12/05/2013

O Simbolismo Dos Mitos

Ao contemplar o progresso da humanidade, encontramos sempre uma tendência pesquisadora que aparece através das idades. Esta tendência é a busca do Espírito Humano em prol daquilo que de novo uma o homem com seu Pai Celestial. Depois da época que designamos como "a queda do homem", este instintivamente compreendeu que se estava afastando de seu Criador. Ele mesmo se ausentou de sua fonte até que o anelo de retornar se tornou tão grande que corrigiu seus erros e tomou coragem para retomar a seu Pai Celestial. Esta é a história relatada por Cristo a Seus seguidores sob a forma do Filho Pródigo, que nos narra São Lucas em seu Evangelho.

Nosso presente caminho de esforço espiritual é determinado por nossas existências passadas, pelo menos em certa medida, e, se desejamos obter uma perspectiva verdadeira de nossos objetivos presentes, devemos familiarizar-nos com os registros dos acontecimentos do passado. As lendas de um povo são importantes em relação a isto. Essas lendas chegam até às origens de nossa consciência e, portanto, estão profundamente submergidas nos corações dos homens. Quando só uma pequena parte da humanidade podia ler, a sabedoria tinha de ser transmitida de uma geração a outra por meio da palavra. Os oradores e cantores iam de cidade em cidade, levando ao povo as notícias dos acontecimentos do dia anterior. Depois, cantavam seus velhos contos e lendas. Isto geralmente tinha lugar nas praças das aldeias, após finalizarem os labores do dia.

Estas lendas, repetidas em forma de canção e de contos através dos anos, foram finalmente escritas para serem legadas à posteridade. Cada nação possui seu próprio acervo destas tradições, que datam de remota antiguidade. Algumas destas lendas foram, sem dúvida, transmitidas à humanidade por Seres avançados que, assim, ajudavam-na a despertar a uma consciência superior e maior, dentro do plano de Deus para a evolução do homem.

É uma idéia errônea pensar que um mito seja uma ficção criada pela fantasia, humana, sem nenhum fundamento de realidade. Pelo contrário, um mito é uma arca que contém, às vezes as mais profundas e preciosas joias da verdade espiritual, pérolas de beleza tão rara. e etérea que não podem ser expostas ao intelecto material. Com o fim de resguardá-las e, ao mesmo tempo, deixar que atuassem sobre a humanidade para sua. ascensão espiritual, os Grandes Instrutores que guiaram nossa evolução, invisíveis mas poderosos, deram estas verdades espirituais à nascente humanidade envoltas no pitoresco simbolismo dos mitos, para que pudessem atuar sobre seus sentimentos até o instante em que seu nascente intelecto se tivesse desenvolvido e espiritualizado suficientemente a ponto de, ao mesmo tempo, sentir e conhecer.

A lenda do Santo Graal é uma destas antigas narrativas, assim como as histórias dos Cavalheiros da Távola Redonda. Nossos Ensinamentos nos dizem que alguns desses Cavalheiros foram Iniciados das Escolas de Mistérios que, então, prevaleciam na Europa. Também nos informam que antigamente, durante as assim chamadas Idades Negras (Idade Média), Jesus trabalhou com as Escolas Esotéricas da Irlanda e do norte da Rússia num esforço para difundir entre os homens o impulso espiritual.

Conta-nos a lenda como os Cavalheiros do Santo Graal guardavam o Cálice do Graal, o cálice utilizado por Jesus, na Ultima Ceia. Mais tarde receberam também em custódia a lança que atravessou Seu flanco na Crucificação, quando se consumou a missão parai a qual veio à Terra. Estas lendas não podem ser agora demonstradas materialmente, mas são inestimáveis como pontos focais para o Espírito intuitivo em seu esforço por cultivar o lado superior da vida.

James Russel Lowell em seu poema "A Visão de Sir Launfal", nos conta a lenda de um dos Cavalheiros que saíram em busca, do Santo Graal. Fala-nos com profunda intuição poética da vida de um homem que, depois de muito buscar, aprende por meio da experiência que devemos ser o guardião de nosso irmão. Conclui seu poema com o bem conhecido verso:

"A Sagrada Ceia se rememora em verdade naquilo que compartimos na necessidade do próximo; Não o que damos, mas o que compartimos - porque a dádiva sem doador é vazia; Quem se dá a si mesmo em sua esmola alimenta três: a si mesmo, a seu próximo faminto e a Mim". (Vide Nota)

Sir Launfal viajou até o fim do mundo para encontrar o Santo Graal, precisamente, na porta de seu próprio castelo. Vemos também que o aspirante à espiritualidade deve ao fim encontrá-la perto de si, em seu próprio coração. Pode ser que isto não se reconheça de momento, porque "ninguém pode reconhecer espiritualmente nos demais até que, em certa medida, a tenha desenvolvido em si mesmo". Que é a espiritualidade? A idéia de que ela se manifeste somente por meio da oração e da meditação é necessária e. essencial para o crescimento da alma; mas quando nossa vida é vivida alegremente no serviço, por amor à humanidade, e o fazemos para* glória de DEUS, nossa vida inteira se converte em oração.

Cristo-Jesus, nosso Guia, andou entre o povo e quando este necessitou de alimento físico alimentou-o. Deu-Ihe de Seus ensinamentos e curou os enfermos. no verdadeiro sentido, Ele foi um servidor da humanidade. Quando participamos do Cálice da Comunhão o fazemos em Seu Nome e em memória do serviço que nos prestou.

O Cálice que Cristo levou aos lábios na. Ultima Ceia foi utilizado por José de Arimatéia, na Crucificação, para receber o Precioso Sangue de Vida que fluía da. ferida do flanco do Salvador. Mais tarde esse Cálice foi dado em custódia aos Anjos e, quando se construiu um castelo — Mont Salvat — um lugar de paz onde toda a vida é sagrada-, essa relíquia foi colocada sob a guarda de Cavalheiros castos e santos. Converteu-se, então, no Centro de onde fluem poderosas influências espirituais.
publicado na revista Serviço Rosacruz, setembro de 1969 
Nota: O poema na íntegra pode ser visto no Conceito Rosacruz do Cosmos - Cap III, subtítulo: Primeiro Céu e também no final do artigo: "Regeneração: Propósito da Evolução"
 

2 comments:

Íris d Arc disse...

Grata minha amiga Lázara, que as rosas floresçam em vossa cruz!

Maria Lázara Franzini disse...

Eu é que tenho que agradecer sua visita sempre amiga neste blog e também a divulgação que você tem feito no facebook, Íris. Abraços e Que as rosas floresçam em vossa cruz

Postar um comentário