por Delmar Domingos de Carvalho
... quando visitamos a
Itália os objetivos eram essencialmente obter dados sobre os rosacrucianos
desde Dante, a S. Francisco de Assis, Santo António, Leonardo da Vinci, Miguel
Ângelo, entre outros.
Um dos locais que mais
ansiávamos analisar e contemplar era a Capela Sixtina. Só que para analisar
esta obra tão grandiosa seria necessário muitos meses...mas deu para tomarmos
notas valiosas.
Ressaltam logo duas: os
painéis centrais são 27; juntando os laterais dá o número 33; ambos encerram o
nº 9, esse número cabalístico ligado à Humanidade, desde os eleitos 144 000,
até às 9 Iniciações Menores. E isto leva-nos até ao poeta rosacruciano, Dante,
que muito influenciou este Filho da Luz, o qual em sua obra, ” A Divina
Comédia”, usa este número, com a divisão em 33 cantos, ou seja, 3x 3= 9, por
sinal a idade com que Jesus Cristo nasceu para o santo etéreo monte, também
igual à Latitude da Sede Mundial da Fraternidade Rosacruz, etc.
Por outro lado, sabe-se que
as medidas desta Capela são iguais às do Templo de Salomão o que ainda mais a
liga à Humanidade e ao plano cósmico.
Entre as figuras que Miguel Ângelo pintou, neste teto, eis que na que podemos dar-lhe o nº 25=7, está a famosa Sibila Délfica. Este retrato tem sido alvo de muitas fotos, de muitas impressões, de análises: mas há um pormenor pouco focado que está no seu pé esquerdo: surgem 6 dedos, tal como fez Rafael em dois quadros: no Casamento Místico dos altos Iniciados José e Maria em que S. José tem seis dedos também no mesmo pé, como nos relata Max Heindel na obra Iniciação Antiga e Moderna (ver página 69 da edição da F.R. de Portugal, 1999). Em Delfos houve o culto a Apolo, o Sol, o Deus da Luz, e as Sibilas deste antigo santuário tinham poderes proféticos. Note-se ainda que o quadro nº 9 foca Noé embriagado, numa ligação esotérica profunda e o que representa o seu sacrifício está no nº 7; por sua vez, o dilúvio universal, no nº 8. Ficamos por aqui e vamos até à sua escultura “ A Pietá” de Santa Maria del Fiore em Florença.
Cada qual tem a sua
interpretação desta enigmática obra. Tudo leva a crer que Miguel Ângelo se
representa a si mesmo ou como sendo Nicodemos ou José de Arimatéia, segundo
várias opiniões. Para nós surge-nos como uma mistura destas duas personagens
carregadas de rico simbolismo esotérico; ele é Nicodemos, em grego, “ o
conquistador do povo”; que revela grande coragem na defesa de Cristo contra a
Sua condenação (João 7-50-52) e que ajuda José de Arimatéia na colocação do
corpo de Jesus no sepulcro. Ora este foi quem recolheu o sangue de Jesus Cristo
no cálix, o Cálix do Santo Graal, cuja simbologia está intimamente ligada com o
Amor Puro dos Cavaleiros do Graal, Ordem Iniciática da Idade-Média, à qual
esteve ligado Jesus. O mesmo sucedeu com a Ordem dos Cavaleiros da Távola
Redonda, do enigmático Rei Artur. Em ambos, surge o símbolo da Rosa e da Cruz.
Na realidade este Filho da
Luz e do Fogo soube levar pesada cruz tendo como Ideal o verdadeiro e Único
Cristo que veio para todas as religiões e para todos os povos; quão grande terá
sido a sua dor incluindo a vida não lhe ter permitido dar o seu profundo amor
de Vênus na dinâmica positiva, sublimando-o totalmente no de Urano, platônico,
à sua amada, a marquesa Vottoria Calonna, mulher progressista, em cuja casa
reunia pessoas de elevado nível cultural e espiritual, incluindo o português
Francisco de Holanda que viria a escrever algo sobre este gênio imortal.
Quantas discussões sobre vários temas transcendentais não terão sido realizadas
em sua casa? Temas que a inquisição jamais poderia autorizar, antes tudo
queimaria, como as obras dos rosacrucianos Picco del Mirandola, ou
de Marsílio Ficino, defensores da lei do renascimento, estas já conhecidas de
Miguel Ângelo em casa de Lourenço , o Magnífico.
E porquê a célebre estátua
de Moisés que contemplamos como uma criança…e nos lembramos da famosa frase: “
Fala Moisés”, pois porquê Miguel lhe colocou dois chifres no cimo da cabeça?
Simboliza dois raios de Luz, defendem uns; mas não será muito mais? Quem
iniciou e divulgou a doutrina do Cordeiro, uma Nova Religião, sendo o precursor
de Jesus Cristo? Não foi Moisés? Com este profeta eis a Idade de Áries, o fim
do culto a Taurus e ao mesmo tempo a abertura ao caminho Iniciático, onde as
duas glândulas, epífise e hipófise se podem unir criando o caminho para o canal
da Luz do clarividente voluntário.
Enfim, resta-nos focar um
pouco da sua poesia, tão unida à de Dante, com uma concepção cosmológica do “
non finito” que se espelha em todas as suas obras.
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