O Primeiro Passo

 "Se você não crê em algo maior que si próprio, então você não está vivendo, mas apenas existindo. Ser bem-sucedido depende do grau de crescimento. E você cresce na medida que se torna uma pessoa mais sábia, mais útil e mais segura. Nós vivemos para aprender e por este processo, aprendemos a viver." (Manly Palmer Hall)

Se desejamos contemplar os quatro quadrantes de uma cidade, escalamos o cume de uma montanha que nos brinda com uma visão mais abrangente. Se desejamos aprender uma noção mais ampla da Verdade, também precisamos nos deslocar do ponto que estamos e desenvolver certas faculdades, expandindo a nossa consciência.

Na Senda da Verdade, o homem que compreende a sua própria ignorância e se incomoda com esta, deu o primeiro passo para a edificação do conhecimento.

Em sua introdução do "Conceito Rosacruz do Cosmos". Max Heindel afirma: "O caminho para o conhecimento direto não é fácil. Nada realmente valioso se obtém sem persistente esforço. Tudo o que o homem é o tem é resultado do seu esforço. O que falta a alguém, comparativamente a outro ser, está latente em si mesmo e pode ser desenvolvido, se forem empregados os métodos apropriados."

Um desejo intenso, uma sede abrasadora de conhecimento; um cuidado que não admite nenhum obstáculo sua conquista, constitui o primeiro requisito fundamental, que todo aspirante o conhecimento oculto deve possuir. Mas o supremo objetivo desta busca deve ser um intenso desejo de ajudar a humanidade, uma atitude e conduta altruísta acima de qualquer interesse egoísta. Max Heindel acrescenta que, "é perigoso o conhecimento do ocultismo, se a ele não se é levado por este propósito".

Vemos, portanto, que o primeiro passo no estudo dos Ensinamentos da Sabedoria Ocidental não implica propriamente na questão do Conhecimento, mas na preparação do ser para receber o Conhecimento.

Este é o ponto onde a maioria dos buscadores da Verdade primeiramente tropeçam. Com seus olhos voltados para os céus, eles aspiram apressadamente a "iluminação", e como ' Thales', sofrem uma queda por sua própria falta de preparo.

O desejo de saber é em si mesmo a mais legítima das aspirações humanas, porém muitas vezes tal desejo é cúmplice da ignorância e da falta de entendimento. Não apenas devemos desejar a verdade com seriedade e altruísmo, mas precisamos também criar em nossa natureza interna uma atitude ética conveniente à recepção do conhecimento espiritual.

Para que um edifício se mantenha de pé é necessário construí-lo sobre uma fundação adequada. Da mesma forma para suportar os choques circunstanciais, o caráter humano deve ser também construído sobre alicerces firmes e verdadeiros.

Ninguém pode saber mais do que realmente é. Antes que se possa perceber claramente os mistérios da vida interna, o aspirante deve desenvolver as faculdades para tal percepção.

Publicado no ECOS da Fraternidade Rosacruz - Sede Central do Brasil, set/out, 1995