por Jonas Taucci
Confortavelmente instalado na sacada de seu
apartamento, Sr.*** olhava preguiçosamente os transeuntes a caminhar pelas
calçadas, ruas e avenidas.
Reconhecendo
uma pessoa, lhe veio à mente:
- Lá vai o “Júpiter em quadratura na 9ª
Casa“. Não me arriscaria a viagens
distantes se fosse ele.
Morador a muitos anos naquela localidade,
Sr.*** conhecia e era conhecido por muitos de seus vizinhos.
E continuou...
- Ah! Na faixa de pedestres, a “Lua e Marte em
conjunção no signo de Câncer”, é certo que problemas gástricos atormentam esta minha amiga.
Sr.*** sorvia uma fumegante xícara de chá, mas
não deixava de observar as pessoas.
- Olha só, quem está cruzando a avenida: o
“Mercúrio em sextil na 6ª Casa”. Tenho de lembrar-me de o convidar para uma
visita; por certo teremos longas e proveitosas conversas intelectuais.
O final de tarde deu lugar a uma noite
estrelada.
Aquele desfile de (conhecidas) pessoas, era
avida e devidamente rotulado pelo Sr.*** - uma a uma - por seus aspectos e
posições astrológicas, nunca pelos seus nomes.
Em sua família, esta prática se repetia. Não raro,
dirigia-se a filha, como “Vênus em Oposição na 7ª Casa”, ou a uma pessoa de seu
local de trabalho, de “Netuno em conjunção com o ascendente Libra”.
Da sacada, conseguiu ouvir – ainda que em
volume diminuto, no aparelho de TV da sala – os números letais do Covid-19 pelo
mundo, atualizados.
Eram tempos difíceis, CONTUDO, dias da prática
de muita solidariedade, onde (algumas)
associações religiosas, espirituais e esotéricas, distribuíam máscaras,
remédios, cestas básicas (alimentos), e produtos de higiene para os
necessitados. Também pessoas, sem nenhuma conotação religiosa, faziam a sua
parte neste altruístico trabalho.
O paradoxo numa rima; época dolorosa/prática
valorosa, pode ser – literariamente – descrito no início da obra “Um conto de
duas cidades” do escritor inglês Charles Dickens (1812-1870).
“Aquele foi o melhor dos tempos. Foi o pior
dos tempos. Aquela foi a idade da sabedoria. Foi a idade da insensatez. Foi a
época da crença. Foi a época da descrença. Foi a estação da luz. A estação das
trevas. A primavera da esperança. O inverno do desespero. Tínhamos tudo diante
de nós. Tínhamos nada diante de nós. Íamos todos para o paraíso. Íamos todos
para o sentido contrário. ”
Após ouvir as notícias recentes da pandemia,
Sr.*** voltou sua atenção para as pessoas que transitavam pelas ruas;
- Ora, ora, se este não é meu amigo “Plutão em
quadratura com a Lua”...
* *
* * *
* * * *
Em várias “Lição mensal de filosofia ao
estudante”, da Sede Mundial (Oceanside), dos anos 50’, o assunto versava sobre
a formação de nosso Cristo Interno.
À época, era comum estas “Lições” referirem-se
– sequencialmente - ao mesmo assunto por vários meses seguidos (algumas por um
ano inteiro!). Eram permeadas de uma vibração nitidamente sentida pelos que as
liam, segundo vários membros da Fraternidade Rosacruz que conheci.
E durante meses, dissertou-se sobre a
importância de vários itens, na elaboração – vida pós vida – do desabrochar de
nosso Cristo Interno, e mesmo em nossa permanência nos Planos Internos, antes
de (re)nascermos aqui na Terra.
Palestras e publicação na revista “Serviço
Rosacruz”, foram realizadas sobre este tema.
Ao final desta coletânea de “Lições”,
ressaltou-se que os itens em referência, podiam constituir-se numa completa
inutilidade, caso não estivessem associados com o SERVIÇO abnegado ao
semelhante. Tornar-se-iam apenas informações sem valor.
E a última frase destas “Lições” foi:
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