04/06/2011

O MITO DE ANTEU


Conta-nos a mitologia grega que ao cruzar a Líbia para ir à Trácia lutar com os cavalos de Diomedes, foi Hércules desafiado por Anteu, filho de Netuno e de Géia (a Terra). Anteu era invencível, pois tinha fabulosa força, que recebia continuamente pelos pés, transmitida por sua mãe Géia, a Terra. Jamais se cansava. E com esse poder desafiava os estrangeiros e matava-os, aproveitando-lhes os ossos para, aos poucos, ir construindo um macabro templo em honra a seu pai Netuno. Hércules aceitou o desafio e iniciaram a luta, corpo a corpo. Anteu não se fatigava nunca e Hércules já se sentia cansado quando o oráculo lhe segredou: Desprende Anteu da Terra. Hércules se lembrou do segredo da força do adversário e ergueu-o, mantendo-o no ar. Anteu foi perdendo as forças e por fim pereceu Hércules destroçou o castelo de ossos e libertou o povo de seu tirânico e poderoso rei.

Como já dissemos nesta revista,(vide nota final), Hércules simboliza o super-homem, que enfrenta os doze famosos trabalhos, QUE VENCE TODAS AS LIMITAÇÕES DA MATÉRIA, que sublima todas as forças dos doze departamentos de seu horóscopo, que extrai o produto anímico das diversas iniciações. Anteu era filho de Poseidônis ou Netuno, rei dos mares, e de Géia, a Terra. Era, pois, produto da água e da terra, que se combinam. Tais são os elementos inferiores, correspondentes aos dois éteres materiais, o químico e o vital, que governam o metabolismo e o sexo, sendo indispensáveis à manutenção e multiplicação dos corpos. Seu nome sugere o que está em contraposição ao espírito: AN (prefixo negativo) e TEO (Deus) que nega a Deus. Hércules, ao contrário, era filho de Zeus, deus do fogo e do ar.

A simbologia dessa luta vencida por Hérculles é a da sublimação dos valores humanos em divinos, da transformação dos metais inferiores em ouro. Entre os Essênios havia a ideia central da luta dos filhos das trevas contra os filhos da luz, que se transmitiu depois aos Evangelhos e às cartas do Novo Testamento. A mesma ideia constituí a lenda dos Maniqueus. Os Rosacruzes falam da formação do Corpo Alma, pelos dois éteres superiores, o luminoso (fogo), dos sentidos e o refletor (ar), da memória e atividades racionadoras.

Assim, através dos tempos, a mesma ideia foi ensinada de forma velada, pregando a iniciação, a libertação do espírito das peias da matéria. Só no Oriente se ensina a matar o desejo, a esquecer a matéria e apegar-se ao lado oposto...que significa evitar a luta, fugir do mundo. É uma ideia contrária a toda tradição oculta e cristã do Ocidente. Paulo, no capítulo 15 da carta aos Coríntios fala claramente da transformação do inferior em superior, dizendo que "primeiramente é necessário morrer a semente para depois produzir". Toda a eficácia do desenvolvimento ocultista se baseia neste princípio: "O desenvolvimento interno começa pelo corpo vital". As funções dos dois éteres inferiores precisam de ser disciplinadas e controladas, em benefício dos dois superiores. Ninguém vence o inimigo em seu próprio elemento. Ninguém disciplina o sexo satisfazendo às largas seus impulsos eróticos ou continuando a alimentar-se de enchidos, molhos e outros pratos e excitantes diversos que contribuem para o sensualismo.

Anteu era alimentado pelos pés, pelo lado inferior e negativo. Assim, se o homem pensa no que é inferior, sente o que é indesejável ao seu espírito e age de modo inconveniente, está fazendo o papel de Géia, alimentando sua natureza inferior, Anteu. Mas se ele se ergue e busca ouvir a voz superior, então sublimará sua natureza inferior, que se enfraquecerá até ser vencida. Mas não é uma luta fácil. Precisa de ser orientada e nesse mister o Aspirante realmente sincero encontrará um honesto auxílio da Fraternidade Rosacruz. Ela nada faz por dinheiro nem limita a liberdade do Aspirante. Apenas deseja libertar cada um de seu próprio Anteu, eliminando as cristalizações de todas suas derrotas passadas, a fim de que se torne também um protetor e amigos do que ainda se acham escravizados pelo MAU SENHOR.

                                                        Revista Serviço ROSACRUZ, agosto, 1963 por Igneus

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