29/07/2012

A Tocha da Razão por Guia


Einstein afirmou em certa ocasião: "Nunca perca a sua santa curiosidade". E que dádiva maravilhosa essa santa curiosidade nos outorgou! Por seu intermédio encontramos ensinamentos capazes de nos explicar tão claramente a época tão conturbada em que vivemos, ajudando-nos a manter uma conduta serena em meio ao rugir das tempestades.

Enquanto aprofundávamos-nos à procura das respostas, nem ima­ginávamos quão bem ocultas estavam as pérolas tão avidamente almejadas. Cristo-Jesus asseverou: "Conhecereis a verdade e a verdade vós libertará". Pôncio Pilatos tão somente soube perguntar: "O que é a verdade?" Como não recebia respostas do seu mundo interior, nenhuma resposta lhe foi dada do exterior.

Muitos encontram fragmentos da verdade e por eles combatem tenazmente. Julgando único seu fragmento, investem desabridamente contra todos os outros. Esse não é um bom método para se al­cançar a verdade. Há verdades de maior ou menor profundidade. Há ângulos enfocando certas fases dessa verdade e há profundezas que o nosso entendimento não alcança.

O hino rosacruz de abertura nos ensina que, tendo a tocha da razão por guia, compreenderemos pontos até então completamente obscuros. Suas palavras irradiam essa verdade: pelo uso da razão e pela persistência, seremos capazes de anular a discórdia produzida no mundo.

Nesses poucos versos do hino, o Sr. Heindel procurou imprimir ênfase a cada palavra para que obtenhamos respostas às nossas indagações: Como? Por que? Qual o método? Qual o nosso raio de ação? O fundador da Fraternidade Rosacruz sempre destacou o fator tempo. Sua vida nos mostrou essa imagem: cada hora tem de ser aproveitada; não há imobilismo, nem pausas, tampouco saltos ou recuos para outras sendas. Assegurou-nos de que assim agindo, seremos capazes de sublimar o mal do mundo pelo bem do qual somos canais.

Albert Pine, um dos grandes filósofos da Maçonaria, afirmou que todas as religiões, todos os Mistérios, todas as ciências herméticas e toda a Alquimia velam as suas verdades transcendentais. Há acesso somente para os sábios e aqueles conhecedores da chave indispensável à percepção da verdade no meio das falsas explicações, mitos e símbolos. Estes servem para iludir aqueles que merecem ser iludidos, preservando a verdade da qual ainda devem ser afastados.

A verdade é perigosa para quem é destituído de mérito ou preparo, da mesma forma como o fogo oferece riscos a uma criança. Siegfried teve de deixar pai e mãe, credo, convencionalismos, idéias preconcebidas, opiniões e desejos mundanos antes de iniciar sua busca, como lemos no livro "Mistérios das Grandes Óperas".

A esse respeito o Sr. Heindel nos ensina em "Cartas aos Estu­dantes": "devemos viver nas condições e ambiente em que nos encontramos, procurando aprender as lições que essas condições proporcionam. Quem flutua nas nuvens em busca de idéias espirituais, negligenciando seus deveres no mundo, erra da mesma forma como aqueles que batalham no lodo do materialismo impelidos pela ambição, atraídos pelas luzes multicores da glória, ou por outros valores mundanos".

As duas categorias de pessoas necessitam de ajuda, porém em direções diferentes. Uns devem colocar firmemente seus pés na Terra. Outros devem elevar-se até enxergar as luzes do céu, para onde cumprem dirigir seus esforços na acumulação de tesouros de valor mais permanente.

