29/05/2012

Dante, o Maior dos Astrólogos Parte I - O Inferno


Hoje em dia, poucos compreendem o quanto a astrologia penetrou nos poemas e pinturas da época medieval. Poucas pessoas percebem que Dante foi um dos mais profundos astrólogos de seu tempo. A "Divina Comédia" é astrologia em estrutura e essência. Mesmo em nossos dias, os nossos melhores intérpretes da filosofia da astrologia têm muito que aprender com este grande expoente do século XIII.

Estudemos o poema rapidamente. É a história da procura mística de uma vida maior, a pesquisa para o desenvolvimento da alma e maior visão espiritual.

O poema começa com Dante perdido na floresta. Esta é a floresta da natureza dos desejos astrais. Os três grandes desejos do homem descritos por Dante são o prazer (a pantera), ambição (o leão) e a inveja (a ursa). Esses três animais ameaçam Dante no começo do poema. O Sol está em Áries, daí o desejo por algo novo, a chegada do novo guia Virgílio e o começo da viagem. Virgílio simboliza a razão humana. Ele é realmente o planeta Mercúrio, o guia e o mestre para a cruzada. Mercúrio, tornando-se humano, só pode levar Dante a 2/3 do caminho. Ele o leva para baixo através dos círculos do Inferno e para cima até o cume do Monte Purgatorial. A razão humana, no entanto, não pode subir até o Paraíso. Portanto, no Paraíso a orientação a Dante será feita por Beatriz, a alma iluminada.

O Inferno é dividido em dez grandes círculos. No círculo preliminar moram aqueles que nunca fizeram algo bom ou mau "os desventurados que nunca viveram". No Limbo moram os filósofos os quais, segundo Dante, não tiveram uma mensagem espiritual profunda, mas simplesmente, uma de cunho intelectual. Esses professores não estão realmente no inferno, mas nas fronteiras dele! Eles induzem as pessoas a colocarem falsos valores em suas vidas; não conseguem sentir e transmitir espiritualidade, por isso a negam. Nós poderíamos discordar de Dante quanto a certas pessoas que ele pôs no Limbo, mas como estudantes da vida espiritual, não podemos discutir quanto à sua ideia.

A nota-chave do Inferno é dada pelos valores errados que são colocados na razão humana. As pessoas seguindo tais ensinamentos encontram somente insatisfações em seu caminho, decorrendo daí uma reação violenta. O primeiro passo para baixo é não ouvir a razão e entregar-se à vida emocional. Por isso, no círculo seguinte, encontramos as pessoas nas quais "a razão é influenciada pela luxúria". Como punição, essas criaturas que não usam a luz da razão, o bom senso e a moralidade, que antepuseram a paixão à razão, são arrastadas pelos ventos invernais em rodopios, sem pausa que descanse, sem esperança que conforte.

Aqui vivem pessoas como Cleópatra e aqui Paolo e Francesca choram eternamente.

Dois círculos, um mais alto e outro mais baixo, são dados a Mercúrio. No mais alto, Limbo, está a razão fria; no mais baixo, a razão está submersa em desejo emocional.

O terceiro círculo é o dos glutões. É dominado pela Lua, a qual rege Câncer e este rege o estômago. Os glutões estão deitados em camas de lama e em neve suja e fria. Eles nada aprenderam na Terra durante suas vidas, mas só procuraram seu próprio conforto. Por isso no inferno estão eternamente privados desse conforto.

O quarto círculo é o que mostra o lado escuro de Vênus, deusa da abundância. Os característicos de Vênus são prodigalidade e avareza.

O quinto círculo é o do lado escuro do Sol, o Rio Estige, onde mais forte se adensa a neblina. Aqui habitam todos aqueles que se entregaram à melancolia e à revolta, em vez de serem como o Sol, felizes e satisfeitos. Os habitantes lamentam-se: "Nós éramos tristes mesmo vivendo sob a cálida e agradável luz do sol".


FORMAS DE PENSAMENTO

Hoje em dia as pessoas não entendem que a melancolia é um inferno subjetivo e que as formas de pensamento criadas aqui, serão as únicas que manterão no próximo mundo. Se lhes tivessem sido ensinadas e vividas essas verdades básicas ocultas, o seu próprio raciocínio e bom senso fariam alterar seus pensamentos.

O sexto círculo planetário é o de Marte. Aqui na cidade de Dite habitam todos aqueles que perverteram a verdade: os heréticos. A cidade de Dite, cidade infernal, é porta de acesso às regiões mais baixas do inferno.

Dante prossegue pelo caminho de Peixes, regido por Júpiter, até o inferno de Júpiter, no círculo planetário seguinte. "Agora Peixes movimenta-se de forma ondulante ao longo do horizonte". (Canto XI). Aqui se encontram os jupiterianos violentos, tempestuosos e suicidas. (Astrologicamente Júpiter está quase sempre envolvido em morte).

No círculo de Saturno estão os fraudulentos, os hipócritas e os maus conselheiros.

Finalmente, para testemunhar às pessoas qual o pior mal que pode ser colocado num planeta, Dante nos mostra o reino gelado dos traidores, onde Judas permanece preso a um bloco de gelo. Gelo aqui é o símbolo da absoluta falta de calor, a ausência total de amor (calor) que é o pior de todos os males. Dante considera o traidor o mais distanciado de Deus, porque o traidor excluiu o amor e a lealdade de sua própria alma.

Agora Dante e o seu guia sobem por uma passagem secreta para um mundo superior, de onde se avista o esplendor de um céu estrelado. As últimas linhas do Inferno relatam: "A partir daqui, nós observaremos as estrelas".

Depois de ter contemplado e passado pelos males e sofrimentos da vida, nós vemos e almejamos alguma coisa maior, mais alta, nobre e brilhante. É o despertar para uma vida mais elevada, o desejo do homem de se purificar das forças inferio­res.

Ele viu as estrelas!
(continua)

Publicado na revista Serviço ROSACRUZ , fev,1978 - Traduzido da Revista Rays from the Rose Cross ,Fev, 1977 por Maria Carolina P. Carvalho

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