por Gilberto Silos
Você consegue imaginar
qual a relação existente entre o surgimento de uma galáxia, o nascimento de uma
criança e uma planta brotando? Aparentemente nenhuma. Entretanto, algumas
tradições esotéricas afirmam que esses eventos têm um mesmo significado, guardadas
as proporções. Independentemente de sua dimensão, resultam de um mesmo
processo, regido pelos princípios universais da Criação. Significa que a Divina
Força Criadora perpassa não somente os reinos da natureza, como todas as
instâncias da vida no Cosmos.
Segundo Joseph Campbell e
Mircea Eliade, mitólogos renomados, há mitos sobre a Criação em quase todas as
civilizações e culturas conhecidas, das mais primitivas às mais avançadas. São
todos a mesma história, contada de diferentes formas: “o Universo foi gerado de
uma ´não-coisa`, que alguns chamam de ´Caos`, algo sem um antecedente físico,
precedido pelo ´Ser Puro`, a Consciência não-diferenciada, universal. A Criação
é o primeiro ato de um grandioso drama cósmico.
A palavra Universo (do
latim UNUS + VERSUS), num sentido mais profundo, significa unidade na
diversidade. , ou seja , partes diferentes formando um todo harmonioso. Mas nem
o UNO nem o VERSO, separadamente, perfazem o Universo integral, esse grandioso
Universo que os gregos chamavam KÓSMOS (beleza) e os romanos MUNDUS (pureza).
A Consciência
não-diferenciada – Luz Universal e Fogo Divino – emana de Si mesma centelhas
separadas que recebem o nome de espíritos. Essas chispas divinas, ao longo de
sua jornada evolutiva, constroem e ocupam corpos diferenciados. Neles,
manifestam-se em vários planos de existência e estados de consciência; adquirem
experiências; desenvolvem sua individualidade e caminham rumo a um estado de
Consciência Cósmica.
Esta é a saga da vida ou
espírito, que anima todas as formas.
Em muitas línguas, as
palavras que indicam ´espírito` e ´sopro` são idênticas. Os mitos da Criação, a
partir do ´barro`, supõem que o sopro dentro de nós – a essência do nosso ser,
a nossa vida – é um dom divino, uma centelha da Divindade. Max Heindel, místico
cristão, afirmou que a vida, agora animando as formas humanas, manifestou-se
antes do alento que vivifica as formas dos demais reinos da natureza: “Então,
Jeová formou o homem do barro da terra e soprou em suas narinas o alento
(nephesh) da vida e o homem foi feito uma alma vivente, ou seja, uma criatura
que respirava (nephesh chayim)”.
Não existe algo como
´minha vida`, e nós não temos uma vida. Somos a vida. Nós e a vida somos UM.
Esta é apenas uma
reflexão superficial sobre a vida, que é um tema inesgotável e infinito. Como a
própria vida.
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