04/04/2011

COMO ERA A APARÊNCIA DE CRISTO JESUS? (parte 2)

Então como era a aparência de Jesus? 
Ele se parecia com cada um de nós, tal como nós somos vistos aos olhos de Deus. Ele era, tal como desejamos senti-Lo e como queremos ser em realidade. Ele é o que se vê através do olho do contemplador. Uma pessoa cheia de ódio, não poderá ver Amor encarnado no homem Jesus. Verá uma blasfêmia, uma ameaça à sua segurança.

A pergunta de como era Jesus, é uma variante da questão messiânica, feita pelos judeus: Como O conheceremos quando Ele voltar? Não será por seus traços, senão pelo que Ele pode fazer e faz. Para os cristãos, a última façanha foi quando Cristo Jesus ressuscitou. O critério judeu foi que Ele podia liberar seu povo, sendo líder e governante neste mundo. O Jesus que procuravam deveria ter uma magistral autoridade e comparativa imponência física. Ele seria o campeão das causas políticas de Seu povo. Ele não podia ser como um cordeiro silencioso ao ser levado ao matadouro ou como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, como é dito em Isaías 53:7. No entanto, foi a esse Cordeiro de Deus, a essa encarnação da salvação, que os judeus gritaram: “Fora com Ele! Melhor Barrabás”. Barrabás, afinal de contas, embora um assassino, havia lutado, como um nacionalista, pela causa judaica.


Finalmente, temos que admitir que nenhuma imagem autêntica de Jesus nos foi reservada, a fim de que não exercesse em nós um efeito limitante e enganoso. Se a ênfase de Cristo Jesus foi para Seu espírito e não para Sua personalidade é porque Ele queria mostrar um retrato de Sua alma. Ele queria imprimir em nosso olho mental imagens de bondade, cenas de cura, retratos de voluntária moderação quando perseguido por inimigos, imagens da superação das paixões, estágios iniciáticos. Idealmente vemos representações de Cristo Jesus não como uma forma, senão como um gesticulador divino, como Epifânia do espírito, como demonstrações do divino através do véu mundano, como tênues verônicas. Nós vemos não o estático, congelado, mas sim a revelação da vida, do princípio redentor em si mesmo, que é puramente dinâmico, e que, tornando possível a primeira ressurreição, possibilita à futura humanidade uma permanente e consciente existência etérica.

Além disso, consideremos vários detalhes pós Gólgota, dados nos evangelhos e como eles influem em nossas considerações sobre a verdadeira imagem de Cristo Jesus. Como era Ele? Mesmo quem esteve próximo Dele e pode memorizar Sua aparência, não O reconheceu quando Ele apareceu na manhã de Ressurreição, próximo da sepultura vazia. Maria Madalena, somente depois de ter ouvido a voz de Jesus - o que, mais que Seus olhos físicos, dava um verdadeiro retrato de Sua alma - reconheceu Quem estava vendo. Teria Cristo se modificado? Ele estava usando o mesmo corpo vital doado por Jesus e havia reunido suficiente substância física a fim de ser visto. Seu corpo ressuscitado estava mais tênue, mas podia ser visualmente comparado ao corpo de Jesus antes do Gólgota. Mas Madalena estava preocupada. Ela não estava psicologicamente preparada para ver seu mestre “morto”. Nem tampouco estavam os discípulos, os quais no caminho a Emmaus, ao reunirem-se com o Cristo Jesus ressuscitado, não reconheceram com quem estavam conversando, até que Ele Se identificou mediante um ato simbólico: o partir do pão. Pedro não reconheceu ao Senhor na praia do Lago da Galiléia até que João o fez notar. Por negá-Lo por três vezes, Pedro foi “ensinado” a não vê-Lo.

O que aprendemos desses exemplos? 
Que veremos quando estivermos preparados para ver. Um culpado inconfesso não vê o perdão divino. Uma pessoa critica não vê a amorosa bondade. Na humildade, uma pessoa orgulhosa vê ofensa em vez de fortaleza. Na vigorosa compaixão de Cristo, absolutamente desinteressada, o egoísta pode ver somente debilidade e vulnerabilidade.

