22/01/2022

O Tempo na Experiência Purgatorial

Dante e Virgílio na entrada do Purgatório, Domenico Morelli (Wikimedia Commons)
Pergunta A experiência purgatorial do Ego é contínua desde o panorama da sua morte até o seu nascimento, ou há períodos de intervalo entre o fim de um sofrimento causado por determinada ação e o início de outro?

Resposta: A natureza que é Deus em manifestação sempre pretende preservar a energia, obtendo os maiores resultados com o mínimo gasto de força, e a mínima perda de energia. A lei de analogia é aplicada neste caso. Se estudarmos o efeito da mudança no mundo físico, aprenderemos algo sobre a sua consequência no reino acima do nosso. Uma pessoa que está sofrendo intensamente por um curto período de tempo, geralmente sente a dor mais agudamente, enquanto aquela que sofre durante anos sucessivos, embora a dor que ele ia infligida possa ser igualmente violenta, não parece senti-la na mesma proporção, pois acostumou-se a ela, e de certa forma o corpo adaptou-se a dor, por isso o sofrimento não é tão intensamente sentido neste caso quanto no primeiro.

Ocorre o mesmo na experiência purgatorial. Se uma pessoa (homem ou mulher) foi excessivamente dura e cruel durante a sua vida, se permaneceu indiferente quanto ao sentimento dos outros, se causou profunda dor em variadas ocasiões, verificamos que o seu sofrimento no purgatório será muito rigoroso, naturalmente intensificado pelo fato de que a experiência purgatorial é de menor duração do que a vida vivida na terra; mas a dor é intensificada proporcionalmente. Portanto, torna-se evidente que se a experiência fosse contínua, se a dor gerada por um ato fosse imediatamente seguida por outra, grande parte do sofrimento perder se ia para alma, pois não seria sentido em toda a sua intensidade. Por esse motivo, as experiências chegam de encomendas, com períodos de descanso para que sofrimento seguinte possa ser profundamente sentido.

Alguns podem achar que isso é cruel e que a dor infligida, ao utilizar-se desse artifício para intensificar o sofrimento, é desnecessária. Mas não é assim. Esse sofrimento resultará em um bem maior, pois a natureza ou Deus nunca busca desforra ou vingança, mas apenas almeja ensinar ao culpado a não mais ser vencido pelo erro. Por isso, ele deve espiar por todas as faltas cometidas. Isso irá ensiná-lo a respeitar, em uma vida futura, os sentimentos alheios e a ser misericordioso com todos. Portanto, é necessário que a dor seja altamente sentida para conservação da energia e para que a pessoa possa purificar-se e tornar-se melhor, o que não acontecerá se a dor fosse continua e o sofrimento correspondente amenizado.

PERGUNTA N.°1 do livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas, Vol II - Max Heindel, seção A VIDA APÓS A MORTE

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