23/08/2012

O Significado dos Mitos

por Gilberto Silos
 
Max Heindel afirmou que o Mito foi o recurso utilizado pelos Divinos Guias da Humanidade para orientá-la em sua infância espiritual. O vocábulo Mito origina-se do grego Mvthos que quer dizer relato. É um relato em linguagem simbólica, capaz de projetar os arquétipos de verdades espirituais na consciência humana. Em sua obra "Mistérios das Grandes Óperas", Max Heindel revela o significado oculto de vários mitos oriundos da Europa setentrional.

Os mitos confundem-se com as próprias religiões. Todas as grandes religiões mediterrâneas e asiáticas possuem sua mitologia. A Bíblia, tanto quanto outros livros sagrados, contém mitos.

Os mitos contam histórias sagradas, fatos ocorridos em tempos imemoriais. Relatam como graças aos Seres sobrenaturais uma realidade passou a existir, como algo começou a ser. São geralmente, uma narrativa de uma criação, seja do Cosmos, seja de uma cultura, uma nação ou um comportamento. Explicam não apenas a origem do mundo, dos animais, das plantas e da humanidade, mas também de todos os acontecimentos através dos quais o homem converteu-se no que é hoje.

Como os mitos transmitem arquétipos de verdades cósmicas, é comum encontrarmos o mesmo relato em civilizações e religiões diferentes, que se desenvolveram em épocas distintas e locais bem diferentes uns dos outros. É o caso do mito da Sagrada Família. O mesmo enredo da história cristã de Maria, José e Jesus se repete em tempos e épocas diferentes. Na antiga religião egípcia fala-se do salvador, o deus sol Horus, filho de Isis (uma virgem) e Osiris. No norte da Europa, Baldur, filho da virgem Freya, nasce entre animais, numa estrebaria, sendo conduzido às montanhas para fugir dos perigos que o ameaçavam. Saga idêntica é a de Krishna, na índia e Quetzacol entre os astecas, na América pré-colombiana.

São muito comuns, também, entre várias civilizações os mitos do "fim do mundo". A Bíblia fala de Noé e de como ele sobreviveu ao Dilúvio. Em outras culturas o mundo foi destruído por um cataclismo e a humanidade aniquilada, com exceção de um casal ou de alguns sobreviventes. Esses mitos transmitem a ideia de que o mundo tanto quanto o homem devem recriar-se e regenerar-se ciclicamente. Mostram o final de um ciclo já exaurido em suas possibilidades evolutivas e o início de um novo, com lições inéditas para a humanidade. Essa ideia de que o Cosmos encontra-se ameaçado se não for recriado inspirava a principal festividade dos índios californianos.

A função do mito é de revelar arquétipos, dando significado ao mundo e à existência humana, mostrando, também a sacralidade inerente a todas as coisas.
publicado no ECOS da Fraternidade Rosacruz, set,out 1993 - Sede Central do Brasil

05/08/2012

Do Amor e do Ser (17)

por Eduardo Aroso (*)
Alguém já disse que a nossa época «é o tempo dos atrasados», isto é, por estranho que pareça, todas as oportunidades de evolução, embora dadas a todos, hoje são manifestamente oferecidas aos atrasados da humanidade: desde os mais pobres aos políticos e plutocratas, mas que ainda vivem apenas na esfera do sensível. Todas as energias e atenções estão voltadas para aqueles que se satisfazem com o conforto, os bens (ainda que necessários), em suma para «o que é de César», desde a sociedade até às igrejas instituídas que, como bem observou Max Heindel, já não podem dizer ao doente «levanta-te e anda».

Quanto aos mais adiantados, ninguém os ouve na televisão, na imprensa, salvo as possibilidades de os termos na internet, o único canal de liberdade. Todas as atenções se voltam para as banalidades diárias, extravagâncias, em suma para os heróis do efémero.

 Quem entre o público dirige a sua atenção para alguém que fale de um assunto elevado? Como diz um amigo meu, mesmo se começasse a escutar quem suportaria esse sábio por mais de um minuto?

 É que, geralmente, tais homens falam de assuntos de sempre (podendo, é claro, ser vistos de outro modo), de leis criadas por Deus, de princípios da Natureza que não se compadecem com modas. E isto não está no gosto das massas nem de uma grande parte dos chamados intelectuais, porque todos querem a excitação do corpo de desejos. Este é o nosso veículo mais difícil de dominar, e aqui deparamos com o cerne da diferença que separa o esoterismo ocidental do oriental: para os ensinamentos ocidentais o corpo de desejos – de onde vem todo o incentivo para a acção - não deve ser anulado («matar o desejo»), mas educado e por fim dominado.
(*) Escrito em 29-7-2012), publicado no Grupo Fraternidade Rosacruz Max Heindel (Facebook)