Max Heindel afirma que só há uma Grande Verdade: DEUS. Este, porém, possui infinitas facetas, ou várias formas de manifestação. Esta é a razão de todas as religiões e cultos. Cada agrupamento tem a sua lição a aprender. A criança na fase pré-escolar recebe um ensinamento; no curso primário outro; no universitário tem direito a um currículo mais avançado. E o que é verdadeiro para o filósofo, não o será necessariamente para o camponês. Num dos graus da Maçonaria, ensina-se ao candidato que aquele passo não é destinado a quem se acha satisfeito, não desejando explorar os reservatórios de sabedoria encontrados abaixo da superfície, poderá, assim mesmo, avançar na direção da Luz. Que ponto pode ser alcançado? Depende do candidato. Cada mente recebe a verdade de modo diferente. Todos nós já pal­milhamos muitos caminhos em nossas vidas: sob o raio de Marte, impelindo-nos à atividade e à paixão, muitas vezes às custas dos nossos semelhantes; sob a suavidade de Vênus, ou a austeridade de Saturno, ou ainda sob a benevolência de Júpiter. Alegramo-nos na esperança de perceber a amplitude de consciência que nos será outorgada pelo raio de Urano, mesmo que devamos nos contentar, hoje, com o raio de Mercúrio. Estamos ascendendo para a Luz Branca, do Sol, e que unirá todas as outras matizes.

A História nos dá conta das mudanças ocorridas depois que os Mistérios foram modificados no Egito, pelos costumes do conglomerado de povos entre os quais foram introduzidos. Esses Mistérios, originalmente morais e políticos, sem cunho religioso, formaram a herança da casta sacerdotal.

Foram necessariamente modificados pelos sistemas religiosos dos países onde foram propagados. Na Grécia, transformaram-se nos Mistérios de Geres. Em Roma, da Boa Deusa ou Bona Dea. Na Gália, a Escola de Marte. Na Sicília, a Academia das Ciências. Entre os hebreus, os rituais e a religião de um modo geral constituíam atribuições dos levitas, a casta sacerdotal. Com o tempo, os pagodes da índia e as pirâmides do Egito deixaram de ser fontes de sabedoria e cada povo possuía os seus próprios Mistérios. Na Grécia a Escola de Pitágoras perdeu sua reputação, e naquele ponto da História, a Maçonaria passou a ser o repositório dos Mistérios.

Como podemos considerar-nos afortunados por viver em uma época em que esses conhecimentos foram liberados pelos Irmãos Maiores para todos que os procuram, Antigamente eram accessíveis uni­camente aos iniciados. Após a crucificação, porém, o Véu do Templo rasgou de alto a baixo, revelando-nos que a Luz Branca é um reflexo ainda imperfeito da Grande Luz. Por isso, nos exorta a usar "a tocha da razão por guia". É por isso que o Sr. Heindel escreveu: "Devemos ser capazes de reconhecer a verdade internamente".

Lemos na edição de maio de 1916 da revista Rays from the Rose Cross: "A Ordem Rosacruz foi fundada no século XIII por Christian Rosenkreutz, mensageiro das Hierarquias Divinas que conduzem a humanidade em sua evolução. Sua missão é amalgamar o Cristianismo Esotérico, a Maçonaria Mística e a Alquimia Espiritual num grande sistema filosófico e religioso, adequado às mentes inquiridoras, e capaz de satisfazer as necessidades espirituais do mundo ocidental durante a Idade Aquária".

Essa escola, como todas as outras ordens esotéricas, é secreta. A Fraternidade Rosacruz, porém, representa-a no mundo material, tendo como finalidade difundir publicamente essa ciência que une a mente e o coração, sedimentando uma religião científica para o mundo ocidental. Com a tocha da razão por guia, podemos dar passos seguros em direção à nossa meta. Assim, nossas faculdades transformar-se-ão em poderes dinâmicos.

Encontramo-nos no ponto cruciante de nossa evolução. Se atravancarmos a expressão de nossa natureza espiritual, achar-nos-emos reprovados quando menos esperarmos. Seria, de fato, motivo de grande pesar, se formos achados no jardim de infância da vivência espiritual, enquanto que nossas outras faculdades se expressam brilhantemente em assuntos puramente mundanos. Seria um espetáculo ridículo, se não verdadeiramente trágico.

Traduzido da revista Rays from the Rose Cross, nº desconhecido, autor: Richard Parsons - publicado na revista Serviço Rosacruz, set.,1977
Hino Rosacruz de Abertura

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