03/11/2018

Sobre Nossos Ouvidos Estarem Limpos

O autor do artigo, Jonas Taucci, em frente ao Teatro Bolshoi  na década de 90

Vários aspectos me chamaram a atenção naquela visita ao Teatro Bolshoi (tradução: Grande Teatro), em Moscou, na Rússia: o repertório (Quebra Nozes, de Tchaikovsky), o cenário, orquestra, personagens, indumentária, a decoração do teatro...

Contudo algo me surpreendeu mais que todo este conjunto de maravilhas.

Ao irmos a um teatro, não nos damos conta do (importantíssimo) trabalho realizado - antecipadamente - por pintores, eletricistas, marceneiros, técnicos, etc. para que o palco esteja em condições de apresentação em termos de música, dança, dramaturgia etc.

Por ser neto de russos e conhecer o idioma, tive a oportunidade de conversar com vários funcionários deste que é um dos mais belos e tradicionais teatros do mundo, minha surpresa foi saber que estes anônimos trabalhadores – todos – sabem ler partituras e conhecem (muito bem) música.

A música é apreciada grandemente pelos povos eslavos, descrever seus compositores e obras, exigiria um espaço enorme; fica a sugestão de leitura do livro de autoria do austríaco radicado no Brasil, Otto Maria Carpeaux (1.900-1.978): “Uma nova história da música”, onde os compositores eslavos são (também) descritos.

Max Heindel, no Conceito Rosacruz do Cosmos, capítulo XII, A Evolução na Terra, parte a Época Ária, nos fala que:

♪ Quando a humanidade adentrar na Idade Aquariana, os russos e povos eslavos, terão alcançado um grau de desenvolvimento espiritual que os fará avançar muito além de sua presente condição.

♪ Será a música o principal fator para atingirem esse objetivo.

♪ A alma - sintonizada com a música - pode voar ao próprio Trono de Deus, onde o mero intelecto não pode chegar.

♪ Espiritualização e intelecto devem estar equilibrados.

Reili José Brighenti (falecido a poucos meses), foi um probacionista que colaborou muito na divulgação dos Ensinamentos Rosacruzes; poeta (tendo publicados livros), muitas vezes o chamei de o entusiasta rosacruciano”, pois era com esse escopo que realizava suas palestras.

Várias de suas poesias (dedicadas à natureza e a evolução do ser humano) foram publicadas na revista mensal “Serviço Rosacruz” e declamadas - por ele mesmo - em comemorações natalinas e aniversário de muitos Centros Rosacruzes. Participou de vários corais na Fraternidade, era um profundo admirador da música erudita, plantas e flores.

Em um determinado número desta revista foi publicado um texto de sua autoria: “Campanha de preservação à vida”, constituindo-se numa verdadeira exaltação à onda de vida do Reino Vegetal. Exortava-nos a que em datas específicas – Natal, Ano Novo, Páscoa e aniversários - presenteássemos as pessoas com plantas, sementes e flores.

Devido à enorme repercussão, este texto foi publicado novamente na mesma revista no mês seguinte (algo que desconheço paralelo). Futuramente iremos reproduzi-lo aqui.

Vou tentar resumir uma palestra que fizemos conjuntamente (eram frequentes jograis rosacruzes) no Centro Rosacruz de Santo André, na semana do natal de 1988. O assunto relacionava-se com a passagem do evangelho de João (10:27), onde Cristo diz:

 “As minhas ovelhas ouvem minha voz, eu as conheço, e elas me seguem”

Toda esta citação, deve ser entendida internamente:

MINHAS OVELHAS - representam as pessoas que possuem a sintonia no praticar o que Cristo ensinou.

OUVEM MINHA VOZ – Ouvir a voz do Cristo Interno.

EU AS CONHEÇO - Nosso Cristo Interno (re)conhece a identificação de nossa divindade; pertencermos – todos - à onda de vida os Espíritos Virginais, que foi emanada em Deus.

 ♪ ELAS ME SEGUEM – Seguirmos - em pensamentos, palavras e ações - o nosso Cristo Interno.

Podemos também resumir - num paradoxal fator – o que bloqueia ouvirmos a voz de nosso Cristo Interno: o não ouvir o pedido de auxilio de nossos semelhantes; estarmos surdos às pessoas enfermas e necessitadas. A arrogância do (apenas) conhecer e não do (importante) auxiliar.

Nenhum dos quatro evangelhos relata a presença de animais na manjedoura onde Jesus nasceu; talvez a tradição venha:

*** Do presépio (São Francisco de Assis, na cidade italiana de Greccio, no ano de 1.223).

*** Da profecia em Isaias (01:03), cerca de 700 anos antes de Cristo: O boi conhece seu possuidor, e o jumento o dono de sua manjedoura...”.

Quando observamos um presépio, sempre associamos isto a uma quietude; até mesmo os animais silenciaram quando do nascimento de Jesus.

O aspirante rosacruz deve tirar importantes lições deste fato; transferir esta representação do presépio para o nosso interior:

- Silenciar nossos animais internos (Eu Inferior) para que nesta consequente quietude, possamos ouvir a voz de nosso Cristo Interno; sem este ponto de partida, nenhum estudo, nenhuma retórica alcançara este intento. Por animais devemos entender - também - tudo aquilo que omitimos em auxilio a nossos irmãos.

Se os desprezamos, jamais ouviremos esta voz. Querer ouvir doces canções celestiais e não ouvir o pedido de auxílio de semelhante constitui-se numa ilusão imensa que nos coloca num estado deplorável; a alucinação esotérica.

♪ Como anda a limpeza de nossos ouvidos”?

4 comments:

Renata Brighenti disse...

Obrigada Jonas, pela homenagem em memória do Pai, Reili, que sempre amou a doutrina rosacruzes.
Alguns dos trabalhos sociais voltados ao próximo que hoje participo, foi idealizado por ele.

Ademir Bispo disse...

Obrigado por sempre compartilhar assuntos construtivos.

Que as rosas floresçam em sua cruz.

jess disse...

Grato, Jonas, pelo excelente artigo e também por nos trazer à lembrança o nosso amigo Reili, companheiro e obreiro incansável!
Que as rosas floresçam em sua cruz.

Panda disse...

Muito bom irmão Jonas!
Que as rosas florençam em sua cruz

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