02/01/2019

Filosofando Sobre a Vida

por Gilberto Silos
Você consegue imaginar qual a relação existente entre o surgimento de uma galáxia, o nascimento de uma criança e uma planta brotando? Aparentemente nenhuma. Entretanto, algumas tradições esotéricas afirmam que esses eventos têm um mesmo significado, guardadas as proporções. Independentemente de sua dimensão, resultam de um mesmo processo, regido pelos princípios universais da Criação. Significa que a Divina Força Criadora perpassa não somente os reinos da natureza, como todas as instâncias da vida no Cosmos.

Segundo Joseph Campbell e Mircea Eliade, mitólogos renomados, há mitos sobre a Criação em quase todas as civilizações e culturas conhecidas, das mais primitivas às mais avançadas. São todos a mesma história, contada de diferentes formas: “o Universo foi gerado de uma ´não-coisa`, que alguns chamam de ´Caos`, algo sem um antecedente físico, precedido pelo ´Ser Puro`, a Consciência não-diferenciada, universal. A Criação é o primeiro ato de um grandioso drama cósmico.

A palavra Universo (do latim UNUS + VERSUS), num sentido mais profundo, significa unidade na diversidade. , ou seja , partes diferentes formando um todo harmonioso. Mas nem o UNO nem o VERSO, separadamente, perfazem o Universo integral, esse grandioso Universo que os gregos chamavam KÓSMOS (beleza) e os romanos MUNDUS (pureza).

A Consciência não-diferenciada – Luz Universal e Fogo Divino – emana de Si mesma centelhas separadas que recebem o nome de espíritos. Essas chispas divinas, ao longo de sua jornada evolutiva, constroem e ocupam corpos diferenciados. Neles, manifestam-se em vários planos de existência e estados de consciência; adquirem experiências; desenvolvem sua individualidade e caminham rumo a um estado de Consciência Cósmica.

Esta é a saga da vida ou espírito, que anima todas as formas.

Em muitas línguas, as palavras que indicam ´espírito` e ´sopro` são idênticas. Os mitos da Criação, a partir do ´barro`, supõem que o sopro dentro de nós – a essência do nosso ser, a nossa vida – é um dom divino, uma centelha da Divindade. Max Heindel, místico cristão, afirmou que a vida, agora animando as formas humanas, manifestou-se antes do alento que vivifica as formas dos demais reinos da natureza: “Então, Jeová formou o homem do barro da terra e soprou em suas narinas o alento (nephesh) da vida e o homem foi feito uma alma vivente, ou seja, uma criatura que respirava (nephesh chayim)”.

Não existe algo como ´minha vida`, e nós não temos uma vida. Somos a vida. Nós e a vida somos UM.

Esta é apenas uma reflexão superficial sobre a vida, que é um tema inesgotável e infinito. Como a própria vida.

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