27/07/2020

O (pseudo) Rosacruciano - Parte II (Conto fictício. Ou não...)

por Jonas Taucci

Confortavelmente instalado na sacada de seu apartamento, Sr.*** olhava preguiçosamente os transeuntes a caminhar pelas calçadas, ruas e avenidas.

Reconhecendo  uma pessoa, lhe veio à mente:

- Lá vai o “Júpiter em quadratura na 9ª Casa“.  Não me arriscaria a viagens distantes se fosse ele.

Morador a muitos anos naquela localidade, Sr.*** conhecia e era conhecido por muitos de seus vizinhos.

E continuou...

- Ah! Na faixa de pedestres, a “Lua e Marte em conjunção no signo de Câncer”, é certo que problemas gástricos  atormentam esta minha amiga.

Sr.*** sorvia uma fumegante xícara de chá, mas não deixava de observar as pessoas.

- Olha só, quem está cruzando a avenida: o “Mercúrio em sextil na 6ª Casa”. Tenho de lembrar-me de o convidar para uma visita; por certo teremos longas e proveitosas conversas intelectuais.

O final de tarde deu lugar a uma noite estrelada.

Aquele desfile de (conhecidas) pessoas, era avida e devidamente rotulado pelo Sr.*** - uma a uma - por seus aspectos e posições astrológicas, nunca pelos seus nomes.

Em sua família, esta prática se repetia. Não raro, dirigia-se a filha, como “Vênus em Oposição na 7ª Casa”, ou a uma pessoa de seu local de trabalho, de “Netuno em conjunção com o ascendente Libra”.

Da sacada, conseguiu ouvir – ainda que em volume diminuto, no aparelho de TV da sala – os números letais do Covid-19 pelo mundo, atualizados.    

Eram tempos difíceis, CONTUDO, dias da prática de muita solidariedade, onde  (algumas) associações religiosas, espirituais e esotéricas, distribuíam máscaras, remédios, cestas básicas (alimentos), e produtos de higiene para os necessitados. Também pessoas, sem nenhuma conotação religiosa, faziam a sua parte neste altruístico trabalho.  

O paradoxo numa rima; época dolorosa/prática valorosa, pode ser – literariamente – descrito no início da obra “Um conto de duas cidades” do escritor inglês Charles Dickens (1812-1870).

“Aquele foi o melhor dos tempos. Foi o pior dos tempos. Aquela foi a idade da sabedoria. Foi a idade da insensatez. Foi a época da crença. Foi a época da descrença. Foi a estação da luz. A estação das trevas. A primavera da esperança. O inverno do desespero. Tínhamos tudo diante de nós. Tínhamos nada diante de nós. Íamos todos para o paraíso. Íamos todos para o sentido contrário. ” 

Após ouvir as notícias recentes da pandemia, Sr.*** voltou sua atenção para as pessoas que transitavam pelas ruas;

- Ora, ora, se este não é meu amigo “Plutão em quadratura com a Lua”...

*  *  *  *  *  *  *  *  *

Em várias “Lição mensal de filosofia ao estudante”, da Sede Mundial (Oceanside), dos anos 50’, o assunto versava sobre a formação de nosso Cristo Interno.

À época, era comum estas “Lições” referirem-se – sequencialmente - ao mesmo assunto por vários meses seguidos (algumas por um ano inteiro!). Eram permeadas de uma vibração nitidamente sentida pelos que as liam, segundo vários membros da Fraternidade Rosacruz que conheci.

E durante meses, dissertou-se sobre a importância de vários itens, na elaboração – vida pós vida – do desabrochar de nosso Cristo Interno, e mesmo em nossa permanência nos Planos Internos, antes de (re)nascermos aqui na Terra.

Palestras e publicação na revista “Serviço Rosacruz”, foram realizadas sobre este tema.

Ao final desta coletânea de “Lições”, ressaltou-se que os itens em referência, podiam constituir-se numa completa inutilidade, caso não estivessem associados com o SERVIÇO abnegado ao semelhante. Tornar-se-iam apenas informações sem valor.

E a última frase destas “Lições” foi:


Veja aqui a parte I

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