos com esse impulso universal, para expressar uma vida mais
harmoniosa. Este é o momento para despendermos os maiores esforços no sentido
de alcançarmos níveis superiores de consciência. Devemos ter em conta, também,
que não há tons menores neste ”canto de Primavera”. Sua nota-chave é alegria. O
evento da ascensão de Cristo é cantado com grande regozijo nos planos
espirituais. E nós também, se nos alinharmos com a Lei Cósmica, sentir-nos-emos
felizes e alegres nesta época do ano.
A lei da analogia se mantém pura em todos os departamentos da
vida. Os alegres cantos primaveris são ecos, tons harmônicos de uma ressurgente
harmonia cósmica. Se penetrarmos no espírito da estação poderemos, também,
receber o estímulo resultante do rápido florescimento de todas as formas da
natureza.
A ajuda que estamos recebendo para a aquisição do conhecimento
direto deveria merecer especial atenção nesta ocasião. Esse auxílio, como
ensina o "Conceito" (*) , resume-se em: Observação, Discernimento, Concentração,
Meditação, Contemplação e Adoração. A Observação e o Discernimento são disciplinas
a serem exercitadas durante todas as nossas horas de vigília. A Concentração, a
Meditação e a Adoração são graus progressivos de exercícios especiais para o
desenvolvimento da clarividência.
O pensamento é o meio mais poderoso para obtenção do conhecimento.
Se dominarmos necessária força mental nada existirá além da humana compreensão.
Por meio da concentração do poder mental podemos solucionar problemas que de
outra maneira não chegaríamos a entender.
Nossos primeiros esforços de concentração são frequentemente,
insatisfatórios. Mesmo assim poderemos obter algum êxito em concentrar nossos
pensamentos antes que estejamos preparados para graus superiores de Meditação e
Contemplação. O objeto da Concentração pode ser qualquer coisa, uma simples figura
geométrica ou, de preferência, algum ideal. Qualquer que seja nossa escolha é
necessário mantermos firmes nossos pensamentos na figura mental criada, sem
permitir desvios.
O pensamento é o poder que utilizamos para construir imagens
mentais ou formas-pensamentos e como é nossa força primordial devemos
dominá-lo.
Quando o aspirante, por intermédio da Concentração, obtiver
êxito para construir o pensamento-forma VIVENTE de um ideal, então já estará
preparado para o passo seguinte, ou seja, a Meditação. Através dela, ele
aprende tudo referente ao objeto criado em sua mente. Terá acesso a
conhecimentos jamais sonhados, pois através da Meditação suas criações mentais
podem falar-lhe, por assim dizer.
Os graus superiores – a Contemplação e a Adoração – geralmente
não se alcançam até que estejamos bem treinados na Observação e no
Discernimento, disciplinas mentais que deveríamos praticar continuamente. É
importante tudo vermos com clareza, com contornos bem delineados e riquezas de
detalhes. A visão etérica é uma extensão ou refinamento da visão física e
facilitamos seu desenvolvimento através da prática sistemática de observar
cuidadosamente todas as coisas.
Enquanto praticamos o exercício da Observação, devemos aprender
a discernir e a tirar conclusões do que vemos. Pela observação e Discernimento
cultivamos a faculdade de racionar logicamente. E a lógica, segundo nos foi
ensinado, é o melhor guia em qualquer mundo. Pelo desenvolvimento e da
Observação preparamo-nos para os dois passos seguintes: a Contemplação e a
Adoração.
Através da Meditação aprendemos tudo a respeito da forma das
nossas criações mentais. Porém, na Contemplação, a parte que concerne à vida
revela seus segredos. Na verdade, a unidade da vida se nos põe de manifesto
pela Contemplação e nos impressionamos com a Verdade Suprema de que não existe
senão uma Vida; a Vida Universal de Deus. Quando Alcançarmos esse estágio,
através da Contemplação, ainda resta um passo a dar, ou seja, a Adoração. Por
meio desta, o aspirante se UNIFICA com a Fonte Universal de todas as coisas.
Nesta estação do ano, quando a vida fecunda toda a natureza,
deveríamos todos, tratar de fazer grandes progressos pela renovação dos nossos
esforços para dominar estes seis graus ou disciplinas. Assim, sintonizando-nos
com as forças vitais que ressurgem na Terra e culminam no Domingo de
Pentecostes, evoluiremos de modo tal como não seria possível de outra maneira.
Publicado na revista Serviço Rosacruz de março/abril de 1987 (enviado por Ricardo Belizário - estudante em São Paulo).
(*) Conceito Rosacruz do Cosmos - onde consta todos os exercícios citados no artigo: