15/05/2011

A Iniciação e a Montanha


por Edmundo Teixeira
Em todos os tempos se antepôs ao homem evoluinte o esforço da subida, para desenvolver- lhe os músculos morais e anímicos e capacitá-lo a bem empregar os poderes que vai adquirindo.

Os fracos ficam lá embaixo, envoltos na penumbra do vale, chorando e responsabilizando o azar e os semelhantes. Mas não há sorte nem azar, senão o mérito. Quem sobe, chega á luz. Simplesmente isto, O impulso natural do Espírito é o de ascensão do estado humano para o divino, como a plantinha que nasce num sótão escuro e se espicha e sai por alguma abertura, até encontrar o Sol. Tal ascensão pressupõe desapego ao limbo e aspiração ao Alto.

Por isso as iniciados sempre tiveram os seus “Montes”, onde falaram com Deus: Moisés, o Monte Sinai; Jesus, o monte das Oliveiras etc. Mas existem aí dois sentidos: o físico e o espiritual; externo e o interno.

Realmente a montanha favorece o desenvolvimento espiritual. Em suas investigações fora do corpo, o iniciado Max Heindel com provou que o éter (o corpo vital) é mantido em nosso veículo físico pela pressão atmosférica. Quanto menor a altitude do lugar, tanto maior a pressão, Em altitudes mui elevadas a pressão atmosférica diminui tanto que, muitas pessoas sensíveis, que já têm o corpo etérico pouco ligado ao denso, experimentam mal-estar. decorrente da tendência de os éteres deixarem a contraparte química. Só com forca de vontade (poder espiritual) conseguem mantê-los concêntricos, ate que se acostumam. Em Campos do Jordão (cuja altitude medeia entre 1.650 e 2.100 metros) e Agulhas Negras (ltatiaia), os espiritualistas costumam fazer proveitosas estadias, porque favorecem as práticas espirituais e o contato com as coisas elevadas. Dai havermos construído uma casa de retiro em Campos do Jordão.(*)

Mas há o aspecto interno, espiritual, em que a montanha é símbolo de iniciação. Se bem não exista em Deus norte nem sul, nem leste nem oeste, nem acima ou abaixo, nem centro ou fora, porque Deus e onipresente, o fato mencionado anteriormente, da pressão atmosférica, serviu para simbolizar a verdade segundo a qual os lugares baixos favorecem as coisas materiais (densidade) e os lugares altos as espirituais (eterizacão): a descida, a decadência, a materialização, a involução; e a subida progresso, a evolução.

Ao mesmo tempo, no corpo do homem que se purifica, há uma natura ascensão da força criadora, seja pelas vias místicas, seja pelas ocultistas. Essa elevação é real, ao mesmo tempo que se incendeia e se eleva o fogo serpentino ou espiritual de Netuno, pelas vértebras do homem. Isto nos da idéia da escada de Jacó e da subida dos cavaleiros do Graal, passando pelo castelo de Klingsor (no vale, na par te baixa do corpo, regida por Escorpião, governante da 8ª. casa, a casa da morte, da cegueira espiritual) até o castelo do Graal lá encima na cabeça o lugar da caveira, onde está nosso Cristo crucificado e de onde deve ressuscitar, removendo a pedra que lhe veda o sepulcro .

Mas esta subida, do vale ao cimo do Monte, não pode ser conseguida por exercícios físicos, como os recomendados pela filosofia oriental. Ao contrário: conhecemos inúmeros casos de loucura, de tuberculose e outras conseqüências tristes para aqueles que se enveredaram por estes meios. E, é ainda que se consiga o desdobramento, existe nisso alguma vantagem? Torna-se o indivíduo santificado por isto? Não! Isto não e espiritualidade. Realmente, o lógico, o racional, o verdadeiro, o honesto meio, é ensinado pela Filosofia Rosacruz de Max Heindel, ao indicar os meios gradativos de elevação natural, pela segura sedimentação do caráter, da inteligência, do domínio próprio. Medite-se bem na parte final de o “Conceito Rosacruz do Cosmos."

Busquemos, pois, elevar-nos, com as asas naturais que vamos adquirindo, pela graça do Espírito e pela perseverança no Bem, mas nunca buscando iludir as Leis, nunca pulando o muro em vez de entrar pela porta, nunca fazendo asas de cera, porque elas acabarão se derretendo e nos precipitando desastrosamente no mar de nossos desejos irregenerados.
Publicado na revista Serviço Rosacruz de fevereiro de 1972

(*)O autor refere-se à propriedade em Campos do Jordão que a Fraternidade Rosacruz- Sede Central do Brasil recebeu como doação e que possui até hoje com o nome de Casa do Estudante Rosacruz. Veja mais:
A Casa do Estudante Rosacruz - o que é
A Casa do Estudante Rosacruz Inspirou-me

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