04/08/2021

Uma Pergunta Pertinente - Uma Resposta Contundente


A resposta dada por Max Heindel à pergunta abaixo, é deveras muito contundente e merece uma reflexão por parte do aspirante Rosacruz.
FILOSOFIA ROSACRUZ EM PERGUNTAS E RESPOSTAS
Max Heindel
VOLUME II / PERGUNTA 141

PERGUNTA: Se trabalhamos dedicadamente com as plantas e os animais para auxiliá-los no seu desenvolvimento e no processo de sua evolução, isso contribuirá para nossa elevação espiritual ou só a conseguiremos através de serviços prestados à humanidade?


RESPOSTA: Não, todo ato de bondade para com outra criatura e todo pensamento de amor enviado a outros seres, independente do reino a qual pertençam, recai sobre nós de maneira que se torna um fator de crescimento para nossa alma. Contudo, deve-se notar que se concedemos a nossa bondade e o nosso amor as plantas e aos animais, enquanto os negamos às nossas irmãs e irmãos humanos, estaremos cometendo um grave erro, pois a verdadeira caridade começa em casa. Que pensaríamos de um homem que negligenciasse sua própria família, dedicando seu amor e cuidados à família de outrem? Com certeza não nos faltariam palavras para qualificar tal conduta, e o mesmo argumento podemos aplicar a quem devota o seu amor aos animais ou a um jardim cheio de flores, mas não faz o mesmo em relação as crianças da sua vizinhança.

Lembremo-nos de um caso:

Há alguns anos atrás, havia um homem muito próspero entre os nossos probacionistas que se queixava muito da morosidade do seu progresso espiritual. Ele pertencia à alta sociedade e participava de todas as atividades sociais ao mesmo tempo que aspirava seguir o manso e humilde Cristo. Quando quisemos mostrar-lhe a inconsistência do seu comportamento, ele justificou-se dizendo que se sentia obrigado a agir assim por causa de sua mulher. Ele havia casado com ela e não podia recusar-se a acompanhá-la em suas reuniões sociais, pois isso iria com certeza acabar com o relacionamento entre os dois. Perguntamos o que ele fazia para promover o crescimento de sua alma, que interesse tinha pelas pessoas menos favorecidas que ele; qual sua participação em termos de caridade, ou melhor, que estava fazendo pessoalmente no sentido de ajudar os que não ocupavam posição tão privilegiada e necessitavam de ajuda? Ele admitiu que nada disso fazia. Então, evidentemente envergonhado pela sua incapacidade de mostrar e fazer algo pelos outros, e tentando merecer o direito de trabalhar numa esfera mais elevada, ele disse enfaticamente:


- Às vezes ao ver um cão faminto, eu o alimento, também gosto muito de meu cachorro, e dedico muito tempo para treiná-lo.


Entendemos facilmente que qualquer que seja o amor que esse homem tenha demonstrado em relação ao seu próprio cachorro o gasto de alguns centavos e sobras que tenham servido de alimento, uma ou duas vezes, a um cão faminto – enquanto desprezava a oportunidade de alimentar as almas famintas de seus irmãos e irmãs humanos – não lhe conferirão uma elevação espiritual, e naturalmente, como tantos outros que descobrem não haver estrada régia, ele dedica seus interesses para coisas materiais. O fato de patrocinar a ida de missionários a China para converter os pagãos, enquanto sai própria família está na escuridão, não representa desenvolvimento espiritual.


Não lhe trará benefício nenhum o fato de alimentar todos os cachorros e gatos da sua cidade e cuidar de todos os jardins abandonados, se descuidar de zelar por seus filhos humanos, Se o consulente já tiver feito todo o possível para iluminar seus familiares mais próximos, então, será bom enviar missionários à China, se tiver meios para isso, Se já tiver feito tudo quanto pode para que o amor se integre às vidas das crianças, então é meritório cuidar também dos gatos, cachorros e jardins. Nem sempre podemos fazer o bastante, mas seja muito ou pouco, deveríamos primeiro assegurar-nos de despender os nossos esforços numa esfera legítima e adequada.  

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Em momento algum o Sr. Heindel cita o fato de que não devemos cuidar dos animais: a prática de um regime vegetariano corrobora com isso.

Contudo, devemos nos questionar:

- Dispenso cuidados e atenção com os animais. Faço o mesmo com meus semelhantes?

- Levo meu animal de estimação ao veterinário e ministro remédios a ele. Procedo de idêntica maneira, levando uma pessoa carente e enferma ao médico, custeando seus medicamentos?

- “Converso” com meu cachorro e gato. Faço o mesmo com pessoas praticamente abandonadas pelas ruas, que – dentre uma série de necessidades – também precisam ouvir e falar com alguém?

Ainda sobre a foto acima, tive o conhecimento de que ateus visitam – diariamente – moradores de ruas levando alimentos para eles.

Isto nos remete a algumas (fidedignas) fontes:

Declarou-lhes Jesus, Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes   vos precedem no Reino de Deus”. (Mateus 21:31, sobre quem faz e quem não faz a vontade do Pai, vale a pena ler o capítulo todo).


Nem todo aquele que diz: Senhor, Senhor! Entrará no Reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos Céus. (Mateus 07:21).


Há também uma interessante admoestação que nos chega da LIÇÃO MENSAL DO ESTUDANTE (Oceanside – Sede Mundial), de fevereiro do ano 1.966; intitulada “Confiança em si mesmo; uma virtude espiritual – Parte I”.

 Todos sabemos que existem uns poucos estudantes e probacionistas que não estão vivendo a vida; alguns que não se empenham seriamente em vive-la, ainda que enviem suas correspondências mensais à Sede Mundial. Tais, estudantes e probacionistas, não devem crer que devido ao fato de estarem “dentro” da Fraternidade Rosacruz, estejam automaticamente conectados com a Ordem Rosacruz.


Não é assim.


Se estas pessoas não são sinceras em seu trabalho espiritual, o Mestre não estará com elas, e quanto mais existirem estas pessoas, a organização Fraternidade Rosacruz terá menos respaldo da Ordem Rosacruz”.


Observemos que esta Lição nos fala de “trabalho espiritual e viver a vida”, e não de aquisição de conhecimentos através de palestras, cursos, textos etc.

Por “trabalho espiritual e viver a vida”, devemos entender tudo aquilo que Cristo nos ensinou e que sabemos de uma forma extremamente decorativa, mas pouco aplicada. Principalmente para com nossos semelhantes, a humanidade.

 por Jonas Taucci

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