08/07/2012

Dante, o Maior dos Astrólogos - Parte II

Parte II - O Purgatório
Nota: o texto a seguir refere-se ao Purgatório: 2ª parte da Divina Comédia de Dante Alighieri

A segunda parte do poema é a jornada através do Purgatório. Dante e Virgílio chegam ao Monte Purgatorial quando o Sol está em Escorpião, o símbolo da regeneração.

O Purgatório também tem dez divisões: dois reinos preparatórios; os círculos onde os sete pecados capitais são punidos (a purificação dos atributos mais baixos dos sete planetas); o Paraíso Terrestre, diferente do Paraíso Verdadeiro. (O Paraíso Terrestre é o do elevado Mercúrio, ou a razão humana). O Paraíso Verdadeiro é aquele onde estão as qualidades da alma purificada; a inspiração e intuição.

O pior inimigo a ser vencido, quando desejamos a purificação, é o orgulho. Enquanto ele não for vencido, não será possível uma correta avaliação de nós mesmos, porque o orgulho justificará os nossos erros. O orgulhoso é frio, indife­rente e distante do amor. Se o amor é o máximo bem que o Paraíso tem a oferecer, Dante está certo quando inverte a ordem planetária e coloca o reino de Saturno como o degrau mais baixo na escada da ascensão.

Não há uma diferença essencial entre os pecados no Inferno e os pecados no Purgatório. A diferença existe na atitude mental de cada pessoa. Os que estão no inferno não têm visão alguma que os leve a libertar-se do mal. Como Paulo e Francesca, simplesmente lamentam seu destino mas tornariam a proceder da mesma maneira, pela qual estão padecendo agora, se tivessem uma chance de voltar. No Purgatório, o pecador viu as estrelas e almeja por um estado de purificação.

As punições no Purgatório são seqüências e conseqüências diretas e naturais do pecado. O orgulhoso será dobrado e humilhado por pedras pesadas, pois o orgulho acarreta cargas pesadas. O inve­joso terá seus olhos costurados, porque a inveja impede que se veja que a fonte de nossas necessidades provém do bem Infinito e não através da posse de coisas alheias. Os nervosos e irados viverão numa neblina densa, porque a ira os tornaram cegos à verdade.

Em cada reino do Purgatório há uma oração e uma meditação apropriada e purificadora sobre a qualidade que irá substituir o mal.

Acima do reino do orgulhoso Saturno está o reino dos invejosos, o reino de Júpiter. O lado brilhante de Júpiter é a boa-vontade, aspiração, a mente imagi­nativa e idealista. A inveja resulta da falta de aspiração, boa vontade e um ideal elevado. Na aspiração, o Espírito tem conhecimento das nossas necessidades e a todas supre; daí não haver necessidade de invejar os bens alheios.

Ainda mais alto está o reino do Sol, onde aqueles que viveram melancólicos e indiferentes esforçam-se por transformar essas características em alegrias. Aqui é explicado a Dante que a melancolia e a indiferença são "defeitos" do amor, ou seja, falta de habilidade de entrar em contacto com os raios espirituais do Sol.

O reino de Mercúrio, o do avarento, é purificado pela aceitação voluntária da pobreza e o cultivo do espírito de generosidade. Este é um reino crítico, porque o progresso não se concretizará se não hou­ver "o livre desejo de alcançar uma região mais feliz".

No sexto círculo, a gula e a falta de modéstia serão purificadas no reino de Vênus. Aqui, os Espíritos aprendem o verdadeiro significado do amor e tempe­rança. No círculo seguinte, o da Lua, o pecado da luxúria é purificado. Nas últimas linhas do Canto XXV, Dante fala sobre a castidade de Diana.

Assim são atingidos os cumes do Monte Purgatorial e encontrado o Paraíso Terrestre. Virgílio tem de partir, mas antes coroa Dante. "Eu te invisto com a coroa e a mitra, senhor que és de ti mesmo".

Os sete pecados capitais purificados não tornam o homem senhor de si mesmo. Depois disto ele se encontra face a face com sua alma Beatriz. Dante ainda não está preparado para o Paraíso. Purificação não é tudo, é necessário esquecer o passado. A lembrança do mal anterior é, muitas vezes, um dos grandes impedimentos para uma verdadeira união mística. Assim Beatriz conduz primeiramente Dante ao Rio Lestes. Depois de banhar-se nele, Dante não se lembra de que alguma vez estivesse afastado dela. Em seguida, ele se banha no Rio Eunoé e todas as recordações do passado transformam-se em alegrias e contentamento. Ele diz: "Emergi das águas daquele santo rio, refeito como planta reverdecida em nova folhagem (primaveril). Sinto-me puro e disposto a alçar-me às estrelas".

Assim o Purgatório, tal como o Inferno, termina com a palavra "estrelas".Dante está agora pronto para ascender aos céus planetários. Este é o segundo grande passo no caminho: a "aptidão" do candidato.
 
Traduzido da Revista Rays from the rose Cross ,fev, 1977 por Maria Carolina P.Carvalho
Publicado na revista Serviço ROSACRUZ, mar.1978 - mantida a ortografia da época
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3 comments:

Senhor X disse...

Sempre senti uma atração irresistível pela divina comédia, e parece que a cada vez que releio percebo detalhes e aprendizados novos. Dante foi sem dúvida uma dos maiores escritores da história. Agradeço aos autores as elucidações do texto acima, muito obrigado.

Anônimo disse...

Ótimo artigo! Li a parte 1 e parte 2

rosacruzdevocional.blogspot.com disse...

Agradecemos a visita e os comentários.

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