Max Heindel (23/7/1865 - 6/1/1919)
«O Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça». (Mateus
8.18-20)
A sentença crística enunciada pelo apóstolo tem sido
interpretada essencialmente no sentido do despojo dos bens materiais. Afinal,
verdadeiramente nosso é apenas o corpo (os corpos) enquanto vivemos neste
mundo, embora dele levemos a quintessência, ou melhor, o resultado das acções,
para nos mundos superiores extrairmos a essência desse trabalho.
De outros sentidos na frase, porventura mais subtis, há um que
se pode vislumbrar. Reclinar ou apoiar a cabeça significa assim que a cabeça
deve sustentar-se em algo. Já pensámos que um pioneiro, em qualquer actividade
humana, muitas e muitas vezes nos tempos que se lhe seguem, na melhor das
hipóteses a sua actividade é apenas mantida, isto é, não tem continuidade à sua
altura? Um Pitágoras não se segue ao Pitágoras, um Leonardo da Vinci não se
segue ao Leonardo da Vinci e um Camões não se segue a Luiz Vaz de Camões. É
simples de se entender. Quando uma luz é muito forte, ilumina tanto que às
vezes até ofusca, ou seja, o que se lhe segue podendo ser luminoso será, via de
regra, de outro modo, modo esse que até pode ser (e já é muito) a explicitação
e a manutenção dessa explosão de génio ou de pioneirismo. O que acontece, por
exemplo, com movimentos artísticos e filosóficos é conhecido de todos.
Passam-se décadas e décadas até surgir outro impulso. Um pioneiro é a “cabeça”
de um movimento que, se bem dirige o corpo, este por sua vez deve sustentá-la
na continuidade.
É caso também para perguntar, quanto à obra de Max Heindel, se
durante estes 100 anos, o pioneiro, o mensageiro, teve sempre onde a «reclinar
a cabeça», desde as estruturas da sede central à disseminação da filosofia.
Todos e cada um dos que estão no movimento devem colocar a pergunta. Por muito
dolorosa que seja, e ainda com esta outra alínea: fomos acrescentado suportes,
desenvolvimentos, investigações, envolvimentos humanos verdadeiramente
fraternais ao longo destes anos, ou diminuímos esse travesseiro de esforço que
Max Heindel e sua esposa Augusta Foss Heindel construíram com tanto amor e
sabedoria?
por Eduardo Aroso em "Do Amor e do Ser (22)" publicado na página Fraternidade Rosacruz Max Heindel - Facebook - 7 -11-2012
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