Sabemos como era aparência do Cristo histórico. Era a aparência do amor que vem da alma e que ilumina o rosto de quem vivencia este amor. Pois não foi esse Seu Amor que impulsionou Deus a dar Seu Filho ao mundo, mortificando Sua glória e reduzindo Sua magnitude a fim de habitar um corpo humano? A glória não foi apagada, mas profundamente ocultada. Na maioria dos seres humanos a glória é uma semente germinando, é uma chispa de Cristo. Quando formos verdadeiramente cristãos, veremos através do obscuro vidro da carne física, veremos face a face, de espírito para espírito; veremos que a luz de Cristo sobrepuja qualquer aparência exterior.

Um grau incomparável de sabedoria e assistência divina entraram na preparação dos veículos (corpos denso e vital) de Jesus. Não é exagero dizer que todo um povo foi designado para servir como ambiente onde Ele seria gerado e embalado. Tais foram os semitas originais, cujo racial átomo-semente foi germinado na quinta sub época da Época Atlante do Período Terrestre. Na quinta época ou Época Ária os essênios semitas eram um povo destinado para o propósito expresso de preparar o mais puro e o mais refinado organismo físico para servir ao Ego Jesus e mais tarde o Espírito Cristo.

Tendo em vista esta preparação incomparável, é até uma ironia que a flor e paradigma da humanidade não tenha sido imediatamente considerada como excepcional, em todos os sentidos, pelos seus contemporâneos. Mas a excelência foi interior e sutil. Nem mesmo o Cristo chamou a atenção à sua pessoa física (Jesus). Ao contrário, procurou despertar os outros para a Sua identidade espiritual.


Se a carne e o sangue não declaram presença de Cristo, em Jesus (Mt 16:17), uma descrição da carne e do sangue não revelará a singularidade de Jesus Cristo. Não descreverá Jesus Cristo, mas Jesus, e isto apenas num momento histórico. Estamos na mesma condição de João Batista. Precisamos da pomba do Espírito Santo para nos mostrar o Cristo.

Há um recurso artístico para representar a atividade do espírito ou a santidade de uma pessoa – é o uso de uma auréola, e, no caso de Jesus Cristo, especialmente o Cristo ressuscitado, uma auréola de luz. É uma luz que torna visível o invisível, que revela no mundo material, a presença do imaterial. A auréola de luz indica o Sol, nosso regente espiritual, Aquele que é a Luz do mundo. A auréola é a representação do pleno desenvolvimento dos centros etéricos na cabeça.

Os pintores ocidentais e ortodoxos da Idade Média utilizavam esse halo ou auréola para mostrarem a transfiguração do Espírito no corpo físico, e, posteriormente esse recurso foi utilizado não apenas para Jesus, mas também sempre que se desejava mostrar a luz interior de uma pessoa. Alguns contam Rembrandt como exemplo.

Considerando que os artistas trabalham com materiais inertes ao criarem a ilusão ou sugestão de vida, o Espírito Santo é a inteligência criativa que pode despertar e suscitar qualidades de alma das matérias-primas e tornar realidade o belo e o verdadeiro. Em abençoados momentos em que sobrepujamos as limitações materiais e somos permeadas por uma afeição generosa, elevamo-nos em adoração a Deus, e somos inundados por um altruísmo que nos faz perceber e prezar a santidade de outra pessoa. Esses momentos de graça refletem a luminosidade da presença permanente de Cristo, e é algo desta presença espiritual que uma representação artística de Cristo pretende captar e transmitir, a presença de virtudes cristãs, que consagrem a alma. É uma arte que é capaz de ser um espelho invisível para o candidato, em quem Cristo, sua esperança de glória, é revelado.

Traduzido do original inglês: What Did Christ Jesus Look Like? de CW
Publicado na “Rays from The Rose Cross” – Jan/Fev de 1998
Gravuras e legendas do texto original

0 comments:

Postar um comentário