02/05/2021

A Luz Libertadora

 por Gilberto Silos
Existe por parte de alguns teólogos e filósofos a pretensão de definir Deus como se fosse possível definir o indefinível. E nessa vã tentativa passam a antropomorfizar a Divindade, isto é, o homem acaba por criá-La à sua imagem e semelhança. Esse Deus antropomórfico constitui uma herança do antigo judaísmo. Tem características humanas. É irascível ou misericordioso, dependendo das circunstâncias. Ele falava com Moisés e os profetas. A respeito de Jó, polemizava com Satanás.

O apóstolo João referiu-se metaforicamente à Divindade quando afirmou que “Deus é Luz". Luz é uma manifestação de Deus ou é Deus em manifestação, porquanto d’Ele só podemos dizer que se manifesta.

Moisés apascentava o rebanho de seu sogro Jetro na quietude e escuridão do deserto de Midiã. Ao perceber uma luz no topo da montanha, para lá se dirigiu. E na sarça, ardente, teve o seu primeiro encontro com Jeová que o incumbiu de uma missão libertadora. Quando os hebreus vagavam pelo deserto em busca da Terra Prometida, o Senhor ia adiante deles, à noite, numa coluna de fogo, eliminando-lhes o caminho.

Paulo dirigia-se a Damasco com a incumbência de aprisionar os cristãos que ali viviam. Às portas da cidade um resplendor de luz cegou-o temporariamente, mudando, a partir daquele momento, não só a sua missão, como também radicalmente todo o rumo da sua vida.

“Deixai que brilhe vossa luz", recomendou Cristo. Essas palavras pressupõem existiria da luz no íntimo do ser humano, ou que o homem é potencial ou intrinsicamente iluminado. Max Heindel afirmou na carta de n°8 do livro "Cartas aos Estudantes" que “à visão espiritual cada ser humano aparece como um halo de luz, de colorido variado, segundo o temperamento, e de maior ou menor resplendor em proporção a natureza do caráter”.

Deixar que a nossa luz brilhe é ensejar a manifestação do Eu divino em nós, com o espirito predominando sobre a personalidade. João Batista (a personalidade) assim se expressou sobre o Cristo (o espirito): É preciso que eu diminua e que Ele cresça. Por todos os exemplos já citados entende-se que a luz é uma manifestação libertadora. Eis porque ela é um símbolo de Deus, o indefinível.


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