26/05/2019

A Única Salvação é o Conhecimento Aplicado


A preocupação dominante nas grandes metrópoles é encontrar meios de humaniza-las. Nos vastos centros urbanos emergem as mais contraditórias paisagens, os mais chocantes contrastes, os mais intricados e aparentemente insolúveis problemas. Por suposto, seus reflexos fazem-se sentir nas pessoas, traumatizando-as, neurotizando-as, gerando toda a sorte de enfermidades.

Deverá ser eternamente assim? Não haverá uma saída? Vejamos.

Se a vida nas palpitantes urbes apresenta uma série de inconvenientes, em contrapartida oferece uma gama valiosíssima de experiências, impossíveis de serem encontradas em outros lugares. A experiência traz consigo um conhecimento real, comprovado, não haurido livrescamente. A fonte maior dessas experiências é o relacionamento humano. Através do relacionamento promove-se um importante e rico intercâmbio de valores culturais, morais e espirituais. Só assim tomamos conhecimento e sentimos mais intimamente os problemas dos outros. O contato com os seres humanos faz-nos recordar sempre a humanidade existente dento de nós mesmos. Nós podemos prescindir disto, a menos que sejamos frios e duros blocos de concreto, como os que compõem a paisagem cinzenta das megalópoles.

Em o “Conceito Rosacruz do Cosmos” Max Heindel assinala que a “única salvação é o conhecimento aplicado”. Se a cidade grande enseja multivariadas experiências – e decorrente conhecimento – por que não aproveitamos as mesmas para humanizá-la, tornando-a um lugar aprazível, mais habitável? PODEMOS E DEVEMOS FAZÊ-LO.

O homem isolado é uma impossibilidade. Não podemos fugir à interdependência no relacionamento diário. Este enfatiza a necessidade e mar o próximo, mormente porque o próximo dos outros somos nós mesmo. A competição desenfreada, o temos de ser passado para trás, a pressa em fazer alguma coisa ou chegar a algum lugar, tão característicos dos grandes centros, promove uma angustia devoradora. Afinal o h homem é uma vítima da cidade, ou de si mesmo?

O ser humano descarrega sua insatisfação acusando uma cidade de ser desumana, quando, realmente, ele é que a torna assim pela sua vivencia egoísta. Nós a envolvemos com nossos sentimentos e pensamentos, e estes, em sentido coletivo, imprimem-lhe as características básicas, gerando inclusive seu destino. A cidade em que vivemos, é, de certo modo, uma soma do que somos. A menos que, pensemos e ajamos sempre visando o bem comum, continuaremos a fazer parte da “indesejável” paisagem do lugar em que vivemos.

Uma comunidade urbana é, em essência, algo maravilhoso. É o campo de evolução onde os seres humanos coexistem em torno de necessidades, de ideias e ideais. As experiências que ensejam devem, antes de mais nada, apurar a sensibilidade de seus habitantes em relação às suas belezas e aos anseios do próximo. A experiência deve conduzir o homem à maturidade. Mas, é mister identificar este termo no seu sentido mais profundo. “Alcançar a maturidade”, como definiu Weissman, não significa envelhecer. É passar da arrogância, cavadora de abismos, para a humanidade unificadora; da indiferença para o amor; da inveja para a gratidão; da insegurança para a tranquilidade. É aumentar em si os impulsos construtivos, livrando-se dos sentimentos destrutivos.

Assim a maturidade há de acompanhar a purificação de sentimentos, tornando-nos verdadeiramente cristãos na vida comunitária.

Amemos nossas cidades, amando e servindo seus habitantes.

Editorial da revista Serviço Rosacruz, maio de 1976

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