20/05/2018

O SERVO NA CASA

Foto de uma das cenas da peça – fonte Wikipedia

O SERVO ((ou O SERVENTE)) NA CASA de Charles Rann Kennedy
Baixe aqui em PDF - Veja antes nota abaixo

Peça de teatro citada por Max Heindel no capítulo III de seu livro MAÇONARIA E CATOLICISMO conforme texto abaixo reproduzido:

“...Mas, quando a fé floresce em obras, alcançamos o mais elevado ideal de expressão. A humanidade pode e admira os sentimentos elevados e a oratória brilhante; mas quando Lincoln rompe as correntes de uma raça escravizada, ou quando um Lutero se rebela em nome dos espíritos agrilhoados da humanidade, garantindo-lhes liberdade religiosa, a ação externa desses emancipadores revela uma beleza de alma que não é vista naqueles que só sonham e que receiam sujar as mãos em um trabalho real no templo da humanidade. Os últimos não são os verdadeiros construtores do templo, e seriam incapazes de se inspirar no maravilhoso templo descrito por Manson no livro "O Servente da Casa". O autor chama o personagem de "Man-son"; isto pode significar que ele o considera Filho do Homem (Son of Man), mas pode ser também que ele quis dizer "Mason", pois o Servente na Casa era, ao mesmo tempo, um construtor do templo. É maravilhosa a visão interior que o autor da peça deve ter tido quando planejou a cena em que o servo, o operário enamorado de sua obra, fala ao clérigo mundano, que é leviano e tão inexpressivo quanto um sepulcro caiado, do templo que ele, operário, construiu. Esta concepção é uma gema mística e preciosa que anexamos para a meditação do leitor:

"Receio que você não considere este templo de grande importância. Ele deve ser visto de certo modo e sob determinadas condições. Algumas pessoas nunca o vêem na sua totalidade. Compreenda que ele não é um monte de pedras mortas e vigas insignificantes, mas É UMA COISA VIVA".

"Quando você entra nele, ouve um som - um som como o de um vigoroso poema cantado. Procure escutar bem, e poderá perceber que esse som é o palpitar de corações humanos, é a inexprimível música das almas dos homens, isto é, se você tem ouvidos para ouvir. Se você tem olhos, verá agora o próprio templo, um enorme mistério de muitas formas e imagens, projetando-se verticalmente do solo à cúpula, OBRA DE EXTRAORDINÁRIO CONSTRUTOR".

"Suas colunas levantam-se como vigorosos troncos de heróis; a delicada carne de homens e mulheres é modelada em torno de seus fortes e inexpugnáveis baluartes. Em cada pedra fundamental, rostos sorridentes de crianças; seus espantosos vãos e arcos são as mãos unidas dos companheiros e, em cima, nas alturas e espaços, acham-se inscritos as inumeráveis meditações de todos os idealistas do mundo".

"Ele se acha ainda em construção e a construção continua. Às vezes, a obra segue sob escuridão profunda, outras vezes, sob luz ofuscante; ora, sob o peso de indizível angústia, ora, com a música de sonoras risadas e aclamações heroicas como o ribombar do trovão. Às vezes, no silêncio da noite, pode-se ouvir o suave martelar dos companheiros trabalhando na cúpula - SÃO OS COMPANHEIROS QUE CHEGARAM AO ALTO".

19/05/2018

A RELAÇÃO CIÊNCIA-RELIGIÃO-ARTE (1)

por Eduardo Aroso
A oposição ciência religião, vice-versa, é antiga. Com o aumento do ambiente materialista actual tem-se agudizado em posições académicas irredutíveis, mas também contendo uma falange significativa que chega a uma situação dir-se-ia crítica ou de fronteira, isto é, o cientista não sai, como lhe compete, da área científica, mas não enjeita outras componentes na busca de uma visão mais abrangente da vida (Leia-se Ciência e Religião, de Russel Stannard, edições 70). O confronto ciência/religião aconteceu no passado, por exemplo, com Galileu e Newton de um lado, e do outro a igreja dominante, o mesmo é dizer o pensamento vigente na época.

É óbvio que o tema daria matéria não só para um livro, mas para vários tratados. Este breve artigo pretende tão-só chamar a atenção para dois ou três pontos essenciais que, em combinação com a filosofia rosacruz, possa contribuir para esbater a barreira que se construiu pelo materialismo separando ciência-religião e até a arte. É sobejamente sabido que a Idade Média viveu intensamente a religião em detrimento da ciência «sufocada» (como diz Max Heindel) e dir-se-ia não desenvolvida como está hoje. Deus estava na religião. O Renascimento trouxe uma notável expansão em todas as artes, maior que a própria ciência moderna que começava então a despontar. Hoje, para muitos cientistas só a ciência pode explicar o mundo e, mais do que este, a própria Vida. Mas não só, pois muita gente segue o preceito de que o que a ciência não explica não é verdade e, sobretudo não confiável! Ou seja, se Deus não está na Ciência não existe, do mesmo modo que os místicos medievais não podiam admiti-Lo nos átomos ou nos feixes quânticos da nossa época, ou como em pleno Romantismo Beethoven percebia Deus através da música.

