03/03/2018

Sobre o Rosacrucianismo de Romeu e Julieta (*)

"A Reconciliação dos Montecchios e Capuletos sobre os corpos mortos de Romeu e Julieta", Frederic Lord Leighton, 1835-55
por Jonas Taucci
Sabemos que a peça teatral Romeu e Julieta foi escrita e levada aos palcos por William Shakespeare (1.564-1.616), entre os anos de 1.591 a 1.595, contudo há pontos interessantes (e pouco conhecidos) que merecem uma análise.

Shakespeare escreveu R&J, segundo analistas literários, baseado em:

*** Palácio do prazer (c. de 1.582), autor William Painter.

*** A trágica história de Romeu e Julieta (c. de 1.562), autor Arthur Brooke.

Contudo, anteriormente a estas datas, havia:

*** Romeu e Julieta (c. de 1.554), autor Matteo Bandello.

*** História recentemente encontrada de dois nobres amantes (c. de 1.530), autor Luigi Da Porto.

Mas, vejamos ainda; Masuccio Salernitano, aproximadamente em 1.476, escreveu cerca de 50 novelas - Novellino – uma delas narra o amor entre os personagens Mariotto e Gionnozza, que Luigi Da Porto alterou (!) para Romeu e Julieta.

Fica claro que nestas obras, seus respectivos autores – através dos tempos -  inseriram, retiraram, substituíram nomes, locais e acontecimentos, mas o amor entre os dois jovens, com fim trágico, permaneceu.

Para finalizar (ou não...) pesquisadores literários sustentam que todas elas tiveram como inspiração a Metamorfoses, de Ovídio, escrita por volta do ano... 8 D.C!

Mas – evidentemente – o  mais famoso Romeu e Julieta pertence a Shakespeare; encenado em praticamente todos os teatros do mundo - nos mais diversos idiomas - a mais de quatro séculos, e em muitas produções cinematográficas, além - é claro – de livros.

Max Heindel, na obra Conceito Rosacruz do Cosmos, capítulo XI – Gênese e Evolução do Nosso Sistema Solar, cita Skakespeare dizendo que um iniciado o influenciou em suas obras.

O teatro faz possível o estímulo às lagrimas e ao riso no coração humano como nenhuma outra forma artística; ambos sãos duas maneiras pelas quais a vida nos capacita a dissolver a cristalização das tensões do plexo solar.

Há várias formas de manifestações teatrais, entre elas e resumidamente:

*** TRAGÉDIA DRAMÁTICA -  Recordamos nossas agonias e sofrimentos internos.

*** SÁTIRAS – Nosso intelecto é exercitado de tal forma que nos surpreendemos ao presenciar nossas próprias reflexões.

*** DRAMA ROMANTICO – Nossas emoções são vivenciadas; o amor profundo, realizações de ideais, as aspirações.

*** DRAMA TRÁGICO – Induz aos sentimentos de compaixão pelo semelhante, e não por si.

*** COMÉDIA – Dissolve nosso (cristalizante) excesso da seriedade.
                          
Sobre Romeu e Julieta (de Shakespeare), resumidamente

*** Trata-se uma alegoria esotérica.

*** Todos nós possuímos (internamente) o arquétipo deste casal.

*** A união do casal de Verona, representa as Bodas Herméticas (alquímicas); o casamento” com nosso Eu Superior, a comunhão com nosso Cristo Interno, não estando relacionado a nada físico.

*** Ambos deram fim às suas vidas; representa o fato de termos de abater nossa personalidade, para que o Cristo Interno possa florescer.

 *** O ódio entre suas famílias (Montecchio e Capuleto) simbolizam as cristalizações que criamos e impedem a consumação deste matrimônio”.

*** A oportunidade de sublimar o acima exposto, reside no eixo: Leão (coração) – Aquário (altruísmo, amor crístico).

*** O salto por cima da sacada, realizado por Romeu - à noite - para encontra Julieta, não está, absolutamente, relacionado a nada carnal ou sexual.  Numa oitava superior”, trata-se da ousadia espiritual, o ímpeto de galgar esferas mais elevadas; a ação de Urano (amor crístico) rompendo limitações (Saturno), em pensamentos, palavras e atos na busca da união com o Cristo Interno.

O salto à noite, possui o significado deste “trabalho alquímico interno realizado silenciosamente”.
Pintura do italiano Francesco Hayes (1.791-1.882), “O último beijo de Romeu e Julieta”
Não nos esqueçamos:

- Conhecermos estas pérolas espirituais, transmitidas pelos Ensinamentos Rosacruzes, devem estar acompanhadas de sua praticidade.

A propósito, Goethe não criou o personagem Fausto nem o enredo deste livro.

Mas isto é outra história, outra alegoria esotérica que retrata a evolução da humanidade e fica para outra oportunidade...

(*) De uma palestra baseada na obra Estudos de Astrologia, de Elman Bacher, realizada na biblioteca municipal da cidade brasileira de Santo André, com o apoio do Centro Rosacruz de Santo André, em abril de 1.986, por ocasião do 370º aniversário de falecimento de William Shakespeare.

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