01/09/2018

Sobre Bibliotecas, Balanças e Termômetros

Fundado em 1.837, e localizado na cidade brasileira do Rio de Janeiro, o Real Gabinete Português de Leitura merece ser visitado. Foto do autor do texto.

Sempre que visito o Centro Rosacruz Max Heindel, no Rio de Janeiro, vou ao Real Gabinete Português de Leitura. Seu visual é fantástico; seu acervo de livros não abriga apenas autores portugueses, mas também o que há de melhor da literatura mundial.

Nesta minha última visita, observei uma jovem lendo Fahrenheit 451, lançado em 1.953 e de autoria do americano Ray Bradbury (1.920-2.012); a obra fala de um (não distante) futuro, onde o governo proíbe a leitura de qualquer livro, sendo que - em descobertos - são incinerados; daí o título do filme (por volta de 233º Celsius).

Em certo momento da obra, um grupo de pessoas, para manter a existência - senão dos livros físicos, mas de seu conteúdo, decoram textos de certos autores. Cria-se assim uma biblioteca humana verbal”;

Pessoa-Aristófanes, pessoa-Charles Darwin, pessoa-Maquiavel, pessoa-Thoreau, pessoa-Einstein, pessoa-Byron.

E muitos outras pessoas-livros” ...

Todas contem” as obras dos escritores perfeitamente decoradas, e ficam à disposição para recita-las a quem estiver interessada em ouvi-las.

O livro Fahrenheit 451, virou filme, em duas adaptações:

1) Em 1.966, pelo direto francês François Truffaut (recomendo).

2) Em 2.018, pelo diretor americano Ramin Bahrani.

Imaginemos uma analogia do livro/filme, conosco, aspirantes rosacruzes:

- Estamos (apenas) nos acomodando e decorando os Ensinamentos da Sabedoria Ocidental?

Seria uma boa reflexão, imaginarmos uma balança de dois pratos em nosso interior:

A) De um lado o que sabemos, as informações que acumulamos sobre os Ensinamentos Rosacruzes.

B)  Do outro lado, a utilização que fazemos – diariamente – disto.

E numa análise muito sincera, nos perguntar; como está a posição de nossos (internos) pratos?

O equilíbrio entre aquisição dos Ensinamentos e a Vivência dos mesmos
Com certeza esta posição funcionará como um termômetro (sem qualquer trocadilho com a escala Fahrenheit ou outras...), refletindo piamente uma temperatura alquímica interna sobre o nascimento - ou não - de nosso Cristo Interno.

Muito significativa a passagem do evangelho de Lucas (04:16 a 30), onde Cristo entra em uma sinagoga e faz a leitura de uma passagem do livro de Isaías:

“O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e restauração da vista para os cegos, para por em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor”.

Todo o ministério de Cristo foi (e continua sendo) a prática do que ELE leu!

Imitemos-O, ainda que diminutamente, de acordo o que foi lido:

*** EVANGELIZANDO em atos para com nossos semelhantes.

*** LIBERTANDO-NOS DO CATIVEIRO da ignorância (o único pecado segundo Max Heindel).

*** RESTAURANDO NOSSA CEGUEIRA sobre as verdades espirituais.

*** LIBERTANDO-NOS (OPRESSÃO) da supremacia de nosso escravizador Eu Inferior.

*** APREGOANDO O ANO ACEITÁVEL DO SENHOR, praticando anualmente, durante toda nossa existência, o que se conhece em termos espirituais.

Interessante artigo publicado na revista Serviço Rosacruz de janeiro/1981, de Corinne Heline, sobre este assunto:

A maioria dos planos de salvação do cristianismo ortodoxo, põe de lado a maneira de viver das pessoas: acredita que para ser salvo, tudo o que se deva fazer é aceitar Cristo verbalmente. Deve-se ajoelhar diante dele e todas as vozes proclama-lo Senhor e Salvador do mundo.

Na realidade, o que temos de fazer é trabalhar, viver a vida dia a dia, numa demonstração viva dos princípios do Cristo Cósmico, com referência a:

* Unidade * Igualdade * Fraternidade * Paz * Harmonia * Amor

Somente aqueles que manifestam estes princípios, independentemente de raça, cor, credo, sexo ou nacionalidade, serão qualificados para encontrar com Cristo “nos ares”.

Estamos meramente sendo homens decoradores do que lemos, ouvimos, falamos e escrevemos ou vivenciando os Ensinamentos Rosacruzes?

Perguntemo-nos...

2 comments:

Eduardo dMoura disse...

Perde-se muito tempo lendo e escrevendo não se dedicando tempo aos pobres, aos famintos, aos que sentem frio...
Muitos se vangloriam por ter lido este ou aquele livro mas nunca tiveram o prazer espiritual dar um prato de comida a um faminto...
... Se tivesse toda sabedoria do universo e não tivesse amor...

jess disse...

Mais uma vez, obrigado, amigo, pela postagem maravilhosa!
Deu até vontade de conhecer o Real Gabinete Português! Fantástico!

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