Se - como diz o povo e bem - «Deus está em toda a parte», é bem de ver que na Manifestação Ele não tem limites para essa Imanência. É esta a razão d’Ele estar tanto na Ciência, na Arte e na Religião. O fanatismo que eclodia no passado em certos momentos de vivência religiosa talvez não seja do mesmo teor de uma espécie fanatismo com que a ciência académica se posiciona como detentora da verdade, mas deixa-nos a pensar que, pelo menos: a) Em cada época tem havido mais propensão para aprofundar uma destas três áreas (religião, ciência, arte); b) Em qualquer uma delas se observa que o ser humano está em evolução, pois há ainda uma visão limitada do Todo; c) tudo indica que se caminhe (Era de Aquário) para uma plenificação do ser no sentido de as fazer convergir, revelando assim a divindade que existe na criatura terrestre e bem assim nesses três ramos do conhecimento e experiência humana.

«Em toda a sua relatividade, todo o progresso decorre duma evolução do conhecimento humano, seja qual for o seu estatuto, estendendo-se pelo místico, o 2 religioso, o científico, no quadro das mais diversas culturas». (António Amorim da Costa, professor de Química, jubilado, da Universidade de Coimbra, «Ciência e Mito», Imprensa da Universidade de Coimbra, 2010). Adianta ainda o autor, como quem se situa bem na fase actual, a da separação (especialização) do saber: «Saber conviver com o intrincado da própria teia poderá ser a mais sábia das atitudes».

É interessante saber que Galileu (cientista que revolucionou a astronomia, condenado a abjurar o seu pensamento perante a Igreja Romana), na sua obra «Sidereus Nuncius» (publicado em Veneza em 1610) o título é o mesmo que o livro de Augusta Foss e Max Heindel, «The Message of the Stars», esta uma colectânea de escritos e horóscopos que quando foi editada constituiu um repositório de conhecimento que veio preencher um vazio, e que ainda hoje é de grande utilidade, muito em particular quanto às doenças. A filosofia rosacruz explica as razões da separação da ciência e da religião, ao longo dos tempos, da predominância de uma sobre a outra, para finalmente serem, como destino, os dois “braços” da Verdade de um modo mais explícito e equilibrado.

É consolador saber que Galileu, profundamente empenhado na ciência da astronomia e não só, tenha tido uma atitude conciliadora (sabe Deus com que cuidado naquela época!) da ciência e da religião: «Todas essas coisas por mim observadas e descobertas, não há muitos dias, mediante um perspicilium inventado e construído por mim, previamente iluminado pela graça divina» («Explicando A Astronomia e o Poder Religioso», de Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, edições Ediouro). Na realidade, Galileu foi uma afronta para o pensamento aristotélico do funcionamento do universo que a Igreja defendia. Segundo os estudiosos, o cientista pretendia que a sua teoria não a afrontasse, mas que fosse um passo em frente no avanço da humanidade, tendo ficado decepcionado. Galileu provocou uma cisão no pensamento da época só comparável com a divisão da Igreja Ocidental (romana) e Oriental (ortodoxa) ou da cisão que Lutero trouxe ao catolicismo, conhecido como protestantismo. Dado que um ambiente científico gera um correspondente clima filosófico, a comprovação de que é a Terra (e demais planetas) é que gira à volta do Sol, e não este à volta do nosso planeta, ainda hoje nos faz pensar na clássica sentença «o homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são." (Protágoras, séc. V A.C.).

Se por um lado expressa a ideia de relatividade, o que é certo é que durante a Idade Media e no Renascimento, nomeadamente através da Escolástica, esta expressão mais conhecida na abreviatura «o homem é a medida de todas as coisas» colocou de algum modo o ser humano numa posição egocêntrica, sobrepondo-o assim ao reino animal, vegetal e mineral, afirmação talvez derivada desse pensamento aristotélico antigo que colocava tudo a girar à volta da Terra. De um ponto de vista absoluto no ser humano 3 enquanto centelha divina, tudo gira à sua volta, posição irredutível, pois o Ego é indestrutível.

Mas isso pode obscurecer outra largueza de pensamento, como, por exemplo, a de hoje quanto à negação peremptória de muitos de que haja seres extraterrestres. A filosofia rosacruz explicita bem no capítulo da Cosmogénese que além do ser humano há outros seres mais elevados de outras ondas de vida. O orgulho intelectual que parece ter afluído à frase «o Homem é a medida de todas as coisas», decerto sem que Protágoras imaginasse, não foi tão sábio e pronto para divulgar o dito de S. Paulo em que o seguidor de Cristo diz do ser humano ser um pouco mais que animal e inferior aos anjos, deslocando assim a consciência para um ponto mais alto, o reino angélico. (Continuará)

Eduardo Aroso é Probacionista da The Rosicrucian Fellowship através de Portugal. 
Mais artigos do autor neste blog: (aqui)

01/05/2018

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou”

por Jonas Taucci
Durante uma viagem que realizei, de trem, entre Roma (Itália) e Barcelona (Espanha), pude ver - em vários trechos - o espetacular Mar Mediterrâneo. O trem subiu pela costa oeste italiana, antes de entrar em território francês, e posteriormente a Espanha. Fui agraciado, em dado momento, com um maravilhoso e inesquecível pôr do sol.

