25/11/2018

A Fraternidade Rosacruz e a Época de Aquário (parte I)


Hoje. os meios de comunicação aproximaram as nações e os homens, para que se conheçam melhor pois ninguém pode amar o que não conhece. Tudo está se transformando rapidamente e os meios são proporcionais à resistência: meios violentos, aparentemente um mal, são empregados para romper estruturas sociais milenares, colocando nações inteiras sob tensão e desafios terríveis, para que acordem à realidade da evolução. Sem meios de compreender a razão e a origem de tais transformações, deixamo-nos envolver pelas previsões pessimistas; quanto ao futuro da humanidade.

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Aqueles que estão afeitos ao estudo e à meditação das verdades espirituais, permanecem confiantes e serenamente apontam um Governo Invisível do Mundo muito mais poderoso que todos os governos comuns. Nele está a razão das grandes mudanças. Nele estão os olhares penetrantes e amplos de Seres que romperam as limitações mundanas e se guindaram a amplitudes de consciência inconcebíveis à compreensão mediana. São os Altos Iniciados das diversas Escolas.

Sete Altos Iniciados de cada RAIO CÓSMICO que se misturam à Humanidade. e influenciam-na nos diversos campos de atividade: ciência, arte, religião, política, economia etc.. São grandes luzes desconhecidas para nós, que somos cegos e surdos. Temos ouvidos e não ouvimos; temos olhos e não vemos. Estamos rodeados de imensas Realidades espirituais que não percebemos: tal é a triste condição do ser humano comum. Mas os Iniciados menores, de tempos em tempos, cumprindo determinações desses Altos Seres – os vanguardeiros do gênero humano trazem suas revelações adequadas à nossa compreensão atual.

Segundo essas revelações, podemos falar convictamente, da Ordem Rosacruz Sete Irmãos Maiores tra balham incognitamente no mundo, exercendo influência incomum nos lideres que enfeixam poderes-chave. Embora respeitem o livre-arbítrio humano, estão eles vigilantes para que nossa ignorância não desvie as linhas evolutivas gerais, traçadas para a humanidade.

Há sete escolas de mistérios no mundo. Cada uma delas tem diversas ramificações através da História. São nomes que se dão a movimentos que atendem às necessidades internas, de um grupo humano e de cada individuo desse grupo em particular, numa certa época.

A verdade é Universal e transcende as limitações humanas·. Os homens não podem alcançá-la em plenitude. Essa verdade está em cada Escola ou Raio De tempos em tempos cada uma dessas escolas, através de um iniciado menor, funda um movimento externo, público, que constitui um MÉTODO adequado ao povo e, a cada indivíduo, como regra geral, para levar-nos à própria realização interna. Logo, são os métodos que diferenciam as escolas em cada época e nivel evolutivo do povo a que se destina.

Quem determina tais métodos? São os Altos iniciados Eles veem, nos planos internos, com sua ampla visão, as tendências de cada povo e preparam tais métodos de desenvolvimentos, para atender a certo período de tempo.

Para darmos uma ideia do que expusemos tomemos como exemplo a Bíblia: é um livro sagrado como outro qualquer de outros povos. Mal interpretada, defeituosamente compreendida, tem-se pensado que a Bíblia é uma estória do povo hebreu. Depois tivemos o advento do Cristianismo com a mensagem, ainda mal vislumbrada – do maior Der que a Humanidade jamais conheceu: Cristo. A mensagem cristã foi ajustada aos ensinamentos dos judeus, formando o Velho e o Novo Testamentos. Inadvertidamente, associamos que as duas dispensações foram reunidas porque Jesus e seus apóstolos eram judeus. Nada mais errado. Muito acima disto, a Bíblia, à semelhança dos outros livros sagrados, é UMA ESTÓRIA DO HOMEM – uma estória minha e de cada um de nós. Cada um de nós é a própria Bíblia. Cada acontecimento cada personagem bíblico é representação de circunstâncias e de pequenos·eus·psicológicos de nosso íntimo, como na obra hindu - o BHAGAVAD GITA.

A Rosacruz- representando a parte esotérica do Cristianismo e havendo partido das raízes essênias, reveJa-nos a Bíblia com uma nova face, bem adequada ao desenvolvimento de nosso povo. Cada derrota e cada vitória;  cada miséria e cada glória na Bíblia, se reportam à derrota e à vitória, à miséria e glória de cada um de nós, na luta da existência.

A escravidão do. Egito, as limitações e sofrimento do povo hebreu sob o jugo· do Faraó - nada mais são do que nossas próprias limitações materialistas; os condicionamentos escravizantes que nos impõe a falsa personalidade- em sua ilusão de separatividade - buscando apoiar-se em coisas externas- este faraó que usurpou o trono do divino em nós.

Há muitos indivíduos mergulhados nas trevas dessa escravidão, sonhando com uma Terra prometida de leite e mel- com uma vida mais livre e plena - pois sentem interiormente que o Criador não os fez .para sofrer.

