18/03/2018

A Invocação


Max Heindel em O Véu do Destino(*)

Orar é uma palavra da qual se tem abusado tanto que já não expressa, realmente, o exercício espiritual a que nos estamos referindo. Como já dissemos, sempre que formos ao nosso santuário, devemos ir como o enamorado que vai ao encontro de sua amada. Nosso espírito deve voar adiante como se pretendesse arrastar o nosso lento corpo a sentir antecipadamente as delícias que nos estão reservadas e devemos esquecer tudo o mais para só dar lugar aos pensamentos reverentes que nos acodem no caminho. Isto é literalmente exato e o sentimento necessário para alcançar bons resultados é unicamente comparável àquele que impele o amante ao ser querido e talvez ainda mais ardente e intenso.

"Como a gazela anela a água do arroio, assi.m minha alma está sedenta de Ti''. Esta é uma experiência real daquele que ama verdadeiramente a Deus. Se não tivermos este espírito, podemos cultivá-lo e consegui-lo por meio da oração, e uma das legítimas orações que devemos empregar constantemente, é a seguinte: "Aumenta meu amor por Ti, ó Deus! para que eu possa servir-Te melhor cada dia que passa. “Faze que as minhas palavras e os ditames do meu coração sejam sempre agradáveis á Tua presença, meu Senhor, minha Fôrça e meu Redentor”.

As invocações usadas para pedir coisas materiais entram em cheio na magia negra, pois, temos a promessa de: "Buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça e todas as outras coisas vos serão acrescentadas". Cristo nos indicou o limite a que podíamos aspirar no Pai Nosso quando ensinou seus discípulos a dizer : "O pão nosso de cada dia dai-nos hoje". Tanto no que diz respeito a nós mesmos como aos demais, devemos resguardar- nos de ultrapassar esse limite na invocação científica. Ainda quando oremos por bens ou bênçãos espirituais, devemos evitar que se manifeste qualquer sentimento egoísta em nossa prece, pois, destruiria o nosso crescimento anímico. Todos os santos nos provam que também tiveram seus dias de obscuridade e miséria quando o Divino Amante oculta a sua face e aparece a consequente depressão.

Tudo isso depende da natureza e da fôrça da nossa devoção. Amamos a Deus por Ele mesmo ou O amamos pelas alegrias que experimentamos na doce comunhão com Ele? Se for somente por este último motivo, nosso afeto é essencialmente tão egoísta como os sentimentos da multidão que o seguia pelo alimento que Ele havia fornecido. E tanto como naquele tempo, é agora necessário que Ele oculte de nós a manifestação de Seu terno amor e solicitude que nos faria cair de desgosto envergonhado se arrependidos. Felizes de nós se vencermos os defeitos de nosso caráter e aprendermos a lição de uma fidelidade invariável, tal como a agulha magnética que aponta para o Norte sem vacilar, embora chova, haja tormenta ou o céu esteja coberto de nuvens negras que ocultam do nauta a visão da estrela guia.

Dissemos que não se deve orar por coisas materiais e que devemos ter muito cuidado em nossas orações espirituais. Então assalta naturalmente esta pergunta: Qual deve ser o objeto da nossa invocação? E a resposta é geralmente: Adorar e Louvar. Devemos abandonar a ideia de que toda vez que nos dirigirmos a nosso Pai Celestial seja para pedir-lhe alguma coisa. Não ficaríamos contrariados se os nossos filhos estivessem a todo o momento nos pedindo coisas? Entretanto, não nos cabe na mente que Deus se desgoste por nossas importunas petições, porém tampouco devemos esperar que nos conceda tudo o que pedimos que muitas vezes seria para nosso próprio mal. Por outra parte, quando nos pomos em ação de graças e em oração, estamos nos colocando em situação favorável com a Lei de Atração. Estaremos assim em estado receptivo no qual poderemos perceber uma nova descida do Espfrito do Amor e da Luz, pondo-nos deste modo, mais perto de nosso adorado
ideal.

(*) O VÉU DO DESTINO em algumas traduções: A TEIA DO DESTINO
Este artigo foi extraído de: As Asas e a Força-Invocação - Clímax Final do livro acima citado.

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