Fundado em 1.837, e localizado na cidade brasileira do Rio de Janeiro, o Real Gabinete Português de Leitura merece ser visitado. Foto do autor do texto. |
Sempre que visito o Centro Rosacruz Max Heindel, no
Rio de Janeiro, vou ao Real Gabinete
Português de Leitura. Seu visual é fantástico; seu acervo de
livros não abriga apenas autores portugueses, mas também o que há de melhor da
literatura mundial.
Nesta minha última
visita, observei uma jovem lendo Fahrenheit
451, lançado em 1.953 e de autoria do americano Ray Bradbury
(1.920-2.012); a obra fala de um (não distante) futuro, onde o governo proíbe a
leitura de qualquer livro, sendo que - em descobertos - são incinerados; daí o
título do filme (por volta de 233º Celsius).
Em certo momento da obra,
um grupo de pessoas, para manter a existência - senão dos livros físicos, mas
de seu conteúdo, decoram textos de certos autores. Cria-se assim uma “biblioteca humana verbal”;
Pessoa-Aristófanes,
pessoa-Charles Darwin, pessoa-Maquiavel, pessoa-Thoreau, pessoa-Einstein,
pessoa-Byron.
E muitos outras “pessoas-livros” ...
Todas “contem” as obras dos escritores
perfeitamente decoradas, e ficam à disposição para recita-las a quem estiver
interessada em ouvi-las.
O livro Fahrenheit 451, virou filme, em
duas adaptações:
1) Em 1.966, pelo direto
francês François Truffaut (recomendo).
2) Em 2.018, pelo diretor
americano Ramin Bahrani.
Imaginemos uma analogia
do livro/filme, conosco, aspirantes rosacruzes:
- Estamos (apenas) nos
acomodando e decorando os Ensinamentos
da Sabedoria Ocidental?
Seria uma boa reflexão,
imaginarmos uma balança de dois pratos em nosso interior:
A) De um lado o que
sabemos, as informações que acumulamos sobre os Ensinamentos Rosacruzes.
B) Do outro lado, a utilização que fazemos – diariamente – disto.
E numa análise muito
sincera, nos perguntar; como está a posição de nossos (internos) pratos?
O equilíbrio entre aquisição dos Ensinamentos e a Vivência dos mesmos |
Com certeza esta posição
funcionará como um termômetro (sem qualquer trocadilho com a escala Fahrenheit
ou outras...), refletindo piamente uma temperatura alquímica interna sobre
o nascimento - ou não
- de nosso Cristo Interno.
Muito significativa a
passagem do evangelho de Lucas (04:16 a 30), onde Cristo entra em uma sinagoga
e faz a leitura de uma
passagem do livro de Isaías:
“O Espírito do
Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me
para proclamar a libertação aos cativos e restauração da vista para os cegos,
para por em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor”.
Todo o ministério de
Cristo foi (e continua sendo) a
prática do que ELE leu!
Imitemos-O, ainda que
diminutamente, de acordo o que foi lido:
*** EVANGELIZANDO em atos para com nossos semelhantes.
*** LIBERTANDO-NOS DO CATIVEIRO
da ignorância (o único
pecado segundo Max Heindel).
*** RESTAURANDO NOSSA CEGUEIRA sobre as verdades espirituais.
*** LIBERTANDO-NOS (OPRESSÃO) da supremacia de nosso escravizador Eu Inferior.
*** APREGOANDO O ANO ACEITÁVEL DO SENHOR, praticando anualmente, durante toda nossa
existência, o que se conhece em termos espirituais.
Interessante artigo
publicado na revista Serviço Rosacruz
de janeiro/1981, de Corinne Heline, sobre este assunto:
A maioria dos
planos de salvação do cristianismo ortodoxo, põe de lado a maneira de viver das
pessoas: acredita que para ser salvo, tudo o que se deva fazer é aceitar Cristo
verbalmente. Deve-se ajoelhar diante dele e todas as vozes proclama-lo Senhor e
Salvador do mundo.
Na realidade,
o que temos de fazer é trabalhar, viver a vida dia a dia, numa demonstração
viva dos princípios do Cristo Cósmico, com referência a:
*
Unidade * Igualdade * Fraternidade * Paz * Harmonia * Amor
Somente
aqueles que manifestam estes princípios, independentemente de raça, cor, credo,
sexo ou nacionalidade, serão qualificados para encontrar com Cristo “nos ares”.
Estamos meramente sendo
homens decoradores do que lemos, ouvimos, falamos e escrevemos ou vivenciando os
Ensinamentos Rosacruzes?
Perguntemo-nos...
2 comments:
Perde-se muito tempo lendo e escrevendo não se dedicando tempo aos pobres, aos famintos, aos que sentem frio...
Muitos se vangloriam por ter lido este ou aquele livro mas nunca tiveram o prazer espiritual dar um prato de comida a um faminto...
... Se tivesse toda sabedoria do universo e não tivesse amor...
Mais uma vez, obrigado, amigo, pela postagem maravilhosa!
Deu até vontade de conhecer o Real Gabinete Português! Fantástico!
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