"A
Reconciliação dos Montecchios e Capuletos sobre os corpos mortos de Romeu e
Julieta", Frederic Lord Leighton, 1835-55
por Jonas Taucci
Sabemos que a peça teatral “Romeu e Julieta” foi escrita
e levada aos palcos por
William Shakespeare (1.564-1.616), entre os anos de 1.591 a 1.595, contudo há
pontos interessantes (e pouco conhecidos) que merecem uma análise.
Shakespeare escreveu R&J, segundo
analistas literários, baseado em:
*** Palácio do prazer
(c. de 1.582), autor William Painter.
*** A trágica história de Romeu e Julieta
(c. de 1.562), autor Arthur Brooke.
Contudo, anteriormente a estas datas, havia:
*** Romeu e Julieta
(c. de 1.554), autor Matteo Bandello.
*** História recentemente encontrada de dois
nobres amantes (c. de 1.530), autor Luigi Da
Porto.
Mas, vejamos ainda; Masuccio Salernitano, aproximadamente
em 1.476, escreveu cerca de 50 novelas - Novellino – uma delas narra o amor
entre os personagens Mariotto e Gionnozza, que Luigi Da Porto alterou (!) para Romeu
e Julieta.
Fica claro que nestas obras, seus respectivos
autores – através dos tempos -
inseriram, retiraram, substituíram nomes, locais e acontecimentos, mas o
amor entre os dois jovens, com fim trágico, permaneceu.
Para finalizar (ou não...) pesquisadores literários
sustentam que todas elas tiveram como inspiração a Metamorfoses, de Ovídio,
escrita por volta do ano... 8 D.C!
Mas – evidentemente – o mais famoso Romeu e Julieta pertence
a Shakespeare; encenado em praticamente todos os teatros do mundo - nos mais
diversos idiomas - a mais de quatro séculos, e em muitas produções
cinematográficas, além - é claro – de livros.
Max Heindel, na obra Conceito Rosacruz do Cosmos,
capítulo XI – Gênese e Evolução do Nosso Sistema Solar, cita Skakespeare
dizendo que um iniciado o influenciou em suas obras.
O teatro faz possível o estímulo às lagrimas e ao
riso no coração humano como nenhuma outra forma artística; ambos sãos duas
maneiras pelas quais a vida nos capacita a dissolver a cristalização das
tensões do plexo solar.
Há várias formas de manifestações teatrais, entre
elas e resumidamente:
*** TRAGÉDIA
DRAMÁTICA - Recordamos nossas
agonias e sofrimentos internos.
*** SÁTIRAS
– Nosso intelecto é exercitado de tal forma que nos surpreendemos ao presenciar
nossas próprias reflexões.
*** DRAMA
ROMANTICO – Nossas emoções são vivenciadas; o amor profundo, realizações de
ideais, as aspirações.
*** DRAMA
TRÁGICO – Induz aos sentimentos de compaixão pelo semelhante, e não por si.
*** COMÉDIA
– Dissolve nosso (cristalizante) excesso da seriedade.
*** Trata-se uma alegoria esotérica.
*** Todos nós possuímos (internamente) o arquétipo
deste casal.
*** A união do casal de Verona, representa as Bodas
Herméticas (alquímicas); o “casamento” com nosso Eu
Superior, a comunhão com nosso Cristo Interno, não estando
relacionado a nada físico.
*** Ambos deram fim às suas vidas; representa o fato
de termos de “abater” nossa personalidade, para que o Cristo Interno possa
florescer.
*** O ódio
entre suas famílias (Montecchio e Capuleto) simbolizam as cristalizações que
criamos e impedem a consumação deste “matrimônio”.
*** A oportunidade de sublimar o acima exposto,
reside no eixo: Leão (coração) – Aquário (altruísmo, amor crístico).
*** O salto por cima da sacada, realizado por Romeu
- à noite - para encontra Julieta, não está, absolutamente, relacionado a nada
carnal ou sexual. Numa “oitava superior”, trata-se da ousadia espiritual, o
ímpeto de galgar esferas mais elevadas; a ação de Urano (amor crístico)
rompendo limitações (Saturno), em pensamentos, palavras e atos
na busca da união com o Cristo Interno.
O salto à noite, possui o significado deste “trabalho
alquímico interno realizado silenciosamente”.
Pintura do italiano Francesco Hayes (1.791-1.882), “O último beijo de Romeu e Julieta” |
Não nos esqueçamos:
- Conhecermos estas pérolas espirituais,
transmitidas pelos Ensinamentos Rosacruzes, devem estar acompanhadas de sua praticidade.
A propósito, Goethe não “criou” o personagem Fausto nem o enredo deste livro.
Mas isto é outra história, outra alegoria esotérica
que retrata a evolução da humanidade e fica para outra oportunidade...
(*) De uma palestra baseada na obra Estudos de Astrologia, de Elman Bacher, realizada
na biblioteca municipal da cidade brasileira de Santo André, com o apoio do
Centro Rosacruz de Santo André, em abril de 1.986, por ocasião do 370º
aniversário de falecimento de William Shakespeare.
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