Custou-me acreditar que esta cena – a enorme e portentosa bola de fogo a deitar majestosamente no horizonte mediterrâneo – fosse palco de uma das batalhas mais sangrentas da história: As Guerras Púnicas, acontecidas a mais de dois milênios.

RESUMIDAMENTE: AS GUERRAS PÚNICAS

***Foram batalhas, em número de três, entre Roma e Cartago (cidade estado do norte da África), sendo que na primeira, o conflito bélico naval foi horrível nas águas do famoso mar.

***Entraram em guerra pelo controle marítimo do Mar Mediterrâneo; rota importantíssima de comércio e também área vital militar.

***Estas três Guerras Púnicas ocorreram entre os anos 264 AC e 146 AC, com vitória romana, que passou a chamar este mar de Mare Nostrum (mar nosso), sendo fator importante para a consolidação do posterior Império Romano (27 AC à 470 DC, aproximadamente).

***Durante mais de um século o ódio imperou entre cartagineses e romanos, em terríveis batalhas navais e terrestres.

Estas informações constam em livros de história, contudo há um lado oculto (e posterior) a isso, informado por Max Heindel, em sua obra Ensinamentos de um Iniciado – capítulo IX – Luz mística sobre a guerra mundial (1914-1918) – Parte I – Fontes Secretas;

***Os cartagineses renasceram na Prússia (Alemanha) e os romanos renasceram em Albion (como também é conhecida as Ilhas Britânicas); o ódio entre ambos continuou, agora como palco a 1ª Grande Guerra Mundial.

Aqui um ponto importante para o aspirante rosacruz: a morte não aplacou a belicosidade entre estes espíritos, que se envolveram em novas (contudo antigas...) batalhas, por volta de dois mil anos depois das Guerras Púnicas. O ódio perdurou, ainda que em época e nacionalidades diferentes.

Max Heindel, em Cartas aos Estudantes # 47 (Os Auxiliares Invisíveis e o Seu Trabalho nos Campos de Batalha), escrita em outubro de 1.914 (em plena 1ª Guerra Mundial), solicitou a todos que orassem pela paz mundial: as espadas sendo fundidas em arados. Atualmente, não temos uma guerra mundial propriamente dita, contudo existem seriíssimos conflitos étnicos, religiosos, políticos etc. ao redor do planeta, causando muitos sofrimentos e mortes.

Nossa Sede Mundial (Oceanside), nos orienta a meditarmos pela paz mundial, quando a Lua transita pelos signos de água (Câncer, Escorpião e Peixes).

 Os Signos aquosos estão  relacionados com o aspecto sentimento, afetividade, coração e devoção

Cristo, no evangelho de João (14:27) diz:
Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não a dou como a dá o mundo”.

À LUZ DOS ENSINAMENTOS ROSACRUZES:

***Deixo-vos a minha paz, a minha paz vos dou.  (a paz do Cristo Interno de cada um de nós).

***Não a dou como a dá o mundo. (paz temporária, externa, governamental, política).

Não devemos entender esta passagem, como Cristo transferindo a SUA paz a cada ser humano.  Evidente que todos os anos, Ele nos visita, abençoando-nos com seu infinito amor, contudo a paz a que Ele se refere, é a paz interna de cada um de nós, conquistada pelo aspirante, resultante do desabrochar do Cristo Interno. Procuremos ler e meditar esta passagem, calmamente, do evangelho de João, como sendo os dizeres de nosso Cristo Interno.

Iremos nos maravilhar.

O Sr. Heindel, em Iniciação Antiga e Moderna (capítulo II – O Altar de Bronze e o Lavado) é enfático: Não é o Cristo externo que salva, mas o Cristo Interno”.

E no Ritual Rosacruz de Dezembro, voltado ao Natal, lemos ao final:

É um fato sublime nós sermos Cristos em formação; quanto mais cedo nos convencermos que devemos dar nascimento ao Cristo Interno antes de podermos ver o Cristo exterior, mais depressa chegará o dia da nossa iluminação espiritual. Cada um de nós será, oportunamente, conduzido pela Estrela até ao Cristo, mas é necessário acentuar, que não seremos conduzidos a um Cristo exterior, mas ao Cristo que esta no Interior”.   

A paz, particular de cada um de nós, fermentada pelo nosso Cristo Interno, quando conquistada por um número significativo da humanidade, irá abolir todo vestígio de guerras na Terra.

Nesta e em vidas futuras...