A Águia é uma ave que chega a viver até 70 anos. Mas, para alcançar essa idade, ela tem de tomar uma séria decisão por volta dos 40 anos. É uma fase em que está com as unhas compridas e flexíveis e já não consegue caçar, em que seu bico alongado e pontiagudo está curvo, em que suas asas estão apontando contra o peito, envelhecidas e pesadas por causa da grossura das penas, e em que voar está se tornando uma tarefa difícil. Então, a águia tem apenas duas opções: morrer ou enfrentar um dolorido processo de renovação que durará 150 dias.
Esse processo consiste em voar para o alto de uma
montanha e recolher-se a um ninho próximo a um paredão rochoso, onde ela não
necessite voar. Tendo encontrado esse lugar, a águia começa a bater com o bico
contra a rocha até conseguir arranca-lo, espera nascer um novo bico com o qual
vai depois arrancar as unhas. E, quando as unhas novas começam a nascer, ela se
põe a arrancar as velhas penas. Somente depois de cinco meses, sai para seu
famoso vôo de vitória. E poderá, então, viver mais 30 anos.
Em nossa vida, muitas vezes temos de resguardar-nos
por algum tempo e começar um processo semelhante. Para o nosso voo de vitória,
devemos despreender-nos de lembranças, costumes e tradições que nos causaram dor.
Apenas quando nos livramos do peso do passado é que podemos aproveitar o
valioso resultado que a auto-renovação sempre traz.
Essa auto-renovação ou
re-generação ou mesmo renascimento é uma verdade cósmica evidenciada pela
analogia em todos os reinos e ensinada por aqueles que puderem comprovar-Ihe
diretamente a realidade
O renascimento do
espírito na matéria com o propósito de adquirir experiências e expandir a
consciência era admitido pelas Escolas de Mistérios e por várias religiões da
antiguidade. Nas lendas e mitologias de diversos povos encontramos alusões ao
fato, sendo que, em muitas delas, uma ave representa o espírito sequioso de
evolução.
Assim, encontramos a
Fênix, uma ave mitológica que vivia cerca de 500 anos e depois se queimava,
renascendo das cinzas, continuamente. É um símbolo do espírito, que renasce
para a escola da vida de tempos em tempos, trazendo as cinzas das experiências
passadas como consciência cada vez mais ampla.
O místico símbolo de
Escorpião é representado no seu aspecto positivo pela águia, elevada aos céus
depois de haver rastejado como escorpião nos apegos materiais. Em
"Parsifal" e "Lohengrin", dramas musicados por Wagner, o
cisne é que representa essa ideia.
No Batismo do Jordão,
uma centelha do Cristo Cósmico desceu para habitar o corpo de Jesus, na forma
de uma pomba, símbolo do Espírito Santo.
Alguns pretendem
contestar as verdades divulgadas pelo Cristianismo Esotérico, argumentando não
ter sido o renascimento ensinado nos Evangelhos.
Ora, o renascimento
não foi ensinado publicamente mas simbolicamente em o Novo Testamento. Isso já
estava previsto. As Hierarquias Espirituais previam uma fase de conquista do
mundo material, o que só seria possível mediante o desconhecimento de que o
espírito renasce sucessivas vezes na matéria. Era necessário a aceitação de uma
só vida como única realidade para que todos os esforços se concentrassem em
realizações materiais.
O Cristo, entretanto,
por meio de parábolas fez alusões aos grandes mistérios, só entendidos pelos
discípulos mais chegados. Na passagem da visita de Nicodemos e na do cego de
nascença percebe-se que o Mestre referia-se ao renascimento.
A Bíblia contémextraordinários ensinamentos ocultos os quais só poderão ser notados em seu
sentido alegórico. Analisados literalmente tornam-se apenas um código moral.
Nada mais que isso.
Fonte: ECOS e Revista Serviço Rosacruz, julho 1984
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