Dentro de cada ser humano há um impulso para a liberdade. Manifesta-se
às vezes como um alegre convite para "subir um degrau acima". Este
impulso interno tem sido chamado "o descontentamento divino", que
incita ao espírito conquistador a seguir adiante, para cima e para sempre. Este
impulso é também responsável por nosso progresso no caminho espiral da
evolução. Veja letra do hino ao signo de Àries, signo que representa o começo
de um novo ciclo. (aqui)
Provavelmente não há maneira melhor de determinar até onde chegou
alguém no caminho espiritual, do que considerando o grau de sua aspiração à
liberdade, indicado pelo zelo com que se esforça em sua vida diária a fim de
alcançar tal liberdade.
Mas aqui necessitamos decidir exatamente o que queremos dizer com a
palavra liberdade. Liberdade de que ou para que? É uma interrogação lógica.
Existem dois pontos de vista principais que podemos usar para obter uma
perspectiva satisfatória deste polêmico tema.
Em primeiro lugar está o conceito comumente aceito de liberdade:
liberação de fatores externos, tais como um governo ditatorial, uma igreja
dominante ou condições sociais escravizantes, de tal modo que o indivíduo possa
viver em liberdade de adorar como lhe aprouver, de falar e de escrever
livremente sem temor de intimidação e perseguição, de trabalhar em local de sua
escolha, sob condições convenientes ao seu próprio respeito e à sua boa saúde;
de votar e ser votado para participar num governo "do povo, pelo povo e
para o povo". A luta da humanidade em prol destas liberdades tem chamado
a atenção de pensadores avançados e escrito páginas da história durante os
séculos passados e ainda prossegue nos dias de hoje, aliás de forma mais
intensa devido à aproximação da Era de Aquário, como bem o sabemos.
Enfim, esta "alegria gloriosa"- a da conquista da liberdade - uma
vez provada, não é fácil de ser esquecida. Na perseguição dela, o homem entra
na vida ativa, a vida na qual o ser humano é incentivado a demonstrar o que
sabe, ao por em uso cada uma das faculdades que possui, recusando a tranquilidade
física e mental, mediante a qual pode ser reduzido à escravidão. Os homens do
mundo que aceitaram este desafio no passado, são os que hoje estão na vanguarda
da civilização, porque é óbvio que a causa da liberdade se identifica com a
causa do progresso do Espírito humano.
Mas para um espiritualista há um segundo ponto de vista ao se considerar
a liberdade: um ponto de vista interno, ligado à liberação do homem às ataduras
do eu inferior. É completamente desejável neste período de nossa evolução, que
cheguemos a ser livres da dominação externa, mas é também essencial que usemos
esta liberdade no interesse de todos. Portanto, é necessário que dominemos o
maior de todos inimigos: a personalidade, ou seja, o eu inferior. Para isto,
requer-se, em primeiro lugar, autoanálise e disciplina,
A tarefa da autoanálise é uma tarefa sutil. Sendo essencialmente
egoísta, a personalidade está destinada a obter e possuir coisas materiais,
poder e fama. Ela sugere toda classe de desculpas para auto justificar-se, e
lança mão de toda classe de recursos ao adotar uma atitude de falsa inocência
quando é acusada de ser responsável por condutas indesejáveis. Conduz-nos a
lançar a culpa a outros por qualquer coisa que seja má em nossa própria vida e
em nosso próprio mundo. Impulsiona-nos à vingança e à revanche contra aqueles a
quem culpamos por nossas dificuldades individuais e coletivas. Estimula
sentimentos cancerosos, tais como os ciúmes, a cobiça, a inveja, o ressentimento
e uma infinidade de outros mais.
Para nos ajudar a vencer estes nocivos dominadores de pensamento e de
sentimento, foi nos dado o exercício de retrospecção em primeiro lugar e outros
ainda complementares e subsequentes, como sabemos através do Cap. XVII do Conceito Rosacruz do Cosmos. (Veja aqui )
É uma vida disciplinada. Daí a palavra discípulo. Aliás os quatro
Evangelhos, escritos pelos discípulos de Cristo nos deixaram os sublimes
conceitos e preceitos espirituais que nos conduzem para frente e para cima continuamente.
No 8º capítulo do Evangelho de São João, Jesus Cristo usa duas frases
que enfatizam a ideia. No versículo 31 fala de "discípulos verdadeiros", (Jesus
dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra,
verdadeiramente sereis meus discípulos João 8:31) e logo no versículo 36, de
"livres verdadeiramente" (Se, pois, o
Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.João 8:36)
Como aspirantes do Cristianismo Esotérico não podemos nos contentar com
esforços periódicos ou esporádicos por viver segundo os ensinamentos de Jesus
Cristo. Deve haver uma disciplina diária, um esforço constante por "amar a
vossos inimigos, bendizer aos que os maldizem, fazer o bem aos que os aborrecem
e orar pelos que os usam malignamente".
Como Espíritos, nosso verdadeiro lugar está nos mundos celestes, e tão
logo aprendamos as lições desta escola da vida, levaremos à realidade um mundo
pacífico no qual a Fraternidade Universal seja um fato e mais rápido nos
livraremos da cruz de nossos corpos. Este deve ter sido o tipo de liberdade que
Emerson tinha em mente quando disse: "Meu anjo, seu nome é Liberdade, me
escolheu para ser vosso rei; Ele abrirá caminhos no oriente e no ocidente, e os
protegerá com sua asa".
Sintetizado de um artigo com mesmo título da revista Serviço Rosacruz, agosto 1988
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