27/10/2012

Não Resistais ao Mal

Sue Goske
Ao adentrar o pátio externo do Tabernáculo do Deserto a pessoa encontrava, primeiramente, o Altar dos Sacrifícios. Em nossos tempos, quando o aspirante põe o pé no CAMINHO, conhece,  de imediato, o passo inicial: a purificação. Em seu ardor desejará, sem dúvida, superar logo todos os obstáculos à sua caminhada. Aspirará a vencer o mal. Porém, antes de iniciar suas tentativas, deverá conhecer as técnicas, por assim dizer, que lhe assegurarão êxito em seu empreendimento.

Tudo existe como VIBRAÇÃO. A natureza de um objeto ou ser é determinada pelo seu peculiar tipo de vibração. Chamamos de "bom" tudo o que vibra em harmonia com as Leis da Natureza: colaboração, unidade, enfim, todo elemento conducente ao bem do conjunto.

O ato praticado através de motivação altruísta gera uma vibração harmoniosa com o todo. O mal é uma vibração discordante. Insofismavelmente, o mal, e o bem criam, de maneira diferente, a discórdia e a harmonia. O egoísmo é, realmente, ego-destruição. Enquanto o homem viver em desacordo com a Natureza, por ignorância ou propositadamente, terá de sofrer. Não vencerá as Leis da Natureza: elas é que o vencerão. E das dores e sofrimentos padecidos formar-se-ão pérolas de sabedoria. O homem compreenderá que não pode desafiar as forças superiores. Dessa maneira, o mal colabora para um bem final. Através dos efeitos da discórdia em sua vida, o ser humano aprende a amar a harmonia.

Os aspirantes da Antiga Dispensação obedeciam à Lei pelo medo. O Cristo trouxe a Lei do Amor à humanidade. O medo e o amor são duas vibrações bem diferentes. O aspirante moderno tem a possibilidade de efetuar a trans­mutação em seu próprio ser polo PODER DO AMOR. Cristo Jesus nos ensinou a chave oculta do método a ser empregado: "Não resis­tais ao mal". A resistência é composta por fricção, luta e intensa oposição. Essas vibrações não se harmonizam com a meta do aspirante: o equilíbrio. Ele poderá descobrir, até com certo espanto, que não possui armas para batalhar contra o mal. Foi isso que aconteceu com Amfortas, personagem de "Parsifal" tentou destruir Klingsor por meio de uma força que só devia ser usada para curar. Eis aí uma pista esclarecedora das causas profundas da derrota sofrida por Amfortas: usou um poder sagrado que lhe fora confiado, de maneira indevida. Tentou destruir e não curar. O uso pervertido acarretou-lhe a perda daquele maravilhoso dom. É particularmente significativo que ele colheu exatamente o efeito de suas próprias intenções: um ferimento sem cura, até a remissão completa do mal gerado.

Podemos, então, interpretar o princípio de "Não resistais ao mal" por "Não resistais à vibração desarmoniosa; transmutai-a em harmonia". Se a vibração de Amfortas fosse constituída de perdão, amor e sabedoria,  não teria investido contra o mago negro Klingsor. Não seria prejudicado e poderia sujeitar os poderes maléficos do mago negro pela nota-chave amorosa do poder de Cristo, cuja vibração mais elevada é capaz de transmutar o mal em bem.
traduzido da revista Rays from the Rose Cross, nº desconhecido
publicado na revista Serviço Rosacruz, julho de 1977

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