Do alto da janela do meu quarto vejo os quintais da vizinhança.
São retângulos bem demarcados, alguns com limites de vidros pontiagudos,
agressivos. Em cada muro terminam e começam os direitos de propriedade...
Tenho pensado nesses muros. Afinal são necessários. Como as
demais coisas que existem na sociedade humana atual, eles exprimem uma condição
e uma necessidade interna.
Recibos, contratos, fechaduras, são outros limites visíveis.
E há os invisíveis muros das limitações internas, dos egoísmos,
das ambições. Estes são os mais importantes, se bem invisíveis, porque
originaram aqueles.
Desde que me conheço por gente tenho ouvido falar de limites.
Limites do Estado e do País em que nasci; limites de capacidade; limites de
tudo, menos de Deus que é ilimitado.
Afinal, tudo o que evolui tem limites porque a verdade absoluta
está além dos horizontes das verdades relativas que se vão alcançando...
Mas pelo menos, quando reconhecemos os limites de nossas
faculdades e as procuramos dilatar, não estamos invadindo direitos de ninguém. No
corpo de Deus todos estamos em expansão constante e como Filhos e Herdeiros
Seus, só ferimos Seus direitos quando os reclamamos para nós. Tudo Ali é
conquista de algo mais para atender às nossas legítimas necessidades e servir os
demais. Mas aqui, tudo é conquista de
mais, para servir-SE.
Aí está a diferença fundamental entre os limites de consciência
e os humanos...
Ajuda-me, Senhor, para que eu possa derrubar os muros invisíveis
do egoísmo que me cerceia e apequena; só assim poderei alargar os limites de
minha consciência, de meu amor e de meu entendimento em busca do ilimitado que
és TU.
Publicado na revista Serviço Rosacruz, fev.,1966
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