Quando já estão enfarados de sua escravidão; humilhados com sua condição, algo dentro deles se levanta, disposto a tudo. É algo que lhes nasce do íntimo, de uma origem celestial - porque somos todos, sem distinção – feitos à Imagem e Semelhança de Deus. E, como o Filho pródigo revoltado de comer a comida dos porcos do materialismo - se levantam e resolvem. Tornar à Casa Paterna -. ou voltar ao centro .de seu Ser - através do autoconhecimento.

Neste ponto nasce. -no intimo o Moisés - que não concorda com o Faraó da falsa personalidade e que transforma a vara de Arão - o poder acumulado na coluna - numa serpente de sabedoria que devora todas as serpentes dos conhecimentos inferiores dos magos do Egito. É um método novo, mais adequado, que mostra as tábuas de uma Lei Divina, que devem ser inscritas na tábua de carne de nosso coração, para que nos tornemos uma lei em nós mesmos. consonantes com a Lei Universal que mantém a harmonia do Universo.

Para que esta lei se inscreva em nosso intimo leva tempo. Tempo variável para cada indivíduo. Toma vidas inteiras de experiências. É o que representa o cabalístico número 40 (quarenta)- que significa muitos. Quarenta anos de peregrinação no deserto - 40 anos na aridez de uma vida de dúvidas - em que somos tentados a fundir, com o ouro de nossas realizações internas, o bezerro das condições antigas  num esforço de voltarmos e nos apoiarmos ao que já conhecemos.

Mas o Moisés interno protesta e nos desperta. É preciso adorar o cordeiro. O cordeiro é uma condição humana mais doce e elevada. Não devemos desanimar na travessia. Cuidando não cair nas miragens do deserto, podemos arrancar a água viva dos ensinamentos da pedra de nossas realizações internas. E assim vamos evoluindo, armando e desarmando as tendas de nossos corpos, como peregrinos e nômades dos planos evolutivos. Até que cheguemos e nos instalemos na Terra prometida - naquela condição interna em que devemos esperar pela chegada do Messias. Ele há de nascer de uma virgem. A profecia de Isaías usa um adjetivo hebraico mui expressivo para designar o caráter dessa pureza: A PUREZA INTERNA. O adjetivo é ALMAH – virgindade interna - bem diferente da BETULAH: a virgindade externa, muitas vezes comprometida pelas impurezas internas dos pensamentos e emoções viciosos, dos fariseus modernos.

Esta virgem é uma imaginação pura - que havemos de conquistar. E unir-se-á a JOSÉ - um viúvo que se desligou da esposa do mundo - e que representa uma VONTADE pura. A imaginação é o lado feminino do Ser – a devoção, o coração. É Maria que deixou de ser Maya. José é o lado masculino do Ser - a vontade, a inteligência iluminada - que se libertou das limitações. Dos dois nascerá o MESSIAS - o HIMMANU-EL - que significa: DEUS CONOSCO!

Deixemos, por enquanto, a sublime manjedoura com os animaizinhos dos instintos domesticados e voltemos à História Humana, para explorar outra fonte: a ASTROLOGIA ESOTÉRICA: os astros são o relógio do destino e determinam, em linhas gerais, a marcha evolutiva.

Quando o Sol, pelo movimento da precessão dos equinócios, retrogradava pelo signo de TOURO, a humanidade era muito embrutecida e por isso gerava condições e circunstâncias adversas e terríveis. A evolução exigia muita fibra, perseverança e paciente resistência, qualidades próprias desse signo. É a escravidão do Egito, já citada. Dai que o símbolo seja o antigo boi APIS, do Egito. A vaca sagrada da índia é ainda uma reminiscência desse período.

Surgiu então Moisés, tendo um chapéu com chifres de carneiro – para mostrar sua condição de arauto de ARIES, quando o Sol, por precessão dos equinócios, retrogradava pelo signo do Carneiro. Foi a peregrinação pelo Deserto. E assim como Moisés não pôde entrar na Terra Prometida mas simplesmente conduziu o povo a ela, assim também a época de Áries transferiu a consciência humana para um estágio mais alto: a época de Piscis – quando o Sol começou a retrogradar, por precessão dos equinócios, por esse signo. Então veio o Cristo - inaugurando a dispensação Pisceana: notem que o símbolo do Cristianismo são dois peixes cruzados; que os apóstolos eram chamados "pescadores de homens·”; que os Evangelhos usam parábolas de pescas, de redes; e o chapéu atual dos bispos (mitra) têm a forma de uma cabeça de peixe, cuja boca, aberta, entra na cabeça.

A Época de Pisces constitui o Cristianismo Popular - que esqueceu os antigos mistérios e conhecimentos sobre o RENASCIMENTO, LEI DE CAUSA E EFEITO, COSMOGÊNESE, ANTROPOGÉNESE - se bem que estes conhecimentos estejam nas entrelinhas dos evangelhos, como poderei demonstrar em outra ocasião.
Por que se retirou destas verdades antigas? Porque propositadamente, devia mergulhar o povo ocidental na conquista científica, religiosa e artística mais intensa e diversificada - conforme reclamava a evolução.

É o que veremos na segunda parte deste artigo.(veja aqui)

Publicado na Revista Serviço Rosacruz, agosto de 1976

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